Convite à reflexão: a franqueza no apostolado

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Prosseguimos a transcrição do capítulo A CONFIRMAÇÃO PELO NOVO TESTAMENTO do livro escrito pelo Prof. Plinio (1943) Em Defesa da Ação Católica. Lembramos, essa obra foi prefaciada pele então núncio apostólico no Brasil, D. Aloisi Masella. Os Santos Evangelhos recomendam misericórdia e justiça. Não se pode adotar o silêncio e ocultar sempre ao pecador seu estado de transgressão da Lei de Deus.

Subterfúgios no apostolado?

É esta, entretanto, a conduta do cristão, cujo espírito santamente altivo não tolera subterfúgios nem sinuosidades em matéria de profissão de Fé. Como devemos fazer apostolado?


Com as armas da franqueza: “Mas seja vossa palavra: sim, sim; não, não; para que não caiais em condenação” (S. Tg. 5,12).
Sem que declaremos por palavras e atos nossa Fé, não estaremos fazendo apostolado, pois que estaremos ocultando a luz de Cristo que brilha em nós, e que de nosso interior deve transbordar para iluminar o mundo: “… a fim de serdes irrepreensíveis e sinceros filhos de Deus, sem culpa no meio de uma nação corrompida, onde vós brilhais como astros do mundo” (Fil. 2, 15).


De nada fujamos, de nada nos envergonhemos: “Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, e de caridade, e de
temperança. Portanto, não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas participa comigo dos trabalhos do Evangelho, segundo a virtude de Deus” (2 Tim. 1, 7- 8).
Nesta atitude há causas de atritos? Pouco importa. Devemos viver “lutando unânimes pela fé do Evangelho; e em nada tenhamos medo dos adversários, o que para eles é sinal de perdição, e para vós de salvação, e isto vem de Deus” (Fil. 1, 27-28).
Qualquer caridade que pretenda exercer-se em detrimento dessa regra é falsa: “O amor seja sem fingimento. Aborrecei o mal, aderi ao bem.” (1 Rom. 12, 9).
Mais uma vez insistimos: se houver quem fuja diante da austeridade da Igreja, fuja, porque não é do número dos eleitos.
“Porque Cristo não me enviou a batizar, mas a pregar o Evangelho, não com a sabedoria das palavras, para que não se torne inútil a cruz de Cristo. Porque a palavra da cruz é uma loucura para os que se perdem, mas, para os que se salvam, isto é, para nós, é a virtude de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e reprovarei a prudência dos prudentes. Onde está o sábio? Onde o doutor? Onde o indagador deste século? Porventura não convenceu Deus de loucura a sabedoria deste mundo? Porque, como ante a sabedoria de Deus não conheceu o mundo a Deus pela sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes por meio da loucura da pregação. Porque os judeus exigem milagres, e os gregos procuram a sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gentios, mas, para os que são chamados (à salvação) quer dos judeus, quer dos gregos, é Cristo virtude de Deus, e sabedoria de Deus” (1, Cor. 1, 17-24).
É duro agir sempre assim. Mas um ânimo varonil, sustentado pela graça, tudo pode: “Vigiai, permanecei firmes na fé, portai-vos varonilmente” (1 Cor. 16, 13).
E, por outro lado, os que não querem lutar devem renunciar à vida de católicos, que é uma luta sem cessar, como adverte minuciosa e insistentemente o Apóstolo: “De r esto, irmãos, fortalecei-vos no Senhor e no poder da sua virtude. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Porque nós não temos que lutar (somente) contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra os espíritos malignos (espalhados) pelos ares. Portanto, tomai a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e ficar de pé depois de ter vencido tudo. Estai, pois, firmes tendo cingido os vossos rins com a verdade, e vestido a couraça da justiça, e tendo os pés calçados para ir anunciar o Evangelho da paz; sobretudo tomai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do maligno; tomai também o elmo da salvação e a espada do espírito, que é a palavra de Deus; orando continuamente em espírito com toda a sorte de orações e súplicas, e vigiando nisto mesmo com toda a perseverança, rogando por todos os santos, e por mim, para que me seja dado abrir a minha boca e pregar com liberdade o mistério do Evangelho do qual eu, mesmo com algemas, sou embaixador, e para que eu fale corajosamente dele, como devo” (Efes, 6,10-20).
Não é outra a doutrina que se contém neste fato da vida do Divino Salvador: “Responderam então os Judeus, e disseram-lhe: Não dizemos nós com razão que tu és um Samaritano, e que tens demônio? Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; mas honro o meu Pai e vós a mim me desonrastes. E eu não busco a minha glória; há quem tome cuidado dela, e quem fará justiça. Em verdade, em verdade vos digo: quem guardar a minha palavra, não verá a morte eternamente.
“Disseram-lhe pois os Judeus: Agora reconhecemos, que estás possesso do demônio. Abraão morreu e os profetas, e tu dizes: Quem guardar a minha palavra, não provará a morte eternamente. Porventura és maior do que nosso pai Abraão que morreu? E os profetas também morreram. Que pretendes tu ser? – Jesus respondeu: Se eu me glorifico a mim mesmo, não é nada a minha glória; meu Pai é que me glorifica, aquele que vós dizeis que é vosso Deus. Mas vós não o conhecestes; eu sim conheço-o; e, se disser que o não conheço serei mentiroso como vós. Mas conheço-o, e guardo a sua palavra. Abraão, vosso pai, suspirou por ver o meu dia; viu-o e ficou cheio de gozo. Disseram-lhe por isso, os Judeus: Tu ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?
Disse-lhes Jesus; em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão fosse feito, eu sou. “Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus encobriu-se, e saiu do templo” (S.João, VIII, 48 a 59).
E não só de possesso como ainda de blasfemo foi N. S. acusado: “Então os Judeus pegaram em pedras para lhe atirarem. Jesus disse-lhes: Tenho-vos mostrado muitas obras boas (que fiz) por virtude de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais? Responderam-lhe os Judeus: Não é por causa de nenhuma obra boa que te apedrejamos, mas pela blasfêmia, e porque tu, sendo homem, te fazes Deus” (S. João, X, 31 a33).

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