O presente artigo foi redigido no auge da escassez de água de São Paulo e do Sudeste e, logo após as eleições presidenciais, os dados foram atualizados com as últimas informações do primeiro trimestre de 2015.
O grande Bossuet que falava para um dos públicos mais seletos que a humanidade jamais conhecera, a corte de Luiz XIV, o Rei Sol. Suas prédicas eram sempre enriquecidas e iluminadas pela luz do que se costuma chamar de teologia da história.
Via e julgava ele os acontecimentos segundo os desígnios de Deus. Sobre Nabucodonosor, por exemplo, rei da Babilônia, que invadiu Israel fazendo prisioneiro o povo eleito, sabiamente comentou que este foi o “açoite divino’ para com aqueles que renegaram os ensinamentos do verdadeiro Deus para seguir deuses pagãos.
Para o orador sacro francês, tudo o que se passa no universo obedece a leis bem traçadas pelo Criador, pois Deus não apenas criou, mas Ele é o senhor do mundo criado, Brasil incluído… Assim, a falta d’água que assola o nosso centro-leste, com maior gravidade para o Estado de São Paulo, não pode ter sido alheia aos desígnios de Deus.
A imprensa vinha tratando ad nauseam do tal ‘volume morto’ dos mananciais que fornecem água para a cidade de São Paulo e, muitas pessoas, não sem certo terrorismo psicológico, previam que em breve as bombas estariam tragando o lodo do fundo das represas.
Da realidade à metáfora, antes mesmo da eventual utilização do lodo do tal “volume morto” dos mananciais, a lama veio à tona nas eleições presidenciais de 2014. Com efeito, os analistas confirmaram ter se tratado da campanha mais suja e repleta de ‘baixarias’ dos 125 anos de república.
Se o fétido e o pútrido emergiram, não é menos verdade que a presidente reeleita esteja navegando no ‘volume morto’ da crise econômico-político-social que vem castigando o país. Basta vermos a “lição das ruas” com as manifestações monumentais ocorridas no dia 15 de março em todo o Brasil.
Apenas para relembrar, além do minúsculo PIB, a Petrobrás se encontra semifalida e saqueada. A maior empresa brasileira perdeu parte substancial de seu valor de mercado e, além disto, a sua dívida ultrapassa os 300 bilhões de reais. Cabe ressaltar que a dívida interna do país já ultrapassou os dois trilhões e duzentos bilhões de reais. Por sua vez, a inflação não dá sinais de arrefecimento e a balança comercial ‘balanceia’.
Sem considerar o lodo ideológico representado pela insistência do governo na criação dos ‘conselhos populares ‘ cujo significado não passa de ‘sovietes’, experiência comunista já vivida na antiga URSS. Os especialistas julgam que para os próximos anos mais sombras e trevas envolverão o Brasil.
Mas nem tudo parece perdido. Se é verdade que tal volume de lama veio à tona, é também verdade que em sentido oposto permanece e se aprimora o ‘volume vivo’ de águas cristalinas que continua o seu curso rumo ao mar da História. Um deles é o agronegócio.
Distante desse caos, muitas vezes induzido, o agropecuarista continua sua faina ao vencer as dificuldades inerentes ao seu trabalho, provendo os seus familiares, os funcionários e suas famílias, fornecendo alimento saudável e barato aos brasileiros, e exportando o excedente para alimentar mais de um bilhão de pessoas mundo a fora.
A título de recordação, enumeraremos alguns de seus seguidos e importantes sucessos: – atingiremos em breve produção recorde de 200 milhões de toneladas de grãos; já ultrapassamos na safra de 2013 os US$ 100 bilhões de exportações/anual; o saldo delas já ultrapassa US$ 500 bilhões na última década; possuímos o maior rebanho do mundo com mais de 210 milhões de cabeças de gado; somos os maiores exportadores de carne do planeta; de cada 10 xícaras de café tomadas no mundo, quatro são de origem brasileira; de cada 10 copos de suco de laranja tomados no mundo, oito são brasileiros; somos com folga o maior produtor de açúcar do mundo, com 40% das exportações mundiais.
Qual é a contrapartida de Brasília diante desse sucesso? – Apregoa-se que nunca tivemos nesse país tanto volume de crédito para a agricultura… Contudo, o governo faz sempre questão de ressaltar a existência de dois campos distintos em nosso meio rural, a agricultura empresarial e a familiar.
Elas existem de fato. Enquanto o pequeno produtor rural agregado ao agronegócio se encontra em muito boa situação, os ditos trabalhadores atrelados aos movimentos sociais não produzem coisa alguma, vivem em favelas rurais e só não morrem de fome em razão das cestas básicas do governo federal, provenientes do agronegócio.
Quase ou tão importante que o crédito rural é o seguro agrícola, pois o proprietário está sujeito às intempéries, mas ele não deseja o modelo de seguro estatista, mas que sejam desonerados dos altos tributos e, assim, paulatinamente a totalidade da safra seja assegurada, como nos EUA e na Europa, pela iniciativa privada.
Entre os altos riscos de nossos agricultores, a insegurança jurídica é que lhes traz maiores danos, além das contínuas ameaças de invasões por parte do “exército do Stédile”, MST, das acusações de trabalho escravo, de degradação do meio ambiente, de o proprietário rural não passar de um intruso em terras de índios ou de quilombolas. Sempre o penalizado, o vilão da história é o produtor rural: “O primeiro a apanhar e o último a falar”… quando o deixam falar.
Por causa da seca e, sobretudo, pela má gestão, o déficit do setor elétrico chega 100 bilhões de reais e poderia ser possantemente auxiliado pelo agronegócio. Só a cogeração de energia a partir do bagaço de cana poderia gerar mais que Itaipu, justamente no tempo menos chuvoso. No momento, as hidrelétricas estão com volume de água de apenas 27% de sua capacidade.
O setor canavieiro só não produz toda a energia possível porque o governo vinha oferecendo, até há pouco tempo, menos de 200 reais o MW/h. Com a crise atual passou a pagar às termoelétricas 800 reais o MW/h e, quando movidas a diesel, o valor já ultrapassa os 1000 reais o MW/hora.
Outro dado preocupante quanto aos combustíveis é que a Petrobrás sempre foi uma empresa rentável. Depois de ter sido ‘aparelhada’ pelo governo para se tornar instrumento político, para segurar a inflação, por exemplo, a defasagem dos preços vem gerando déficit enorme em suas contas, sem contar a roubalheira.
Com a defasagem dos preços dos combustíveis foi estabelecido um “tabelamento branco” do etanol que ficou com um preço muito defasado levando à ruína financeira quase um terço das usinas sucroalcooleiras, além de fazer com que cerca de um milhão de funcionários fossem dispensados. De exportador de etanol, o país importou em 2014 mais de 600 milhões de litros de álcool dos Estados Unidos.
O setor canavieiro também sofreu muito com a seca do sudeste que o levou a diminuição de 50 milhões de toneladas de cana colhida, o equivalente a toda safra do nordeste brasileiro. Para não me alongar, citamos de passagem o que todos os leitores já sabem, isto é, a total falência de nossa estrutura básica.
Portos com filas gigantescas de caminhões, navios esperando até 60 dias para cargas e descargas, estradas em péssimas condições, ferrovias já várias vezes inauguradas e que ainda não transportam nada… e ainda mais, tem os seus dormentes e trilhos roubados. As hidrovias não saem do papel.
Apesar de todas as más políticas do governo, o agronegócio vem prosperando graças à força propulsora dos nossos valorosos produtores rurais que diuturnamente, com chuva ou sem ela, continuam a cultivar este país continente.
Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, miraculosamente encontrada nas águas outrora cristalinas do Rio Paraíba, não permita que perdure a seca que compromete os nossos mananciais, e, sobretudo, livre o Brasil do lodo moral no qual se acha atolado.
Invoquemos a Ela para que nos mande chuva e que os seus filhos tenham a sua sede aplacada e colheitas abundantes; para que do Oiapoque ao Chuí os brasileiros recebam uma chuva de graças num país sempre irmanado; para que nunca seja dividido por ideologias malsãs, importadas à revelia de nosso povo ordeiro e cristão.
Dá para ver os dois lados do Brasil: o que trabalha, sustentando os vagabundos gerados pela má administração pública; os que acreditam no futuro do país e lutam sem esmorecer, contra os que ficam dando passos para trás; os que acreditam no trabalho duro e honesto e os que preferem saquear; os que plantam com esperança de alimentar o futuro e os parasitas da nação. os que sabem que sua luta é solitária, contra aqueles que fazem de tudo para desestimular essa luta (no caso, o desejo de fazer o país progredir, o desejo de produzir). E assim por diante. Os exemplos são inúmeros.
Nossa vida está nas mãos de Deus. Nosso país está nas mãos de Deus.E sem Deus nada podemos fazer. Aforando as explanações bem elaboradas, o texto faz-nos meditar na importância do “temor de Deus” quando nos lembra no início que nada escapa ao Seu controle e quando conclui suplicando a valiosa ajuda de Nossa Rainha e Padroeira:”Invoquemos a Ela para que nos mande chuva e que os seus filhos tenham a sua sede aplacada e colheitas abundantes; para que do Oiapoque ao Chuí os brasileiros recebam uma chuva de graças num país sempre irmanado; para que nunca seja dividido por ideologias malsãs, importadas à revelia de nosso povo ordeiro e cristão”.REZEMOS POIS, NESTA “INTENÇÃO”.
Excelente análise. Parabéns!
Amigos, corrijam a unidade de fornecimento/consumo de eletricidade ou o preço. Parece que é só trocar kW/h por MW/h para que o valor fique correto.