“Se alguém me pedisse para indicar um apóstolo-tipo para nossos tempos, eu responderia sem vacilação, mencionando o nome de um missionário”… falecido há três séculos!, comentou o Prof. Plinio no jornal Catolicismo, em 1955. Em 2023, certamente ele aconselharia o mesmo Doutor Marial por excelência para resgatar o Brasil e o Ocidente de seu pecado.
“E, dando tão desconcertante resposta, teria a sensação de estar fazendo algo de perfeitamente natural. Pois certos homens, colocados na linha do profético, estão acima das circunstâncias temporais.”
Um resumo sobre a Revolução universal
Considerando os fatos do ponto de vista do Santo Padre Leão XIII na Encíclica “Parvenu à la 25ème Année”, “a Revolução Francesa foi uma conseqüência do protestantismo. E por sua vez produziu o comunismo. Ao igualitarismo e liberalismo religioso do frade apóstata de Witemberg, sucedeu o igualitarismo e liberalismo político-social dos sonhadores, dos conspiradores e dos facínoras de 1789. E a este segue-se o igualitarismo totalitário, social e econômico, de Marx.”
O Prof. Plinio escreveu um adendo a seu livro Revolução e Contra-Revolução, em 1976, introduzindo, descrevendo e analisando a IV Revolução, tribalista, da qual vimos, no Sínodo da Amazônia, uma tentativa de a batizar em nome da Religião.
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“Um profeta aparece no curso da Revolução
“Ora, S. Luiz Grignion de Montfort foi, neste processus histórico, um verdadeiro profeta. No momento em que tantos espíritos ilustres se sentiam inteiramente tranqüilos quanto à situação da Igreja, embalados num otimismo displicente, tíbio, sistemático, ele sondou com olhar de águia as profundezas do presente, e predisse uma crise religiosa futura, em termos que fazem pensar nas desgraças que a Igreja sofreu durante a Revolução, isto é, a implantação do laicismo de Estado, o estabelecimento da “Igreja Constitucional”, a proscrição do culto católico, a adoração da deusa razão, o cativeiro e morte do Papa Pio VI, os massacres ou deportações de Sacerdotes e Religiosas, a introdução do divórcio, o confisco dos bens eclesiásticos, etc.. Mais ainda. Para alento e alegria nossa, o Santo profetizou uma grande e universal vitória da Religião Católica em dias vindouros.
Martelo da Revolução
Mas além de profeta, S. Luiz Grignion de Montfort foi missionário e guerreiro. Missionário, causticou ele implacavelmente o espírito neo-pagão, fazendo quanto podia para afastar o povo fiel do mundanismo e de tudo quanto constituía o mau espírito nascido da Renascença. A região evangelizada por ele foi tão profundamente imunizada contra o vírus da Revolução, que se levantou de armas na mão contra o governo republicano e anti-católico de Paris. Foi a Chouannerie. Se S. Luiz Grignion tivesse estendido sua ação missionária a toda a França, provavelmente teria sido outra a sua História, e a História do mundo.
Ora, porque não a evangelizou inteira?
Orador sacro eficientíssimo, pregava a palavra de Deus com um desassombro extraordinário. Isto lhe valeu o ódio, não só dos calvinistas, mas de uma das seitas mais detestáveis e mais influentes que até hoje tenham existido infiltradas na Igreja, isto é, os jansenistas. Seria longo enunciar as múltiplas e complexas razões por que o jansenismo, com suas aparências de austeridade embora, é legitimo produto da crise religiosa do século XVI. O certo é que esta seita, dispondo de deplorável influência sobre muitos fiéis, Sacerdotes e até Bispos, Arcebispos, Cardeais, seguia uma linha de pensamento e de ação nociva a toda restauração da vida religiosa, afastava as almas dos Sacramentos, e combatia vivamente a devoção a Nossa Senhora.
O Tratado da Verdadeira Devoção
São Luiz Grignion de Montfort, pelo contrário, tinha à SSma. Virgem a devoção mais ardente, e até compôs em louvor dela o “Tratado da Verdadeira Devoção”, que constitui hoje o fundamento mais forte de toda a piedade mariana profunda. De outro lado, por suas missões, aproximava o povo dos Sacramentos, afervorava-o no Rosário, em uma palavra fazia obra diametralmente oposta às intenções dos jansenistas.
Isto lhe trouxe, nos próprios meios católicos, uma perseguição aberta, que lhe valeu as maiores humilhações. Causa pasmo que, enquanto tantos Prelados, clérigos, e leigos, em nome da caridade se mostravam irritados ou apreensivos com a justa severidade da Santa Sé em relação aos jansenistas, não tivessem penalidades, atos de hostilidade, nem humilhações que bastassem contra S. Luiz Maria. Pode-se dizer que foi um dos Santos mais desprezados e humilhados que houve nestes vinte séculos de vida da Igreja. Por fim, só em duas Dioceses lhe foi permitido exercer seu ministério. Mas, novo Inácio de Loyola, sentindo com serenidade o ímpeto contra sua pessoa, dos vagalhões do ódio anti-católico disfarçado com ares de piedade, não se perturbou. E, humilhado até o fim, até o fim lutou.
Ora, este Santo extraordinário deixou uma prece admirável, contendo ensinamentos e luzes especiais para nossa época. É a que compôs pedindo Missionários para a sua Congregação. Neste mês de maio nos é útil lembrar a figura angélica deste sumo paladino da Virgem. No mês de junho, consagrado ao Coração de Jesus, pensamos expor e comentar sua admirável oração.
Nesta oração, como esperamos mostrar no próximo número, vê-se que para S. Luiz Maria seus tempos eram precursores de uma imensa crise que se estende até hoje, e irá até a instauração do Reino de Maria. E ele próprio se nos afigura como o modelo, a prefigura dos apóstolos suscitados para lutar nessa crise, e vencer a batalha por Maria Santíssima. É esta a sublime e profunda atualidade de S. Luiz Maria Grignion de Montfort para os apóstolos de nossos dias.
Tema de meditação fecundo neste mês em que a Santa Igreja celebrará pela primeira vez – no dia 31 – a festa tão grata às almas forte e profundamente piedosas, da Realeza de Maria.”
Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/1955_053_cat_doutor_profeta/#.ZEw8eXbMK3A