Putin move perseguição contra sacerdotes católicos na Criméia

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O Pe. Mykola Kvych capelão naval em Sebastopol.
O Pe. Mykola Kvych capelão naval em Sebastopol.

Assim que o presidente russo Vladimir Putin iniciou a manobra de anexação ilegal da Criméia, a Igreja Greco-Católica, fiel à Santa Sé, começou a sofrer uma “perseguição total” na península, segundo as autoridades religiosas.

“A vida da Igreja Católica de rito greco-católico está paralisada”, disse o Pe. Volodymyr Zhdan, chanceler da eparquia (equivalente a uma diocese) de Stryi na Ucrânia ocidental falando para a agência CNA.

Desde 2006 até 2010, o Pe. Zhdan foi chanceler do exarcato de Odesa-Krym que incluía a península da Criméia.

Três sacerdotes greco-católicos foram sequestrados por militares russos que fingem serem paramilitares independentistas.

Para o Pe. Zhdan esses múltiplos sequestros “não são um acidente”.

O Pe. Mykola Kvych, capelão naval em Sebastopol, foi preso logo depois de uma cerimônia por um defunto, em 15 de março. No dia seguinte foi a vez do Pe. Bohdan Kosteskiy de Yevpatoria e do Pe. Ihor Gabryliv de Yalta.

Os três foram liberados na alta noite, mas a intimidação foi clara: tinham que ir embora ou sofreriam punições muito mais graves.

O sacerdote informou ao Serviço de Informação da Igreja Ucraniana Greco-católica que ele foi objeto de um interrogatório que durou 8 horas, bem no estilo da KGB.

O Pe. Mykola Kvych abençoa o pão pascal em 2013. Fonte: UGCC Information Department.
O Pe. Mykola Kvych abençoa o pão pascal em 2013.
Fonte: UGCC Information Department.

Os interrogadores diziam pertencer às forças de autodefesa da Criméia, ficção criada por Vladimir Putin. Eles tinham por trás oficiais de inteligência vindos da Rússia.

O padre foi acusado de “provocações” e de fornecer armas para a Marinha ucraniana. O Pe. Kvych sustentou que ele levou alimentos para uma base naval ucraniana e que passou dois coletes a prova de bala para jornalistas.

Os sequestradores acusaram o Pe. Kvych de pertencer ao “Exército SS”, em malevolente alusão ao exército nazista na II Guerra Mundial, época em que o sacerdote nem tinha nascido.

Também foi acusado de “extremismo”, crime que a lei russa pune com 15 anos de prisão. Ele foi citado a depor diante de um tribunal dentro de duas semanas.

O Pe. Kvych fugiu para o centro da Ucrânia com a ajuda de seus paroquianos.

Além dos intimidantes sequestros, os religiosos católicos estão sofrendo outras formas de perseguição em diversos locais.

O Pe. Mykola Kvych capelão naval em Sebastopol. Fonte: UGCC Information Department.
O Pe. Mykola Kvych capelão naval em Sebastopol.
Fonte: UGCC Information Department.

O Serviço de Informação Religiosa da Ucrânia noticiou que a pequena capela de Kherson, no norte da Criméia, ficou sem luz, após os agentes de Putin cortar a linha.

Em 15 de março uma paróquia em Kolomyya foi depredada, e outra em Dora foi reduzida a cinzas. As duas paróquias ficam na região de Ivano-Frankivsk na fronteira com a Romênia no oeste do país.

Na Criméia, o clero está recebendo telefonemas e mensagens ameaçadoras. Na casa de um dos padres sequestrados se encontrou uma mensagem escrita dizendo que a violência era “uma lição para os agentes do Vaticano”.

“Isto não é novo”, disse o bispo D. Vasyl Ivasyuk. “Na época soviética nós sempre éramos acusados de sermos ‘agentes’ do Vaticano. Obviamente não é todo o povo da Criméia que pensa que nós somos espiões, mas se trata de um grupo muito ativo que trabalha para a Rússia”, declarou à agência CNA.

A Igreja Católica de rito greco-católica foi pesadamente perseguida sob a tirania soviética. Ela foi declarada ilegal, mas continuou trabalhando na clandestinidade até 1989.

“A Igreja emergiu da clandestinidade há 25 anos, tendo sido a maior igreja ilegal no mundo”, explicou o bispo D. Boris Gudziak, eparca de Paris.

“A Igreja Ucraniana de rito Greco-católico foi o maior grupo social de oposição à ideologia soviética e a seu sistema totalitário. Ela ficou completamente ilegal, em ‘catacumbas’, mas espiritualmente livre porque nunca colaborou”, com o perseguidor anticristão.

“Muitos habitantes da Criméia nos respeita por não temos tomado parte e eleições e ficado de fora da política”, disse. “Nossos sacerdotes não concorrem por cargos públicos, fato que lhes garante autoridade moral”.
Após a invasão das tropas de Putin, só dois sacerdotes católicos ainda podiam exercer seu ministério na Criméia.

Dom Ivasyuk explicou que os dois padres querem ficar com o povo o maior tempo possível, embora percebam a “boca do leão”.

Em 18 de março, o Departamento de Assuntos Religiosos e Étnicos da Ucrânia, do Ministério da Cultura, emitiu uma declaração condenando a perseguição do clero na Criméia.

“Recentemente, na República Autónoma da Criméia foram documentados casos de perseguição de clérigos de várias denominações. Está havendo uma violação dos direitos sem precedentes em matéria de liberdade de consciência e de religião”, diz o documento.

“Pedimos que tenha fim a prática do terror e que as liberdades e direitos sejam respeitados”, acrescenta.

Após a anexação ilegal da Criméia pela Rússia, não é claro qual será o futuro dos sacerdotes católicos na região. Na península da Criméia moram 5.000 fiéis greco-católicos.

“O que nós vimos neste fim de semana [sequestro dos três padres] é um sinal perturbador do que será a futura direção política”, concluiu o Pe. Zhdan, pensando na “nova-URSS” de Putin.

10 COMENTÁRIOS

  1. Lenin, certa vez, ao saber de uma recomendação da Igreja Católica, quis qua o nome do exército dessa Igreja. Resultado.O comunismo foi removido de muitos países do leste europeu pela ação do papa João Paulo II.

  2. Enquanto Putin persegue padres da Igreja Católica a presidente Dilma manda que seus comandados “não contradiga a Putin”, o que equivale a dar um apoio implícito ao que Putin está realizando. Pior são os que se deixam enganar por esse falso “Messias”, como foi Hitler, e o proclamam salvador.

  3. Aí se vê que a igreja cismática russa, cujo artífice da implantação comunista na Russia foi o padre Rasputin, persegue a igreja que é fiel a Roma. Como também fica claro como sol a pino que a CNBB – os bispos do Brasil, assim como toda a esquerda latino americana como cuba e venezuela, obedecem ainda às ordens de Moscou Comunista.

    Não é a toa que Santa Faustina Kowalska disse em seu diário que a Rússia havia expulsado Deus de suas fronteiras.

  4. Muito oportuno o artigo de Luis Dufaur sobre a perseguicao de Putin ‘a Igreja Catolica na Russia. Nossas redes sociais precisam divulgar esse artigo que mostra a verdadeira face de Putin. Putin, nao se sabe porque razao, é apresentado como salvador da familia contra a dissolucao no Ocidente. O sustentaculo da familia está na Religiao. Como pode defender a familia quem ataca ferozmente a Igreja Catolica? Abramos os olhos, Putin nao é senao um novo Stalin, com roupagem do seculo XXI. Parabens. Avante bravos ucranianos catolicos. Avante Ucrania. Machado.

  5. Mais uma insanidade dessaes presidentes autoritários, injustos e desumanos que infestam o mundo. Homens que não tem fé e desafiadores do poder de Deus e da Igreja que só pensam no poder e na arbitrariedade sobre o povo. Mas a Igreja sairá sempre vencedora pois Cristo disse: ”..as portas do inferno não prevalecerão sobre ela..” e nisso eu creio e muito. Abraços do Vitor.

  6. A igreja não se dobrará frente à truculência de Putin, o titular da igreja tem poderes misteriosos, e portanto esse carnal não se livrará do castigo do pai celestial.

  7. Esses terroristas já ultrapassaram os limites em todo sentido está em tempo de lembrar-lhes que o mundo mudou: o muro de Berlim já caiu e essa guerra fria que eles comunistas estão iniciando também está ultrapassada lembrar-lhes que eles também são de carne e osso e não estão isentos portanto de sofrer consequências.!!

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