Atilio Faoro
As pesquisas, quando feitas com objetividade, costumam desmentir as utopias. Foi o que se passou com a recente pesquisa sobre as quotas raciais, feita pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), primeiro estabelecimento de ensino superior do país a aderir ao sistema. O “Globo” (3-6-2010) apresenta o resultado com o título: “Pesquisa mostra os danos das quotas raciais”.
Quais são estes danos? Segundo “O Globo”, o levantamento, realizado a partir dos dados do vestibular feito pela universidade em 2009, comprova “uma das mais cortantes críticas às cotas: criadas para supostamente corrigir injustiças, as cotas impedem a entrada no ensino superior de pessoas mais bem preparadas. É a confirmação do perigoso abandono do princípio do mérito”.
Os números não mentem. Das 2.396 vagas abertas naquele vestibular para cotistas, apenas 1.384 foram preenchidas, pois os candidatos não conseguiram obter a nota mínima: 2. Entenda-se: a relação entre candidatos cotistas e vagas foi quase um para um, enquanto entre os não cotistas 11 disputaram cada vaga.
Ora, como não foram exigidas maiores qualificações aos cotistas, muitos merecedores de entrar na universidade ficaram de fora. Ainda com base na mesma pesquisa, a Uerj tentou justificar as cotas afirmando que o índice de reprovação é maior entre os não cotistas. A constatação, no entanto, tem importância relativa, pois o dano maior, o de impedir o desenvolvimento de talentos apenas porque eles não são negros, já foi causado no vestibular.
Ao reduzir a importância do princípio do mérito em nome da “raça”, o Brasil não terá profissionais qualificados como a realidade requer e, como inadmissível subproduto, já começa a inocular o racismo no convívio cotidiano da juventude.
Esta pesquisa é um duro golpe na utopia das quotas raciais mas provavelmente vai ser relegada às urtigas. Os adeptos dos mitos socialistas pouco se importam com as pesquisas.
Para eles, prevalece a ideologia sobre a razão, o preconceito sobre a realidade, a utopia sobre a essência da natureza humana. O Muro de Berlim caiu e o comunismo mostrou todo o seu horror. Eles “engoliram” este horror, deram a volta por cima e tocaram a vida para a frente. Nada viram, nada souberam, nada mudaram. Acontecerá o mesmo com o desastre das quotas raciais?
Nós não temos futuro. O sonho do “Brasil grande” dos militares não se cumpriu. Agora vivemos o pesadelo da “democracia” dos ladrões, que faz do Brasil um Haiti grande. Quando chegar ao fim essa construção do “Estado Democrático de Direito”, os cotistas serão brancos.
Outro aspecto não levantado é que o nível de ensino também decai. Por quê? Simplesmente porque seria injusto que os menos preparados fiquem “boiando” na aula. É preciso que o nível das matérias cheguem até eles, caso contrário, seria discriminação também.