A procura do absoluto, remédio para as almas na era digital

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No último artigo tratamos da Sacralidade, uma das noções fundamentais de uma Civilização Católica.

Como vimos, a ideia de publicar um Manifesto que fosse a resposta da Contra-revolução aos erros modernos [leia-se Revolução] levou o Prof. Plinio e um grupo de amigos a se reunirem, desde a década de 1950. https://www.ipco.org.br/progressistas-e-tradicionalistas-em-face-da-sacralidade

“vem-nos à mente idéias de grandeza, esplendor, magnificência, majestade que nos elevam até Deus”

Hoje, damos continuidade abordando um atualissimo tema: a procura do absoluto.

A procura do absoluto é bem mais fácil e útil do que pode parecer à primeira vista. Pode até soar como montanha inacessível ao comum dos homens, uma penosa imersão no mundo da abstração. Veremos que não é assim.

A procura do absoluto é remédio para os males de nosso tempo, uma resposta ao Novo Normal (termo que caiu em desuso como se uma varinha mágica de uma má fada silenciasse toda a mídia alinhada), uma resposta às contínuas solicitações das mensagens de celulares, à preguiça mental, à agitação da vida moderna

A procura do absoluto é solução para uma humanidade escravizada à era digital; ela é acessível ao comum dos homens na vida civil. Ela não é privilégio apenas das Ordens Contemplativas ou de pessoas consagradas à Religião.

O “homem novo” de que nos fala São Paulo — nada tem a ver com o chamado Novo Normal — é voltado para o mundo transcendente, para a procura do absoluto.

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O Universo é obra de Suas Mãos

A finalidade do homem sobre a Terra consiste em conhecer, amar e servir a Deus a fim e ser premiado com a felicidade eterna. Veremos como a procura do absoluto nos encaminha para as coisas celestes.

A Criação, sendo obra de Deus, é razoável, lógico que o homem se sirva dela para chegar até Ele, conhecê-Lo e amá-Lo. Nisto está a procura do Absoluto. As criaturas, obras de Deus, estão constantemente ao nosso alcance e Deus quer que nos sirvamos delas, usemos delas para chegar até Ele.

Por isso diz a Escritura Sagrada: “Os céus narram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra de Suas Mãos” (Sl 18-2).

A procura do absoluto

Introduzindo, numa roda de amigos, o tema da procura do absoluto, comentou o Prof. Plinio, "Deus criou um universo magnífico para que contemplando a obra de Suas mãos, chegássemos até Ele. Criou o homem à sua imagem e semelhança, para que convivendo entre si, sabendo ver a graça agindo nas almas uns dos outros, tenham um meio mais excelente ainda para chegar até Ele."

O que é a procura do absoluto que está ao alcance de todos? Consiste em ver nas criaturas, que são obras de Deus, as perfeições do Criador.

Um exemplo esclarecedor

“Imaginemos um filho que não conhece o pai, mas sabe que o pai é uma personalidade riquíssima e a mais completa que se possa imaginar. O filho está preso. Um dia ele recebe em sua cela livros sobre os mais diversos assuntos escritos pelo pai, logo depois enviam-lhe obras de arte, tais como quadros e estátuas executadas por mão de gênio e lhe comunicam que aquelas peças também foram feitas por seu pai. Depois disso ele passa a amar muito mais o pai e a compreendê-lo melhor admirando suas obras.

“É o que Deus faz conosco. Ele criou um universo magnífico para que contemplando a obra de Suas mãos, chegássemos até Ele.”

Esse exemplo, dado pelo Prof. Plinio é muito didático e esclarecedor. Nós vamos amando a Deus (que não vemos) procurando as Suas perfeições na obra da Criação.

Graus de perfeição na Criação

Ensina São Boaventura:

"A Criação do mundo é como um livro no qual resplandece, manifesta-se e se lê a Trindade criadora em três graus de expressão, isto é, como vestígio, como imagem e como semelhança” (São Boaventura, Breviloquium, 2-12). https://www.ipco.org.br/elevar-se-ate-deus-atraves-das-coisas-criadas-sagrada-escritura-sao-tomas-sao-boaventura-ii

Temos os minerais, os seres vivos, entre os quais o homem, com alma racional, criado à imagem de semelhança de Deus. São os graus da criação visível. Como explica São Boaventura, a Criação é como um livro no qual resplandece, manifesta-se e se lê a Trindade criadora.

“Quando, por exemplo, consideramos o fenômeno do pôr do sol, vem-nos à mente idéias de grandeza, esplendor, magnificência, majestade que nos elevam até Deus. Estas idéias referem-se à virtudes de Deus. O pôr do sol não tem virtudes mas tem algo de simbólico pelo qual lembra essas virtudes de Deus. Este é o ponto fundamental da procura do absoluto.”

Procura do absoluto pelo lado negativo

“Podemos procurar o absoluto vendo também o lado negativo das coisas.” A arte moderna é um exemplo. Vejamos o “retrato” de Stalin pintado por Picasso, também ele um comunista.

“Os comunistas compreendem que um vasto sistema de idéias filosóficas, sociais e econômicas tem de dar necessariamente à arte um cunho próprio, que será bom ou mau conforme seja verdadeiro ou falso o sistema. E que o coletivismo [comunista] tem de produzir em arte uma atitude peculiar.”

Em outras palavras, os comunistas vêm o nexo entre a arte moderna e sua doutrina ateia. Seria o reverso da Criação feita por Deus.

Continua o Prof. Plinio: “Em “Ambientes, Costumes, Civilizações” [secção do jornal Catolicismo] temos procurado pôr em evidencia o mesmo princípio com relação ao Catolicismo. Nossa arte não pode ser a do comunismo, nem a do neopaganismo ocidental, pelo simples fato de que somos católicos.”

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Nossa arte deve estar em consonância com os princípios católicos, na verdadeira harmonia com as regras de perfeição.

Os comunistas, os progressistas, os cultuadores da Pachamama também são coerentes no mal e concebem um universo ao contrário das perfeições do Criador.

Santidade e majestade do Papado

Resumindo

O Prof. Plinio nos lembra que a Criação, sendo obra de Deus, reflete as Suas perfeições. Essas perfeições têm seus graus espelhados nos seres inanimados, nos seres vivos e, sobretudo, no homem, criado à imagem e semelhança de Deus. Assim, um Santo Pontífice, como foi São Pio X, nos lembra facilmente a bondade, a pureza, a sacralidade, a majestade do Papado.

Faz parte da vida espiritual conhecer e amar o Criador através de suas perfeições na Criação, como ensina São Boaventura. Nisso consiste a procura do absoluto.

A procura do absoluto se faz também pelo lado negativo, por exemplo, rejeitando a arte moderna que procura desfigurar as leis da beleza.

Por fim, a utilidade desse exercício espiritual num mundo globalizado, digital, massificante. Temos continuamente solicitações do celular, dos anúncios, da vida sem reflexão.

Nós, pelo contrário, temos que ter uma visão religiosa do universo. “A procura do Absoluto é um exercício espiritual. Portanto é preciso fazê-lo.”

Nossa Senhora, Sede da Sabedoria, nos ajude nessa procura do absoluto, nesse exercício de amar a Deus através da contemplação das perfeições que Ele pôs na Criação.

Fonte: anotações sem data de uma reunião do Prof. Plinio.

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