- Jorge V. Saidl
Ao desembarcar no Aeroporto de Vilnius, capital da Lituânia, o passageiro logo se depara, no local da saída, com um cartaz luminoso [foto]: “Seja corajoso como a Ucrânia!”
De acordo com o “Instytut Europy Środkowej” da Polônia, “a Lituânia tem sido um dos países líderes em termos de apoio à Ucrânia desde o início da invasão russa. É mensurável, contado em centenas de milhões de euros, a ajuda militar, humanitária e financeira prestada a um estado dilacerado pela guerra e aos refugiados que fogem dela”.
A fonte polonesa faz ainda notar que “há também uma voz lituana na arena internacional contra o agressor, expressa na redução dos laços diplomáticos, comerciais e energéticos com a Rússia”.
Talvez, entretanto, não seja inapropriado dizer que a Lituânia é o país que está na frente de todos os demais em matéria apoio ao povo ucraniano, levando-se em conta o seu tamanho (65.300 km2) e sua população (2,8 milhões de habitantes), tendo tomado sempre uma atitude clara e firme contra a brutal agressão russa.
Cerca de 50% dos lituanos doaram dinheiro ou encontraram outras maneiras de ajudar a Ucrânia, de acordo com uma pesquisa do Baltic News Service.
“O apoio vem desde as crianças pequenas desenhando pinturas sobre a Ucrânia até as velhas avós tricotando meias quentes para pessoas que fogem do conflito”, comenta um órgão de imprensa. Órgãos públicos, empresas, artistas têm ajudado de diversas formas o país agredido.
A lista de iniciativas de apoio é vasta. Descrevê-las todas alongaria por demais este artigo. Uma coisa interessante de notar é como, no meio de ajudas concretas tem também entrado criatividade:
Assim, logo ao início do conflito, a prefeitura de Vilnius mudou o nome da rua da embaixada russa para “Rua dos Heróis da Ucrânia”, e fez notar que se daí por diante alguém mandasse uma correspondência para dita representação diplomática com o nome do logradouro antigo, esta voltaria por se tratar de endereço inexistente.
O presidente da Câmara de vereadores de Vilnius pintou com muita profissionalidade no leito da rua em frente à embaixada russa, em letras bem visíveis, a mensagem “Putin, Haia está à tua espera”. O político justificou o ato inusitado dizendo que se tratava de “uma mensagem de paz” e de uma “manifestação artística”.
O lago próximo à representação diplomática russa foi tingido de vermelho.
Na estação ferroviária de Vilnius foram colocados, na altura das janelas dos trens russos que passam por ali, grandes posters exibindo as atrocidades da guerra.
Quanto à acolhida dos refugiados, esta é notável. Estes, por sua parte, não chegam com mentalidade aproveitadora, mas procuram e encontram logo emprego para si e escola para seus filhos.
Natascha é uma enfermeira que logo ao chegar encontrou emprego numa instituição de saúde de Šiauliai. É um exemplo. Muito simpática e querida pelos colegas e pacientes, em poucos meses aprendeu o difícil idioma lituano. Como outros de seus conterrâneos, ela não se esquece de sua pátria, que espera ver em breve liberta com a ajuda de Nossa Senhora de Zarvanica, padroeira da Ucrânia, e de São Miguel [fotos], patrono da capital, Kiev.