O leitor terá notado que os agitadores que promoviam invasões de terras agrícolas no campo, foram em grande parte deslocados para as cidades e estão servindo de massa de manobra para as invasões de terrenos urbanos e casas.
Isso não se deu por acaso, é planejado. De fato, a principal finalidade (oculta) das invasões de terras nunca foi dar terra a quem nela quer trabalhar, mas sim angariar adeptos para uma revolução socialista. Acontece que o homem do campo brasileiro, seja ele um agricultor ou mesmo um oportunista, é muito intuitivo, e ao perceber para onde estava sendo levado, não aderiu.
Mesmo quando se apossa indevidamente de uma terra, ele não quer saber de socialismo, nem de comunismo ou ideologias desse gênero. Por isso, a agitação agrária foi em boa medida transferida para as cidades, a fim de reforçar os chamados sem-teto.
O líder máximo do MST, o marxista João Pedro Stédile, já havia anunciado essa transferência, pouco depois de voltar de Roma, onde foi participar de um simpósio promovido por um órgão do Vaticano.
Na ocasião, em entrevista ao Portal IG (17-2-14), afirmou: “Só ocupar terras não muda mais a correlação de forças. O MST precisa das alianças com a cidade”. Ele admitiu “que a reforma agrária clássica, baseada em invasões, acampamentos e distribuição de terras, pela qual o movimento lutou por três décadas, está ultrapassada e perdeu a oportunidade histórica”.
A “urbanização” do MST, conta Stédile, vem sendo construída com um projeto de alianças, que inclui os movimentos sociais que lutam por moradia nas grandes cidades e as centrais sindicais.
Diante desse quadro, não é fora de propósito lembrar que o modelo socialista de Reforma Agrária vem da Antiguidade pagã, tendo fracassado também lá, por falta de adesão dos camponeses.
Os dados históricos falam muito e a analogia com situação brasileira é marcante. Vamos a eles.
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Estamos no ano 130 antes de Cristo, em pleno Império Romano.
O povo da Roma antiga não se deixa levar por demagogos agrários que querem jogar a população contra os proprietários de terras.
Os dois irmãos Gracchus, tribunos e oradores — espécie de deputados esquerdistas da época — resolvem propor leis agrárias contrárias à aristocracia romana, grande proprietária de terras (hoje se diria, latifundiários).
Pela primeira vez Roma conhece a tentativa de lançar os pobres contra os ricos. Com que resultados? Vejamos o que nos diz a respeito Fustel de Coulanges, o mais respeitado autor da História Greco-Romana:
“A luta entre ricos e pobres não começou em Roma senão no tempo dos Gracchus. Mas esta luta nunca teve em Roma caráter violento, como em outras partes. O povinho romano não invejava muito a riqueza; ele ajudou molemente os Gracchus; recusou-se a crer que os reformadores trabalhassem por ele, e os abandonou no momento decisivo.
“As leis agrárias, tão frequentemente apresentadas aos ricos como uma ameaça, sempre deixaram o povo muito indiferente, e não o agitaram a não ser na superfície.
“Via-se claramente que o povinho não desejava muito vivamente possuir terras; de outro lado, ao lhe oferecerem a divisão das terras públicas, isto é, do domínio do Estado, ele não tinha desejo de despojar os ricos de suas propriedades.
“Em parte por um respeito enraizado, em parte pelo hábito de nada fazer, o povinho preferia viver ao lado dos ricos, e como que à sombra deles”.
(Fustel de Coulanges, “La Cité Antique”, livre V, cap. II, Hachette, Paris, 1917, 24ª edição)
Sei por vias indiretas, por exemplo: biografia de personagens marcantes do período posterior referido neste artigo, que para a fixação dos limites do Império Romano ficava estabelecido a apropriação para oficiais mais graduados do exército das terras conquistadas.
Casos , por exemplo, das terras do norte da Africa – há biografias de Santo Agostinho que trazem isso. Outro exemplo: o pai de São Martinho – que era oficial do exército romano – tinha propriedades nas Gálias. Muito interessante o artigo, porque focaliza a questão da Reforma Agraria em tempos muito remotos, e que o sentido do Direito de Propriedade está , também, muito presente “nestes tempos muito remotos”, digamos de uma vez, o Direito de Propriedade está ligado diretamente à Ordem Natural, posta por Deus na alma humana.
Nelson Fragelli,
Resposta ao Sr. Nelson Fragelli
Diz a Wikipédia sobre os irmãos Tibério e Caio Graco:
Tibério Semprónio Graco (em latim Tiberius Sempronius Gracchus, abrev. TI•SEMPRONIVS•TI•F•P•N•GRACCVS foi um político romano e um dos líderes da facção senatorial dos Populares no século II a.C.. As suas iniciativas legislativas, sobretudo as que diziam respeito a uma reforma agrária, causaram o caos político primeiro e violentos confrontos depois, que acabaram na sua morte.
Caio, seu irmão, continuou com as suas reformas, enfrentando uma oposição crescente do senado romano. Em 121 a.C. Caio tentou uma terceira eleição, ao lado do seu colega Marco Fúlvio Flaco, mas desta vez perderam provavelmente devido a irregularidades no processo de eleição. Sem um cargo político de onde pudesse impor as suas ideias, Caio Graco não pôde fazer nada para impedir os novos cônsules (Quinto Fábio Máximo e Lúcio Opímio) de anular todas as suas iniciativas legislativas dos últimos dois anos. Numa tentativa desesperada, Caio Graco e Fúlvio Flaco recorreram à violência. O senado respondeu violentamente, declarando-os aos dois e aos seus apoiantes inimigos da República. Fulvius Flaccus foi assassinado, mas Caio Graco conseguiu escapar. Perseguido pelos homens dos Optimates acabou por cometer suicídio. Outra tese aponta que Caio Graco refugiou-se em um morro de Roma, local esse tradicionalmente identificado com os populares e depois de sangrentos combates foi morto tendo sua cabeça cortada e lançado ouro escaldante em seu crânio.
O que aconteceu com os dois irmaos?
Reforma agrária é um fracasso histórico…