São João José da Cruz nasceu no dia da Assunção do ano de 1654, em Ischia, na ilha desse nome, que fazia parte do reino de Nápoles. De família nobre, foi batizado no mesmo dia de seu nascimento com o nome de Carlos Caetano. Dos seus vários irmãos, cinco se consagraram ao serviço de Deus.
O menino distinguiu-se desde cedo por sua piedade precoce. Com efeito, Carlos tinha uma inclinação maravilhosa para o silêncio, o retiro, e a prece. Já em sua infância escolheu um quarto no recanto mais retirado da casa paterna, no qual colocou um pequeno altar em honra da Santíssima Virgem, e onde se retirava a maior parte do dia.
Quando, por motivo de estudos, tinha que se juntar a outros jovens, ele evitava cuidadosamente os díscolos e os impuros, temendo manchar sua inocência. E procurava levar os outros a ter horror ao pecado, e a evitá-lo com empenho. A preguiça, a superficialidade, a vaidade e a mentira, mesmo nas coisas menos importantes eram, a seus olhos, faltas dignas de severa repreensão. Seu amor aos pobres era sem limites.
Aos dezesseis anos Carlos Caetano pediu admissão no convento dos Franciscanos reformados por São Pedro de Alcântara. Nele fez tão rápidos progressos que, aos 19 anos os superiores o enviaram para dirigir um convento em Piedimonte di Afile, aos pés dos Apeninos.
Como superior o Santo exigia dos seus súditos muito silêncio, o recolhimento mais profundo, e uma submissão exata às ordens dos superiores. Queria que recitassem o Ofício Divino com toda a atenção e solenidade, por respeito ao Deus Nosso Senhor que se louvava.
Recebendo a ordenação sacerdotal, foi encarregado de ouvir confissões, deixando então constatar-se sua ciência teológica e a experiência na vida espiritual que ele havia adquirido na escola de São Boaventura, São Tomás d’Aquino, Santa Teresa d’Ávila, e na contemplação de Jesus crucificado.
São João José erigiu no terreno de seu convento cinco pequenas ermidas, nas quais os irmãos podiam se isolar para dedicar-se à oração e à contemplação.
Aos vinte e quatro anos de idade foi escolhido para Mestre de Noviços. Procurava então levar seus dirigidos a terem um ardente amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, um grande desejo de imitá-lo, e uma devoção terna e filial à Santíssima Virgem.
Nesse tempo os religiosos de São Pedro de Alcântara da Espanha tiveram uma dissensão com os da Itália, e obtiveram da Santa Sé de deles se separar. Os cardeais pensaram então em suprimir o ramo italiano. Entretanto São João José defendeu com tanta eloquência sua permanência, que os franciscanos recoletos da Itália foram erigidos numa província independente.
Em 1722 eles obtiveram o mosteiro de Santa Luzia, em Nápoles. Foi lá que o Santo se retirou, e onde ficaria até o fim de seus dias, para edificação de seus irmãos de hábito.
O santo tinha a virtude da fé no grau mais elevado, e dela provinha, como de uma fonte, um grande zelo para instruir os ignorantes nos mistérios da religião, força, fervor, e prodigiosa claridade com as quais expunha os sublimes dogmas da Trindade e da Encarnação, da predestinação e da graça; possuía também o dom de acalmar as apreensões, e de apaziguar as dúvidas relativas à fé. E, por fim, o mesmo espírito de caridade que o fazia tomar sobre si mesmo as doenças dos outros, o levava também a se encarregar de suas penas espirituais.
Enfim, São João José da Cruz entregou sua bela alma a Deus no dia 5 de março de 1734.
Conta-se que, no mesmo instante de sua morte, o Duque de Monte-Lione, estando em sua casa, viu surgir o Pe. João José todo envolto em luz, que lhe disse: “Eu estou na bem-aventurança”.
São João José da Cruz foi beatificado em 1789, e canonizado pelo papa Gregório XVI em 1839. Suas relíquias foram transferidas para o convento franciscano da ilha de Ischia, onde nasceu e é venerado neste dia. Dele diz o Martirológio Romano neste dia: “Em Nápoles, na Campânia, o sepultamento de São João José da Cruz, sacerdote da Ordem dos Menores, confessor, que competiu na virtude com São Francisco de Assis e São Pedro de Alcântara, e deu à Ordem Seráfica um esplendor extraordinário”.