Na linguagem da Igreja tradicional, maio significa mês de Maria, a medianeira de todas as graças entre Deus e os homens, Aquela a quem o embaixador celeste São Gabriel anunciou que seria a Mãe do Messias, o esperado das nações. Cheio de reverência, o Anjo A saudou: “Deus te salve, cheia de graça; o Senhor é contigo”.
Concebida sem pecado original, sem nódoa alguma que A maculasse, Maria foi o instrumento escolhido por Deus para comunicar aos degradados filhos de Eva a maior de todas as graças: “E o Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós”. Este foi sem dúvida o meio mais conveniente e sublime excogitado pelo Criador para que seu Unigênito viesse à Terra.
E ante a surpresa da Virgem, o Anjo prosseguiu: “Não temas Maria, pois achaste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu ventre e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Esse será grande, será chamado filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono do seu pai David, reinará na Casa de Jacó, eternamente, e seu reino não terá fim.”
São Gabriel disse ainda à Virgem que o Espírito Santo A cobriria com sua sombra, pois quem d’Ela nasceria seria chamado Filho de Deus. Maria se tornou assim Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa do Espírito Santo.
Se a concepção do Filho de Deus representou um oceano incomensurável de graças, nem por isso Nossa Senhora deixou de receber e cooperar com novas graças. À guisa de ilustração, no Cântico dos Cânticos, a Escritura indaga: “Quem é esta que surge como a aurora, formosa como a lua, brilhante como o sol, terrível como um exército em ordem de batalha?”.
Não obstante todas essas graças inigualáveis, o auge da missão de Maria se deu ao pé da Cruz, quando se tornou corredentora do gênero humano por consentir que seu Divino Filho morresse para a nossa salvação. Foi também ali que Nosso Senhor no-la deu, ao constituí-la mãe de São João Evangelista.
Se Eva nos transmitiu o maior dos males ao comer o fruto proibido, Maria, a nova Eva, nos fez o maior dos bens ao ser inteiramente fiel aos desígnios de Deus, contemplando e assentindo que o seu Filho expiasse os pecados do mundo para nos abrir as portas dos céus. Eis aí a grande estatura e envergadura de alma de Nossa Senhora.
Falando sobre a graça e a glória, o Pe. Antonio Vieira nos ensina que o mesmo Deus que nos apontou na graça a misericórdia, nos mostrará na glória a sua verdade ao nos agraciar com a coroa de que Se fez devedor.
Como Mãe e medianeira dos homens por vontade divina, Maria nunca deixa de atender seus filhos em todas as suas necessidades. Eis como A enaltece o Pe. Vieira:
“Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial menina, dir-vos-ão que nasce para a Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para a Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança.
“Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz, os discordes, para Senhora da Paz, os desencaminhados, para Senhora da Guia, os cativos, para Senhora do Livramento, os cercados, para Senhora do Socorro, os quase vencidos, para Senhora da Vitória.
“Dirão os pleiteantes, que nasce para Senhora do Bom Despacho, os Navegantes, para Senhora da Boa Viagem, os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso, os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte, os pecadores todos, para Senhora da Graça, e todos os seus devotos, para Senhora da Glória.
“E se todas essas vozes se unirem em uma só voz, todas essas perguntas em uma só pergunta, e todas as respostas em uma só resposta, ou, mais abreviadamente, todos esses nomes em um só nome, dirão que nasce Maria para ser Maria, e para ser a Mãe de Jesus: Maria de qua natus est Jesus.”
Muito oportuno o comentário do Pe. Davi Francisquini sobre Nossa Senhora, Medianeira de todas as graças. Coroou ele seu artigo com o acerto e a beleza das palavra do Pe. Vieira.
Fico a pensar se o Pe. Vieira vivesse em nossos dias quais seriam os títulos de Maria que ele se poria a comentar.
Tendo eu convivido anos com o Prof Plinio Corrêa de Oliveira é-me grato sugerir uns acréscismos:
Talvez, para os que estão imersos nesse mundo de imoralidade, invocar Virgem Purissima; os que se vêem num mundo de desatinos, Maria, Sede da Sabedoria; os que estão opressos sob a propaganda laica e ateísta, Torre de Marfim; Os que resistem nas prisões da China comunista, em Cuba e alhures, Virgo Potens; aos que estão lutando para conservar a integridade da Fé em ambientes infestados pelo progressismo, Virgem Fiel.
E sobretudo aos que esperam o triunfo de Nossa Senhora sobre os seus adversários — em nossos dias — Virgem de Fátima, Por fim meu Imaculado Coração Triunfará!
Maria, terribilis ut castrorum acies ordinata, apressai os Vossos dias.
Marc Mac Hado