Bem se vê a genialidade de um dos maiores literatos da língua portuguesa – Eça de Queiroz – pela maneira como ele nos introduz no cenário de um tema bizarro: o pé da Luiza Carneiro. Primeiramente, ele descreve o cenário.
Bem recordo uma noite em que, numa vila de Portugal, uma senhora lia, à luz do candeeiro, um jornal da tarde. Em torno da mesa outras senhoras costuravam. Espalhados pelas cadeiras e no divã, três ou quatro homens fumavam, na doce indolência do tépido serão de maio.
Catástrofes em pontos longínquos do planeta enunciados pela senhora causavam indiferença ou sono. Até que se passou o seguinte:
A leitora, tão cheia de graça, virou a página do jornal doloroso, e procurava noutra coluna, com um sorriso que lhe voltara, claro e sereno…. E, de repente, solta um grito, leva as mãos à cabeça:
– Santo Deus!…Todos nos erguemos num sobressalto. E ela, no seu espanto e terror, balbuciando:
– Foi a Luísa Carneiro, da Bela Vista… Esta manhã! Torceu um pé!
Então a sala inteira se alvorotou num tumulto de surpresa e desgosto. As senhoras arremessaram a costura; os homens esqueceram charutos e poltrona; e todos se debruçaram, reliam a notícia no jornal amargo, se repastavam da dor que ela exalava!… A Luisinha Carneiro! Desmanchara um pé! Já um criado correra, furiosamente, para a Bela Vista, buscar notícias por que ansiávamos. Sobre a mesa, aberto, batido da larga luz, o jornal parecia todo negro, com aquela notícia que o enchia todo, o enegrecia.
Dois mil javaneses sepultados no terremoto, a Hungria inundada, soldados matando crianças, um comboio esmigalhado numa ponte, fomes, pestes e guerras, tudo desaparecera – era sombra ligeira e remota. Mas o pé desmanchado da Luísa Carneiro esmagava os nossos corações… Pudera! Todos nós conhecíamos a Luisinha – e ela morava adiante, no começo da Bela Vista, naquela casa onde a grande mimosa se debruçava do muro, dando à rua sombra e perfume.
Foi a essa altura que Eça de Queiroz chegou aonde queria chegar, o papel da distância em nossos sentimentos: um carro esmagando a pata de um cão, em frente à nossa janela, é um caso infinitamente mais aflitivo do que a heroica e adorável Joana d’Arc queimada na praça de Rouen!
Esta constatação feita, voltemos ao Terceiro Milênio, e veremos algo do mêsmo gênero. Segundo levantamento consignado à ONU pelo embaixador do Vaticano, D. Silvano Maria Tomasi, mais de 100 mil cristãos – repetindo, cem mil cristãos – são mortos a cada ano em razão do fanatismo anticristão.[1] Ou seja, o massacre de 273 vítimas por dia – repetindo: por dia.
Será que alguém julgará que isto é menos digno de atenção que o pé machucado de uma menina? Talvez seja a explicação da pouca atenção que a mídia dá a esses números impressionantes!
Vejamos o julgamento de Plinio Corrêa de Oliveira a quem assim procede: É um homem de horizontes estreitos, de vontade acanhada, medíocre em toda a força do termo. Um egoísta que julga que está no centro do universo e acha legítimo que para ele as coisas só interessem enquanto forem próximas a si.[2]
Da mesma forma, uma pessoa ouve, por exemplo, que vai haver uma novena na própria paróquia e se interessa muito. Mas se lhe dizem que Nossa Senhora apareceu em Fátima. a pessoa se move menos, porque Fátima é longe e é um outro continente. Assim, ela não julga das coisas nem de acordo com a razão, nem de acordo com o espírito de fé.
Não se trata de estremecer no sentido sensível, nervoso, da palavra. Não é isto! Mas é fazer um juízo a respeito da gravidade desse acontecimento, à vista das razões sobrenaturais e às vezes também materiais, que levam a conferir a ele toda sua gravidade.
[1] OESP, 8-6-2013
[2] Tudo o que está em itálico foi extraído de conferência pronunciada por Plinio Corrêa de Oliveira, em 27-8-71.
Roberto Lemos,
“…Qual era o propósito?”
A Mensagem de Fátima pesa na consciência da Cúria Romana, e não nos iludamos, será severamente cobrada de tôda a Hierarquia Católica deste último século.
DEUS NON IRRIDETRUR !!!
A reportagem é interessante, apenas não sei se “nossa senhora” apareceu em Fátima. Se apareceu, e formos julgar de acordo com a razão, qual era o propósito?
Enquanto isso a Rússia começa efetivamente o que foi publicado por Luis Dufaur:
https://ipco.org.br/noticias/a-russia-reativa-bases-militares-sovieticas-e-mira-america#.UgAmxyJMJY0
Está sendo efetivada em Havana. Ameaça eurasiana na América está concretizada, por isso devemos pedir para o Vaticano Consagrar a Rússia, antes que seja tarde demais:
Navios de guerra russos chegam a Cuba para visita de Estado
Navios de guerra russos chegaram neste sábado em Havana. O objetivo é uma visita amigável, de acordo com o ministério das Forças Armadas Revolucionárias.
http://tvuol.uol.com.br/assistir.htm?video=navios-de-guerra-russos-chegam-a-cuba-para-visita-de-estado-0402CD9C3072C4B14326&mediaId=14619097