Leo Daniele
Um amigo meu que viaja por vezes à longínqua Lituânia contou-me que na capital, Vilnius, um cinema está usando bicicletas ergométricas para gerar energia para seu projetor. O cinema se chama Pasaka. Quem se dispuser a pedalar, pode assistir o filme de graça, além de fazer um exercício útil.
Ele acrescenta que “a idéia está fazendo sucesso entre os freqüentadores do cinema”.
O que os sem-terra e o PNDH-3 têm com isso? O leitor já percebeu.
Os sem-terra certamente achariam um abuso do proprietário o oferecimento. Pois o “justo” seria, como eles costumam, assistir o filme grátis e sem pedalar. Assim eles fazem com as terras que obtém sem pagar e sem trabalhar. “Cultivá-las, eu, hein”?
Mas o gerente do cinema diz que não é possível. É preciso pedalar para ganhar a entrada.
A experiência da vida me faz adivinhar quais seriam as possíveis atitudes dos sem-terra brasileiros, nesta contingência:
– Criariam a associação dos sem-filme;
– Lançariam o slogan: “Sem-filme de todo mundo, uni-vos”;
– Criticariam o cinema como “latifúndio do lazer”;
– Alegariam que não pedalar, afinal, é um direito humano, e que o espírito do PNDH-3 aponta como verdadeiro crime exigir a pedalagem para assistir de graça;
– Denunciariam que estão querendo torná-los vítimas de trabalho escravo;
– Por fim, sob instigação do ditador Chavez, poriam fogo no cinema.
Mas tudo isto é uma suposição gratuita! Dirá um sem-terra.
Eu respondo: suposição sim, fantasia até se quiser, mas gratuita não! Veja a catástrofe dos assentamentos, das favelas rurais que muitos deles são: não é querer “ver o filme gratuitamente, sem pedalar”?
Moral da história: se quiser ver o filme de graça, pedale, por favor!
Gostaria de ler um jornal: O Brasil Sem-PNHD-3!
Artigos como o do Sr. Danilele, nos ajudam a ter confiança que um dia isto irá acontecer.