Ainstituição familiar está agonizando em quase todo o mundo. O número de divórcios e de uniões efêmeras ou sem vínculo matrimonial cresce assustadoramente em todo o mundo. Mas há algumas salutares exceções: a Hungria, a Estônia e a Letônia, onde as taxas de casamento ainda se mantêm.
Segundo a Marriage Foundation do Reino Unido, “a Hungria agora tem as taxas de casamento mais altas da Europa, resultado de uma década de políticas favoráveis à família, destinadas principalmente a incentivar o aumento da fertilidade”. Explica essa fundação que entre as medidas para isso, “certos empréstimos subsidiados do governo podem ser concedidos ou totalmente dispensados para quem tem até três filhos, mas somente se os pais forem casados”.
A consequência disso é que, enquanto no resto da Europa as taxas de casamento caíram em quase todos os países, na Hungria, como dissemos, o país passou do vigésimo oitavo lugar no número de casamentos em 2010 para o primeiro. É lamentável dizer que as maiores quedas ocorreram exatamente em países de população católica como Irlanda, Itália e Portugal, onde essas taxas caíram mais da metade, inclusive durante o confinamento decorrente da Covid 19.
Numa pesquisa feita na Hungria com mil pessoas, 97% delas afirmaram sua convicção de que o casamento é algo com o qual se trabalha “todos os dias”, e 83% consideram a importância de, para o bom funcionamento do casamento, os esposos compartilharem uma cosmovisão similar.
Ainda nesse país, seis em cada dez húngaros creem que os filhos completam o matrimônio e aumentam a felicidade dos cônjuges. Além do mais, 73% estão convencidos de que o casamento oferece também uma segurança emocional tanto para o homem quanto para a mulher.
Em outras palavras, isso está também expresso em uma investigação recolhida por Hungary Today: “Os húngaros creem que a base de um matrimônio que funcione bem deve ser a aceitação e respeito (mútuo), a boa comunicação, o tempo de qualidade que
[os esposos]
passam juntos, o afeto, a vontade de compromisso, o amor, o sentido de humor, a divisão do trabalho e um conjunto de valores compartido”.
A consequência da estabilidade no matrimônio reflete-se no fato de que atualmente quase 75% das crianças nascidas na Hungria vêm de pais casados. Há dez anos essa cifra era em torno de 50%. Outra consequência das medidas conservadoras do governo em relação à família está na queda do número de divórcios, chegando à cifra de sessenta anos atrás. Para se ter uma ideia do que isso significa, em Portugal, de cada cem uniões, setenta acabam em divórcio, o que se dá também, um pouco mais um pouco menos, em outros países da Europa, como a Dinamarca (68,5%), o Luxemburgo (67,5%), a República Checa (64%), a Espanha (61,8%), segundo cifras de 2018.
Isso fez com que, segundo a ministra de famílias da Hungria, Katalin Novak (foto), desde 2014 houve um acréscimo de matrimônios em quase 72%, com os divórcios caindo drasticamente, algo análogo se dando com o número de abortos, que caiu para um terço.
Segundo Novak, isso se deve sobretudo às bonificações e incentivos introduzidos desde 2015, como o empréstimo sem juros de até 30 mil euros para cada casal em que a mulher tenha entre 18 e 40 anos. A garantia desse empréstimo para os novos casamentos é de 100%, e se um casal tiver três filhos ou mais, o pagamento do empréstimo pode ser adiado ou cancelado.
O “Plano de Ação para a Proteção da Família”, implantado em 2019, dispõe que as mulheres com quatro filhos ou mais ficam isentas de pagar o imposto IRPF, tendo novas facilidades para o acesso à moradia, ajuda para a compra de carro para famílias numerosas, além de o governo incentivar os avós a auxiliarem na criação dos netos. Isso tudo se os pais forem casados, como dissemos.
É preciso também dizer que nesse país conservador os políticos em geral apoiam ativamente o casamento, e que a última reforma constitucional blindou o matrimônio tradicional impedindo a adoção de crianças por pares homossexuais e declarando ser ele uma instituição “entre um homem e uma mulher”.
Esse exemplo, que deveria ser imitado por outros países pelo menos para conter o decréscimo assustador da população, infelizmente não é seguido. Pois o todo-poderoso governo da União Europeia faz o contrário: isto é, ameaça com restrições os países que trabalham nesse sentido, como a Hungria e a Polônia.
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Fontes:
-https://marriagefoundation.org.uk/research/marriage-we-need-to-talk-about-hungary/
“Casamento” homossexual, Aborto, Conservadorismo, Divórcio, Família, Hungria