O jornal Le Monde de Paris, púlpito entusiasmado da revolução verde, publicou matéria sob o título “A contestação ecologista cria novos Robespierres”.
Ele se referia ao aparecimento das chamadas “zonas a defender” (ZAD), espécie de territórios livres que desconhecem a autoridade do Estado ou da lei.
E explica: trata-se de “defender o meio ambiente contra os poderes públicos, contra os projetos de desenvolvimento econômico”.
São novas pequenas “Sierras Maestras” na França, mas de um tipo diferente. Uma espécie de guerrilha mais psicológica do que armada porém radicalmente ambientalista cria centros anárquicos que desgarram a unidade nacional.
A mais simbólica está numa floresta em Notre-Dame-des-Landes, na região administrativa do Pays de la Loire, departamento de Loire-Atlantique.
Ali “zadistas” – não confundir com os jihadistas, que usam a bandeira verde do Islã – montaram um quartel anárquico com ares de taba indígena e/ou comuna hippie ocultista.
Desde esse local-símbolo os militantes verdes protagonizam protestos e enfrentamento com as forças policiais com o pretexto de protestar contra a criação na região do aeroporto internacional do Grande Oeste, ou de Notre-Dame-des-Landes, no noroeste de Nantes.
Os militantes verdes dessas zonas inspirados no tubo de ensaio de Notre-Dame-des-Landes se auto-organizam e erguem barricadas visando uma defesa radical, por vezes violenta, dos santuários ambientais por eles criados.
Eles se insurgem contra as decisões da Justiça, que desprezam, e pretendem encarnar um novo ideal de justiça que põe o Direito de cabeça para baixo, observa o jornal.
No Brasil, temos abundantes exemplos disso. A começar pelas invasões de fazendas pelo MST e seus cúmplices, as tribos indígenas insufladas pelo CIMI e por ONGS, e por fim os quilombolas.
Sob o pontificado do Papa Francisco esses movimentos, dessemelhantes na aparência, convergiram para fundar áreas verdes autônomas englobadas sob um confuso conceito de territorialidade.
Na França, o conceito de ZAD apareceu em Notre-Dame-des-Landes, onde os “zadistas” aglutinam os restos dos movimentos anticapitalistas em torno da contestação ecológica do progresso, da ordem e dos poderes públicos.
A inspiração vem direto da Revolução Francesa: os “zadistas” são a versão século XXI do povo revolucionário que num momento de furor desce às ruas e degolareis, aristocratas, padres e ci-devants, queimando palácios e igrejas em nome do ideal do “bon sauvage” que vagabundeia pela floresta numa união ‘mística’ com a natureza, igual aos animais – tidos, aliás, como sagrados.
A desobediência “zadista” não mais se identifica com o pacifismo. Ela é filha dos sans-culottes das jornadas sangrentas do Terror e da Comuna de Paris. Objetivo: quebrar o poder, desmontar a legalidade, opor-se às forças da ordem inimigas da Terra.
Os “zadistas” alimentam uma consonância profunda com os movimentos sociais convocados pelo Papa Francisco para um encontro no Vaticano em outubro de 2014.
Gentileza retribuída pelo Pontífice no igualitário meeting de Santa Cruz de la Sierra, no qual o “irmão” Evo Morales ostentava no peito a imagem do Che Guevara.
O voluntariado dos movimentos sociais “zadistas” caminha para ser um movimento internacional armado, diz a reportagem do “Le Monde”.
Na Revolução Francesa, seus antepassados partiram para defender os erros igualitários em todos os lugares onde eles estivessem excitando revoltas e motins.
Agora os “zadistas” convocam os movimentos antiglobalistas mundiais para uma contestação assanhada do poder, qualquer que seja ela, em defesa da Mãe Terra.
O “Le Monde” não esconde seu fascínio pelo “zadismo”, mas observa que a tradição revolucionária francesa postula que no momento adequado será indispensável o surgimento de novos Robespierres.
Eles serão necessários para liderar seu termo natural esse movimento social europeu verde.
A minoria “zadista” já faz reivindicações de tipo tirânico e quer impô-las sob o pânico – perfeitamente falso – de um iminente desaparecimento da vida do planeta provocado pelas mudanças climáticas de origem humana.
Nessa hora o sonho ébrio de uma liberdade malsã se sublima em tirania revolucionária.
Então os Robespierres aparecem e começam a pedir a cabeça dos indiciados como ci-devants.
Outrora fizeram funcionar sem descanso a guilhotina no “altar da pátria”. Amanhã poderá ser no “altar da natureza”.
Nas jornadas criminosas do Terror cantavam o Ça ira; no alvorecer do Terror verde poderão entoar o hino Laudato si’ na sua versão pós-conciliar.