Solene ato reúne no Cristo do Corcovado o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial, seu irmão e sucessor dinástico Dom Antônio acompanhado de sua esposa Dona Christine, além de qualificado público.
Augusto Vieira
Rio de Janeiro — Às 17 horas do dia 13 de maio, o espaço do Santuário do Corcovado, ao pés do Cristo Redentor, esteve tomado por compacto público de brasileiros de todos os quadrantes, ali acorridos para participar de ato de grande significado: a Consagração do Brasil ao Sagrado Coração de Jesus, feita por S.A.I.R. Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil.
Tendo assumido a Chefia da Casa Imperial pelo falecimento de seu irmão Dom Luiz no dia 15 de julho de 2022, Dom Bertrand cogitou desde logo concretizar uma aspiração de ambos, que jazia implícita na dinastia brasileira: a de tornar efetivo o patrocínio do Divino Redentor sobre nossa Nação, e de o fazer no lugar que por excelência representa o Brasil católico, o Cristo do Corcovado.
Reafirmaria assim a Consagração análoga de Portugal e de todos seus domínios, dentre os quais avultava o Brasil, feita pela Rainha D. Maria I ainda no séc. XVIII, e glorificaria o Sagrado Coração de Jesus no exato local indicado pela Princesa Isabel quando declinou de um monumento à sua pessoa por ter promulgado a Lei Áurea de libertação dos escravos.
Assim o anunciou o Príncipe em comunicado do dia 12 de outubro, festa de Nossa Senhora Aparecida.
O alto do Corcovado proporcionou cenário inexcedível para a cerimônia, que principiou com céu límpido e terminou com as últimas luzes do crepúsculo.
O espaço diante do imenso pedestal do Cristo era presidido, em atenção à data de 13 de maio, por uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, ladeada por um quadro da Princesa Isabel. Ali se postaram S.A.I.R. Dom Bertrand, seu irmão e sucessor dinástico Dom Antônio e sua esposa Dona Christine, o Reitor do Santuário, Pe. Omar Raposo, seu vigário e mais três sacerdotes. O Pe. Omar fez o acolhimento aos presentes, após o que a Mestre de Cerimônias, Cássia Kis, de recente conversão à prática religiosa, anunciou com belas palavras o Ato que se ia realizar.
Dom Bertrand recitou então, genuflexo e pausadamente, o texto da Consagração [vide a íntegra no final], acompanhado com viva atenção e piedade por todos. Seguiu-se a execução pelo “Coral da Princesa”, conjunto oficial do Cristo Redentor, regido pelo Maestro Leonardo Randolfo, do belo Te Deum composto pelo Imperador Dom Pedro I. Tanto a composição quanto a execução foram de grande agrado dos presentes.
Falaram ainda o Pe. Omar e Dom Bertrand, destacando a importância do Ato e a firme esperança das graças que atrairia sobre a Nação brasileira. Era patente a percepção de que o Brasil estava vivendo uma grande hora.
Deve-se mencionar a presença do Dr. José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio; dos irmãos Álvaro e Bruno Mendes, vice-presidente e CEO do Centro Dom Bosco; do Prof. Anderson Santos Ribeiro, da Irmandade de São Benedito dos Homens Pretos; do Dr. Bruno Hellmuth, chanceler do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro; de uma delegação de 22 jovens do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e de diretores da associação Pró-Monarquia.
CONSAGRAÇÃO DO BRASIL AO SACRATÍSSIMO CORAÇÃO DE JESUS
Segue o texto da Consagração proferida por S.A.I.R. o Príncipe Dom Bertrand de Orleans e Bragança, no Santuário do Cristo Redentor, Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 2023
SENHOR JESUS CRISTO, REDENTOR nosso, eis-nos diante desta Vossa majestosa imagem que Vos representa com os braços em cruz, para consagrarmos ao Vosso Sacratíssimo Coração o Brasil, Terra de Santa Cruz.
Vós, Senhor, tendes em Vossas mãos o destino das nações; Vós julgais os povos com Justiça, dando a cada qual, ainda nesta terra, o castigo por seus crimes e a recompensa pela fidelidade aos Vossos Mandamentos; mas Vós, mesmo indignado pelas culpas dos homens e das nações, Vos deixais aplacar pela penitência e pela conversão, desviando a Vossa ira e convertendo-a em bênção.
Assim foi, misericordiosíssimo Senhor, quando vistes a França prestes a se precipitar nos erros de um século de verdadeiras trevas disfarçadas de luzes e que lhe poderiam obscurecer a glória de filha primogênita da Igreja; Vós, então, revelastes a Santa Margarida Maria de Alacoque o remédio que poderia preservar aquela nação dos horrores da Revolução: a Consagração feita pelo Rei ao Vosso Sacratíssimo Coração.
Tragicamente, justíssimo Senhor, o remédio que oferecestes àquela nação não foi aplicado em tempo, e o mundo viu, estupefato, a que extremos de barbárie podem se precipitar os homens, quando inflamados pelo furor revolucionário.
À vista desse exemplo claríssimo da Vossa bondade e da Vossa justiça e querendo implorar a Vossa proteção contra erros tão funestos, nossa Piedosa antecessora, a Rainha Dona Maria I, fez erguer na então Capital de todos os seus reinos a esplendorosa Basílica da Estrela, a primeira do mundo dedicada ao Vosso Sacratíssimo Coração.
O Brasil, que ainda não se emancipara de Portugal, recebeu os efeitos benignos daquele voto de sua Rainha, que se irradiaram pela nossa história e deverão se irradiar até a consumação dos séculos, desde que a nossa nação permaneça fiel à Vossa Lei.
E para que não nos faltasse, depois da Emancipação, um glorioso monumento ao Vosso Sacratíssimo Coração, nossa veneranda bisavó, a Princesa Dona Isabel, ao ser aclamada com o título de “A Redentora”, lembrada das palavras da Sagrada Escritura non nobis, Domine, non nobis, sed nomini tuo da gloriam, quis que fosse erguido neste local este maravilhoso Santuário em Vossa honra, sob o título de “Cristo Redentor”.
E neste mesmo Santuário, quando não tínhamos mais um Imperador no Trono, as autoridades então constituídas, unidas aos Bispos, consagraram especificamente o Brasil ao Vosso Sacratíssimo Coração.
São tantas as bênçãos que por esses atos solenes derramastes sobre a Terra de Santa Cruz, Senhor, que somente na eternidade poderemos louvar-Vos e agradecer-Vos.
Mas, Senhor, ai de nós! A nossa nação, em vez de desde já começar a Vos louvar e agradecer tanto quanto é possível neste mundo, tantas vezes se afastou dos Vossos Mandamentos, tornando-nos merecedores da Vossa ira.
Sim, Senhor, humildemente confessamos que a nossa nação já não pode mais se jactar de seguir fielmente a Vossa Lei, porque a nossas leis se afastaram gradativamente de Vós, quando aprovaram uma série de normas que levam à fatal dissolução da família e à profanação dos dias santificados, quando permitiram tantos insultos à Vossa Divina Majestade e, sobretudo, quando Vos negaram o culto público e oficial que estamos obrigados a tributar-Vos. Por todos esses pecados Vos pedimos perdão, Senhor, e aqui estamos para, por este ato solene, reparar tantas iniquidades.
Vós dissestes, Senhor, que o Vosso jugo é suave e que o Vosso fardo é leve, porque sois manso e humilde de Coração. Como seríamos felizes, Senhor, se a nossa nação pudesse tomar novamente sobre si o Vosso jugo e o Vosso fardo. Então seríamos aliviados em nossas fadigas e acharíamos descanso para nossas almas.
Por essa razão, nós, que pela morte de nosso saudoso irmão o Príncipe Dom Luiz fomos elevados por Vós à Chefia da Casa Imperial do Brasil, por este ato, em continuidade com nossos predecessores, especialmente a Rainha Dona Maria I e a Princesa Dona Isabel, Vos Consagramos novamente o Brasil, pedindo-Vos que nele reineis, ou seja, que as nossas leis se conformem à Vossa Lei, que as nossas autoridades se submetam a Vós, que a nossa Nação volte a Vos prestar um culto público e oficial que aplaque a Vossa ira, afaste os Vossos merecidos castigos e atraia sobre nós as Vossas bênçãos.
Aceitai, Senhor, esta humilde homenagem que prestamos ao Vosso Coração Sacratíssimo. Embora privados da Coroa e do Trono, somos o depositário, em virtude da legitimidade dinástica, das esperanças de Restauração do Brasil autêntico; somos o herdeiro daqueles Soberanos sob cujos nomes a Vossa Santa Cruz foi plantada neste solo e o Vosso Santo Evangelho foi levado aos seus habitantes originários; somos, enfim, aquele que tem a responsabilidade de representar a continuidade histórica e, portanto, a fidelidade do Brasil à sua vocação Católica.Neste treze de maio, data plena de significado para o Brasil por comemorarmos os 135 anos da Lei Áurea, perante esta Vossa Santa Imagem e junto a tantos brasileiros que aqui vieram para conosco Vos prestar este ato público, de louvor, ação de graças, reparação e consagração ao Vosso Sacratíssimo Coração, pela intercessão de Nossa Senhora da Conceição Aparecida Vos imploramos instantemente, Senhor: VENHA A NÓS O VOSSO REINO!
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