O que os Papas disseram sobre o socialismo (Final)

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Gustavo A. Solimeo
João Paulo II (1978-2005)

Socialismo: Perigo de uma “solução simples e radical”

“Pode parecer surpreendente que o ‘socialismo’ apereça no começo da crítica do Papa [Leão XIII, na encíclica Rerum Novarum] às soluções da ‘questão operária’ num tempo em que o ‘socialismo’ ainda não se apresentava na forma de um Estado forte e poderoso [a União Soviética[ com todos os recursos que isto implica, como aconteceria mais tarde. Entretanto, ele julgou corretamente o perigo posto às massas pela apresentação atrativa  de uma solução simples e radical à ‘questão operária’”.[24]

Erro fundamental do socialismo: Uma concepção errada da pessoa humana

“…o erro fundamental do socialismo é de natureza antropológica. O socialismo considera a pessoa individual como um simples elemento, uma molécula no organismo social, de tal maneira que o bem do indivíduo fica completamente subordinado ao funcionamento do mecanismo sócio-econômico.

O socialismo, da mesma forma, sustenta que o bem do indivíduo pode ser alcançado sem referência à sua livre escolha, à responsabilidade única e exclusiva que ele exerce diante do bem e do mal. O homem fica assim reduzido a uma série de relações sociais, e desaparece o conceito de pessoa como o sujeito autônomo de decisões morais, o próprio sujeito cujas decisões constroem a ordem social. Dessa concepção errada da pessoa surgem tanto uma distorção do direito, que define a esfera do exercício da liberdade, quanto uma oposição à propriedade privada”.[25]

Bento XVI (2005 – ):

“Não precisamos de um Estado que regula e controla tudo”

“O Estado que provesse a tudo, absorvendo tudo em si mesmo, terminaria por tornar-se uma mera burocracia incapaz de garantir aquilo mesmo que a pessoa que sofre ― todas as pessoas ― necessitam, isto é, um a solicitude pessoal.

Não precisamos de um Estado que regula e controla tudo, mas de um Estado que, de acordo com o princípio de subsidiariedade, generosamente reconheça e favoreça as iniciativas que surjam das diferentes forças sociais e combine espontaneidade com proximidade com aqueles em necessidade. … Em última análise, o clamor de que  estruturas sociais mais justas tornariam as obras de caridade supérfluas mascara uma concepção materialista do homem: a errada noção de que o homem pode viver ‘só de pão’ (Mt 4:4; cf. Dt 8:3) − uma convicção que diminui o homem e acaba por deixar de lado aquilo que é especificamente humano”.[26]

[24] João Paulo II, Encíclica Centesimus Annus, 1° de maio de 1991, n. 12.

[25] Ibid, n. 13.

[26] Bento XVI, Encíclica Deus Caritas Est, 25 de dezembro de 2005, n. 28.

3 COMENTÁRIOS

  1. É interessante notar que, mesmo após o Concílio Vaticano II (que se quis exclusivamente pastoral e que teve calamitosos efeitos a-pastoriais, consoante conclusão do prof. Plínio), os papas jamais deixaram de condenar, não apenas o marxismo, como também todo e qualquer tipo de socialismo.

    Tomando por baliza o dogma da infalibilidade pontifícia, podemos apreender com mais clareza a maneira pela qual o Espírito Santo assiste ao sucessor de Pedro em matéria de fé e costumes. Porquanto, a despeito da falência dos valores católicos observada nos últimos cinquenta anos, o Magistério Superior da Igreja continua a ser a rocha sobre a qual assentam os postulados da Verdade Revelada.

    Viva Pedro!

    Ps: Talvez uma boa prova seja a atuação do Cardeal Joseph Ratzinger como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé em cotejo com suas ações depois de eleito para o sólio de Pedro. Não há dúvida: Bento XVI é bem melhor.

  2. A contunuidade do ensinamento pontificío condenando o socialismo desde os primórdios de seu surgimento até nossos dias nos dá segurança para afirmar que o socialismo não é cristão muito menos católico e não é solução para os males que atingem a sociedade antes o agrava. A compilação idealizada pelo Prof. Plinio e repetida aqui pelo autor nos dá essa certeza.

  3. Reitero, muy buenas y oportunas las citas de lo Pontífices; notable nos dirigimos hacia allí, hacia la anulación de la persona humana y existen pocas voces que “claman en el desierto” advirtiendo a nuestras sociedades la conjura siniestra contra nuestra civilización, articulada por una minoría perversa que nos lleva al abismo. Este sitio es, sin duda, una rara excepción. Pidamos al cielo la pronta intervención de la Providencia de Dios, para que tenga lugar la victoria del Inmaculado Corazón de María, según lo anunció la Virgen en Fátima.

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