O Martirológio Romano traz a seguinte entrada neste dia: “Em Barcelona, na Espanha, Santa Eulália, virgem que, sob o imperador Diocleciano, aturou cavalete, garras de ferro e queimaduras de fogo. Depois foi pregada numa cruz, onde recebeu o glorioso laurel do martírio”.

Essa mártir que, segundo a tradição, sofreu o martírio neste dia do ano de 304, é a patrona da catedral de Barcelona, e também dos marinheiros. As Atas de sua vida e martírio foram copiadas já no século XII com elegante concisão pelo renomado eclesiástico, Renallus Gramaticus, baseado na principal fonte histórica que temos, que é um hino em latim, de meados do século VII, pelo bispo Quiricus, de Barcelona, amigo e correspondente de Santo Ildefonso de Toledo.

Segundo essas Atas, Eulália pertencia a uma família genuinamente cristã, inimiga da vaidade e dos divertimentos, que procurava agradar só a Deus.

No ano 304, Maximiano, que compartilhava com Diocleciano o título de Imperador, começou crudelíssima perseguição aos cristãos na parte do Império que lhe cabia.

Assim, quando seu decreto chegou à Espanha, foi violentamente posto em prática em Barcelona, com implacável perseguição aos cristãos.

Ora, Eulália, então com 14 anos, ardia em desejo de oferecer a Jesus Cristo o sacrifício de sua vida. Mas seus pais, para não a expor ao perigo, a esconderam numa propriedade longe da cidade. Isso foi inútil, pois Eulália conseguiu fugir e chegar em Barcelona. Apresentou-se então no palácio do juiz, onde pediu para ver o executor das ordens imperiais.

Diante dele, invectivou-o energicamente por causa de sua idolatria e  crueldade. Este, pasmo de ver tanta coragem em tão pouca idade tentou, pela simpatia, conquistar a adolescente para a religião oficial. Para isso, deu-lhe um turíbulo para incensar as imagens das divindades pagãs, e sair livre.

A virgem atirou para longe o turíbulo, negando-se a esse ato de idolatria. O que foi suficiente para ela ser entregue à tortura, como está descrito no Martirológio Romano.

Santa Eulália morreu no ano de 304, e o poeta Prudêncio, que narra seu martírio, diz que, no momento da morte da donzela, o próprio algoz viu sua alma subir ao céu em forma de pomba.

Seus restos mortais foram sepultados na igreja de Santa Maria de las Arenas, em Barcelona. No ano 713, durante a invasão dos mouros, ele foi escondido, e só recuperado em 878. Em 1339, foram recolocados num escrínio de alabastro na cripta da recém construída Catedral de Santa Eulália.

São Gregório de Tours (538-594) conta que, no adro dessa igreja, existiam três árvores que, no dia da festa de Santa Eulália, cobriam-se de flores aromáticas. E que estas, aplicadas aos doentes, curavam-nos das enfermidades.

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