O jornal La Nación, de Buenos Aires, ecoou as profundas inquietações geradas por um documento de Pequim sobre o possível uso militar da estação espacial que a China está concluindo na província de Neuquén, numa área de 200 hectares cedida a ela pelo governo nacionalista-bolivariano de Cristina Kirchner.
O uso militar dessa estação já não é segredo. Porém, os convênios entre Cristina Kirchner e o ditador maoísta Xi Jingping foram assinados no maior sigilo, tendo as obras sido iniciadas sem a indispensável aprovação do Congresso.
O novo documento chinês, de 26 de maio, é de responsabilidade do Escritório de Informação do Conselho de Estado em Pequim.
Trata-se de um relatório em seis capítulos explicando que, de acordo com a nova estratégia militar chinesa, “a aviação militar visará construir uma força de defesa do espaço aéreo que possa realizar operações aerotransportadas, a projeção estratégica e o apoio integral”.
O texto é sinuoso e ambíguo, comentou o jornal La Nación. Pois, sem mencionar diretamente a base militar chinesa na Patagônia, aplica-se perfeitamente a ela e a põe a serviço da nova estratégia bélica chinesa.
No capítulo sobre “missões e tarefas estratégicas das forças armadas da China”, o plano chinês fala de uma “linha estratégica de defesa ativa” que inclui a “cooperação militar e segurança” com certos países.
“O espaço – explica – é dominante na competição estratégica internacional”, acrescentando que “apareceram os primeiros sintomas de militarização do espaço extraterrestre”.
O texto fantasia dizendo que a China já defendeu o uso pacífico do espaço, mas fala do surgimento de desafios nesse setor que a levariam a adotar medidas defensivas, não mais respeitando o espírito pacífico de que outrora estaria imbuída.
As insinuações não deixaram margem à dúvida em Buenos Aires.
A embaixada de Pequim em Buenos Aires foi procurada, mas não quis se pronunciar. Apenas lembrou que em outras ocasiões o embaixador Yang Wanming negou qualquer uso militar da estação espacial de Neuquén.
A resposta foi entendida como uma fuga pela tangente e aumentou as desconfianças.
Base militar chinesa na Patagônia
A estação em foco será operada pela China Satellite Launch and Tracking Control (CLTC), que é dirigida pelo general Zhang Youxia, chefe do Departamento Geral de Armamentos do Exército Popular de Liberação (EPL), nome do exército vermelho desde os funestos tempos de Mao Tsé Tung.
O general Zhang também é um dos 11 membros da Comissão Militar Central do PC chinês, encabeçada pelo presidente Xi Jinping em pessoa.
Zhang também dirige o Science and Technology Committee (STC), responsável pela inovação tecnológica de armamentos, que inclui desde o programa de modernização dos mísseis de curto alcance até os ICBM intercontinentais, capazes de transportar ogivas nucleares.
Não poderia ser mais preocupante.
Oficiais e acadêmicos vinculados às Forças Armadas argentinas mostraram reservadamente sua preocupação pelas consequências do documento chinês.
Dois deputados estaduais que tentaram visitar a base foram proibidos de entrar. Os funcionários alegaram que só poderiam ingressar com a anuência do embaixador da China e que esse não estava disponível.
O texto que chegou de Pequim deixou claro que o conflito pelo espaço é um horizonte da China e mais um campo de combate da guerra cibernética, disse um assessor militar argentino.
Não há perspectivas próximas de um conflito militar na América do Sul com envolvimento chinês. Mas a base suspeita aproxima fortemente esse perigo.