A reunião do Foro de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), realizada na China no início de novembro (2014), teve um efeito colateral inesperado, pelo menos para quem não costuma acompanhar os fatos chineses.
Embora acabasse de assinar bombasticamente com os EUA um compromisso para reduzir a emissão de gases estufa, a China deixou claro que só cumprirá aquilo que lhe aprouver.
Mas, ao mesmo tempo exige, com a colaboração de líderes como Dilma Rousseff, que os EUA honrem o o compromisso. O que possivelmente o moleirão presidente Obama, signatário do documento, não deixará de fazer.
Para a reunião da APEC, a China mostrou como entende os acordos ambientalistas. Ela adotou medidas drásticas e indispensáveis durante a reunião para fingir que se interessa pelo meio ambiente mais do que pela hegemonia do socialismo.
Em Tangshan, imenso centro do aço mundial localizado a 170 km de Pequim, as fábricas reduziram seu ritmo, os veículos entraram em rodízio, e foram aplicadas excepcionais medidas antipoluição: fechamento de escolas, redução de atendimentos em hospitais, proibição das cremações nos cemitérios, noticiou o jornal parisiense Le Monde.
Tratou-se de um esforço de guerra, que se estendeu até a própria capital, com o objetivo de impressionar os visitantes.
Uma das grandes cidades do país, Tangshan, com 7,5 milhões de habitantes, está localizada na província de Hebei, que rodeia Pequim.
Ela ocupa lugar de destaque nessa espécie de envenenamento coletivo causado pela poluição das indústrias montadas com a deplorável tecnologia socialista.
Tangshan produz a mesma quantidade de aço que os EUA, mas se for cumprir as metas antipoluição fixadas no papel, terá de reduzir sua produção pela metade.
Mas, a fim de intoxicar menos o ar de Pequim, ela ficou de diminuir em 25% a concentração no ar de partículas finas danosas à saúde, as chamadas PM 2,5.
Para isso, deverá reduzir 60 milhões de toneladas do consumo de carvão para gerar energia.
Uma dezena de fornos velhos foram dinamitados. Mas o imponderável de cena teatral ficou evidente durante uma risível sessão de autocrítica dos responsáveis pelo Partido Comunista da província na presença do presidente Xi Jinping.
Os “arrependidos” pediram perdão por terem sacrificado “a qualidade do desenvolvimento” para estimular o “crescimento a qualquer preço”.
A embromação estava no fato de que os fornos dinamitados estavam fora de uso havia muito tempo, segundo contou Wang, habitante Wangsijiang, na periferia de Tangshan.
A menos de cem metros dos fornos destruídos, duas imensas chaminés continuam soltando uma fumaça grisalha que atinge as aldeias vizinhas.
Wang deplora a multiplicação do câncer entre os habitantes e o afundamento dos solos por causa das minas de carvão.
Ele sabe do que fala, pois montou durante dez anos os filtros de poeira das fábricas intoxicadoras e não leva a sério o que as autoridades dizem.
As fábricas poluidoras enriquecem o Partido Comunista local.
A Tangshan Steel, filial da Hebei Steel – principal siderúrgica chinesa e terceira no ranking mundial – é vigiada de perto. Medidas foram anunciadas, mas os inspetores que deveriam pô-las na prática nunca aparecem.
A guerra contra a poluição em Tangshan vem de longe e inclui episódios tragicômicos. Em 2004, o vice-ministro do Meio Ambiente, Pan Yue, apelidado de “Pan o furacão”, redigiu inquéritos esmagadores.
Estes tiveram como consequência a imposição por Pequim, em 2007, de reduções inverossímeis à produção. A poluição não parou desde então de crescer.
Nos últimos anos, a queda da atividade econômica mundial ajudou e o governo chinês intimou 308 chefes das siderúrgicas a reduzir a intoxicação do ar ou fechar as instalações.
Para Song Guojun, diretor do Instituto de Política Ambiental da Universidade Renmin, de Pequim, os objetivos exigidos são tão confusos que se tornaram inaplicáveis.
Sem regras claras, a guerra contra a poluição está condenada ao fracasso antes mesmo de começar. O Partido Comunista chinês parece pregar ao povo o velho provérbio “as más companhias são como um mercado de peixe; acabamos por nos acostumar ao mau cheiro”.
A China tem um objetivo ideológico socialista de supremacia mundial. Para ela tudo o que serve a essa mau cheirosa meta imperialista está justificado.
E o meio ambiente e o “aquecimento global”?
Para a China não passam de armas psicológicas contra seus inimigos.
A China precisa de um novo Chang Kay Shek
Este acordo de Obama e a China é verdadeiramente para “inglês ver”. Nos Estados Unidos, os acordos assinados pelo Presidente são simplesmente propostas de lei que o congresso terá ou não de apoiar.
Com o espírito da China de assinar um tratado mas só fazer o que quiser e as dificuldades do Obama conseguir a aprovação do Congresso, estre acordo não passou de para que os dois presidentes apertassem as mãos Não vai ser implantado