Carta de D. Bosco ao Imperador da Áustria e as alianças do Brasil

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Comemoramos hoje a festa do grande educador Dom Bosco.

Especialmente voltado ao apostolado com jovens, sobretudo do povo, esse grande santo do século de Pio IX teve “sonhos” dos quais também se servia para a formação em seus Oratórios.

Há um documento histórico da maior importância, a carta de Dom Bosco ao Imperador da Áustria, Francisco José. Esse será o tema de nosso artigo. A nossa missão no Brasil de 2023 também será abordada.

Dom Bosco escreve ao Imperador da Áustria

Em 24 de maio de 1873 Dom Bosco enviou uma Carta a Francisco José, Imperador da Áustria, com importantes estratégias geo-políticas, se diria hoje. Trata, evidentemente, sob a ótica da Fé.

Dom Bosco, Francisco José e as alianças do Brasil

Antes de transcrevê-la vamos introduzir o leitor no “quadro” histórico da época. Vejamos os comentários do Prof. Plinio para um grupo de jovens em 1981.

Introdução histórica: Áustria no século de D. Bosco

“Quando Napoleão atacou a Áustria, esta se defendeu. Mas ela estava encharcada [do espírito revolucionário]- como toda Europa – e se defendeu de um modo incompleto, sendo surrada violentamente. Como a Prússia, aliás, também foi, a Rússia e todo mundo foi surrado.

“Depois veio o Tratado de Viena, 1814, que consagrou a extinção do Sacro Império Romano Alemão, e ficou a Áustria.

“A Alemanha liderada por Bismarck deu no que sabemos: parte de seu povo ficou com mentalidade industrial, mecanizado, “ploc-ploc” [espírito geométrico, n.d.c.]. Ou seja, transformou-se em matéria prima para a tentativa de Hitler fazer o que bem entendeu…

A Áustria ficou com qual missão? Não é como habitualmente se apresenta nos manuais de História. A Revolução, para conquistar a Europa, tinha que conquistar os Balcãs e aquela parte da Europa Central que ainda não estava inteiramente civilizada. Os Balcãs tinham sido até há pouco domínio turco e a Revolução tinha que industrializar os Balcãs para alterar a mentalidade deles e ela mesma dominá-los.

“A Hungria estava muito incompletamente adaptada à civilização moderna, a Tchecoslováquia também.

“Viena se transformou num centro bancário enorme que estendeu as redes da finança por toda aquela zona, engajando no regime de banco, de finanças e no regime moderno a economia agrícola, rural, pastoril e primitiva daqueles povos. E espalhando o que se chama “progresso” por aquela região toda para ali entrar a Revolução.

Viena, de capital da Fé, para propulsora da Revolução

“De maneira que ela que fora a capital da expansão da Fé, que tinha a representação, as lembranças, as joias de Carlos Magno, tudo isso Viena deixou de ser isso para ser a Viena da finança, a Viena do “progresso”, a Viena da Revolução. E só lhe foi tolerada alguma grandeza, pela Revolução, na medida em que Viena servia de escrava para a Revolução.

Até que ponto a Providência permitiu isso, com os braços cruzados? Até que ponto a Providência tentou repor a Áustria no seu verdadeiro caminho?

A Carta de Dom Bosco indicou o caminho certo

“Então a recomendação para ele [Francisco José] era nesse sentido: procurar ser aliado da França, aliado da Espanha; cuidado com a Prússia, cuidado com a Rússia. Sem atacar, não se deixar envolver. E que ele tomasse a liderança da luta pela causa católica na Europa inteira, a começar dentro da Áustria. Punisse os maus e apoiasse os que fossem de acordo com a Igreja Católica. Quer dizer, fazer a Contra-Revolução.

“Deus lhe prometia, por meio de São João Bosco, que ficaria ao lado dele e levaria o poder da Casa da Áustria ao maior esplendor.

“De maneira que antes da casa ruir, antes da flor fenecer, antes da fruta cair do tronco, Deus ainda se voltou afável e disse: Eu que sou Onipotente não quero colher-te, nem imolar-te antes de te dar essa possibilidade. Vem e basta que tu Me ames e que tu executes tua tarefa natural – porque era bem a tarefa dela naquele tempo –e eu me esqueço de todo o passado, vencerei na Europa pela força do teu braço. Convido o teu braço, tua espada, tua glória, o nome da tua família, o teu sangue, a se pôr a serviço dessa causa. Vamos, Meu filho e anda!

A recusa de Francisco José e a cascata de desgraças

Continua o Prof. Plinio: “E Francisco José não fez nada. O resultado foi a série de desastres que se abateram sobre a Áustria e sobre a casa dele. Os senhores conhecem todas aquelas coisas: a atitude da imperatriz que se separou dele, que levou a uma vida errante, sem destino, pela Áustria afora, acabou sendo assassinada por um anarquista italiano na Suíça. Como teria sido fácil à Providência evitar isto. Aliás para Deus tudo é fácil, o que não é fácil para Ele?”

“Os senhores conhecem o drama de Mayerling com o filho de Francisco José. Os senhores conhecem o drama de Saravejo com o [assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando] herdeiro do trono. Os senhores conhecem toda a tragédia da destituição da monarquia na Áustria, do imperador Carlos que morreu de tuberculose na ilha da Madeira, no exílio, na pobreza, em condições tristíssimas, sendo que ninguém o socorreu. Os srs. conhecem todo o resto dessa história.

“História tristíssima e que levou imbecis – aliás, os imbecis são sempre muitos… – muita gente disse que havia uma espécie de fatalidade que pesava sobre a Casa d’Áustria e a estrangulava. E mais ou menos dando a entender que Deus já não amava a velha Casa d’Áustria e a entregava ao demônio para fazer dela o que quisesse. Um pouco havia de razão, porque depois desta prova de amor da Divina Providência, a recusa, o que significa?…” (1)

***

Feita essa introdução histórica fica mais fácil compreender o alcance da Carta de Dom Bosco ao Imperador Francisco José.

Dom Bosco tinha fama de santidade e o documento “foi menosprezado por Francisco José”. “O famoso revolucionário italiano Cavour, por exemplo, fingia-se de amigo de São João Bosco e se alegrava de fingir-se tal.”

“O Imperador de Áustria, nos seus 40 anos, receber uma carta dessas e não dar importância…”, conclui o Prof. Plinio.

A Carta de Dom Bosco ao Imperador

“Isto diz o Senhor ao Imperador da Áustria:

“Cobra ânimo: zela por meus servos fiéis e por ti mesmo.
“Minha ira está para estalar sobre todas as nações da Terra, porque se quer fazer olvidar minha Lei e levar em triunfo os que a profanam, oprimir os que a observam.

“Queres tu ser a vara de meu poder?

“Queres cumprir minhas vontades arcanas e tornar-te benfeitor da humanidade?

“Apoia-te nas nações do Norte, mas não na Prússia.

“Estreita relações com a Rússia, mas não faças nenhuma aliança com ela.

“Associa-te à França católica. Atrás da França virá a Espanha.

“Formai um só espírito, uma só ação.

“Sumo segredo com os inimigos de meu santo nome. Com prudência e com energia vos tornareis invencíveis.

“Não acredites nas mentiras dos que te dizem o contrário.

“Não pactues com os inimigos do Crucificado.

“Espera e confia em mim, que sou Quem dá as vitórias aos exércitos, o salvador dos povos e dos soberanos”.

Amém. Amém. (2)

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E as Alianças do Brasil?

Quais deveriam ser as alianças do Brasil? Não se trata mais da doutrina Monroe, “América para americanos”. A América Latina foi esfacelada em sua Fé pela Teologia da Libertação (suporte de todas as esquerdas locais) pela ação da esquerda católica, pelo progressismo.

Do ponto de vista temporal a revolução sexual, a revolução cultural, a massificação, a globalização igualitária vão arrastando nosso Brasil para a vala comum das nações sem personalidade própria, sem cultura católica, joguete na garras da NOM.

Temos, graças a Deus, uma grande reação conservadora que se afirma por mais de uma década. Nem as “construções” sobre os atentados criminosos de 8 de janeiro conseguirão tirar dos conservadores católicos e dos cristãos em geral a sua Fé, sua convicção de que aTerra de Santa Cruz tem uma missão providencial de difundir os Valores Morais. O Brasil profundo, real, conservador é pacato, é ordeiro, segue a Lei. Portanto, punição aos criminosos.

Nosso fundamento é a Lei Natural, os Mandamentos da Lei de Deus que devem ser seguidos a nivel individual, regional, nacional. Eles são, segundo ensina Santo Agostinho os alicerces da Cidade de Deus.

***

Lendo e meditando sobre a Carta de Dom Bosco — as consequências de uma geo-política dirigida pela Áustria e orientada em defesa da Cristandade — , refletindo sobre a História de nosso amado Brasil que soube lutar e vencer mantendo sua integridade territorial, sua soberania desde as tentativas dos holandeses, dos franceses em construir enclaves em Pernambuco, no Rio de Janeiro, no Maranhão (século XVII), voltamos nossos olhos para o século XXI, e melhor precisando, para 2023.

Que alianças está fazendo o governo Lula nas Américas? Aliança com Maduro, com Fernandez, com a ditadura Castro. São alianças ideológicas de esquerda. Elas são o contrário da vocação providencial do Brasil que vem despontando desde Anchieta, passando pelos heróis da Insurreição Pernambucana, por Caxias, pela Princesa Isabel. Dom Vital, os líderes da Independência, os bandeirantes, os desbravadores do hinterland … quantos outros poderiam ser citados. O Brasil se afirma, nesse século como potência agro, como exemplo de conservadorismo católico — tudo isso a esquerda quer destruir. https://www.pliniocorreadeoliveira.info/Cruzado0102.htm

É para essa vocação providencial que caminhamos. E a esquerda se volta contra os designios da Providência firmando pactos com os inimigos de Deus e da Pátria, as ditaduras socialistas da América Latina.

A Caravana do Instituto Plinio Correa de Oliveira está difundindo um atualíssimo opúsculo sobre a vocação do Brasil. É a nossa História de Fé, coragem, persistência que são transcritas nesse livreto. Abominada, detestada, silenciada pelos seguidores de Paulo Freire e da esquerda católica.

Esse ainda será um grande País! Brasileiros, confiemos em Nossa Senhora Aparecida, no Cristo Redentor.

O Brasil tem uma vocação providencial, depende de nós, confiemos e lutemos pela Terra de Santa Cruz!

(1) https://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_SD_811230_carta_Sao_Joao_Bosco_a_Francisco_Jose.htm

(2) Archivio Salesiano Centrale, Roma, (AS S132 Sogni 1). Fotocopia del manoscritto di Don Gioacchino Berto segretario, con postille marginali autografe di San Giovanni Bosco, descritto e trascritto da Don Angelo Amadei nel vol. X delle Memorie Biografiche.

A Primeira Grande Guerra, foi iniciada após o assassinato do arquiduque Francisco Fernando (sobrinho do imperador “Francisco José I”) no 28 de junho de 1914. O assassino foi “Gavrilo Princip”, membro da sociedade secreta – Mão Negra – ligada à maçonaria.

Infelizmente, por algum motivo desconhecido, o imperador “Francisco José I” não obedeceu São João Bosco e aliou-se com a Prússia durante a Primeira Guerra, falecendo em 1916 durante a Primeira Guerra Mundial. https://apologistasdafecatolica.wordpress.com/2018/07/17/carta-de-sao-joao-bosco-ao-imperador-francisco-jose-i-do-imperio-austro-hungaro-24-de-maio-de-1873/

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