Laurent Bouvet, pensador socialista e diretor do Observatoire de la Vie Politique (Ovipol) da Fondation Jean-Jaurès, pintou um deprimente quadro do Partido Socialista francês (PS), hoje no poder e praticamente a única opção viável para as esquerdas francesas.
Bouvet resumiu o seu balanço com uma frase lapidar: “O PS está moribundo, o partido de Épinay [Épinay-sur-Seine, localidade onde foi fundado] está morto”, registrou o jornal parisiense Le Figaro (Cfr.: Alexandre Devecchio, “Laurent Bouvet : «le PS est moribond, le parti d’Épinay est mort»“, 6/6/2015).
O tema interessa na América Latina pois o PS francês foi e continua sendo um grande patrocinador das esquerdas tupiniquins, intensamente unido ao lulopetismo e ao Foro de São Paulo.
Bouvet apontou como causas do desastre o desinteresse e a desconfiança do público em relação aos partidos políticos e aos jogos de lideranças partidárias, bem como a fraqueza dos militantes socialistas em se mobilizarem.
A própria estruturação do partido, que é o farol das esquerdas francesas, está em profunda crise. Ele deveria se renovar, mas todos brigam internamente pelo controle do aparelho partidário que se desfaz.
Pouco restou das promessas de socializar a economia, feitas pelo presidente Hollande, e quase nada se empreendeu no sentido socialista, deixando os militantes decepcionados.
Reformas como a do “casamento” homossexual, da educação sexual escolar, etc., levantaram uma onda de oposição que ameaça sepultar o partido para sempre.
Esses fenômenos provocaram resultados eleitorais catastróficos para o PS e o conjunto das esquerdas.
Embora faça concessões, Hollande, o presidente mais impopular da V Republica, não consegue reverter o desastroso panorama econômico, que multiplica a antipatia popular.
O PS fundado em Épinay visava trazer à política o espírito anárquico e emancipador de Maio de 68.
Ele chegou a conquistar a Presidência em 1981 com Mitterrand, mas logo abandonou a plataforma autogestionária que devia operar a ruptura com o regime de propriedade privada e livre iniciativa, eliminando o capitalismo, conforme prometia.
Ficou para o PS conduzir a “emancipação” da sociedade, leia-se a promoção dos “direitos” das minorias, como LGBT ou raciais.
O partido ficou lotado de representantes dessas minorias, concentradas nos centros urbanos. Porém, o povo abandonou-o e correu para a extrema-direita.
Hoje o projeto do PS gera dúvida e desordem entre os socialistas e o partido já avista uma catástrofe eleitoral nas próximas eleições presidenciais.
O pouco que subsiste após tantas derrotas será logo varrido por essas derrotas eleitorais, diz Bouvet, provocando pesadas deserções.
O eleitorado “progressista” não existe mais como pedestal político para relançar uma forca capaz de enfrentar a direita ou mesmo a extrema-direita, continua o especialista.
Trata-se de uma dissolução sociológica da base do partido. Ele devia se apoiar na juventude, na igualdade e na diversidade. Mas hoje está tomado pelas brigas dos velhos “elefantes”.
Fica pouco do partido original. O desejo de romper com o capitalismo através da socialização dos meios de produção, da propriedade coletiva e da intervenção maciça do Estado na economia, pertence à sua história, não ao presente.
O anti-racismo se esgotou. Quem se lembra do emblemático SOS Racismo?
O anti-racismo se revelou ineficaz e ficou como pretexto para favorecer a carreira burocrática de militantes das causas anti-racistas.
Porém, o PS ainda conserva “toda uma casta de guardiões do templo para quem o menor questionamento equivale a um ataque contra o dogma”. E a imprensa ri dessa cegueira.
Os líderes partidários, os responsáveis locais, as associações cidadãs que engrossam a periferia partidária não são mais capazes de entender a sociedade e de conversar com ela.
O anti-racismo virou um dogma totalmente ineficaz contra o racismo e sucumbe diante dos espectros anti-semitas e antimuçulmanos, que crescem renovados.
O governo ataca este e aquele intelectual, esquecendo-se de que a intelectualidade é um componente essencial da vida francesa, sobretudo nas esquerdas.
A independência de espírito e a liberdade de crítica estão encravadas na alma revolucionária desde o Iluminismo.
Mas quando algum intelectual se volta contra o partido, este o esmaga. E se suicida…
Os símbolos, a ideologia, as ideias, os militantes, os representantes eleitos, as redes sociais, isso formava o corpo do PS. Já não há mais nenhuma doutrina identificável no socialismo e as sedes do partido se esvaziam.
O partido nascido em Épinay está morto. E essas foram as suas causas. A atual estrutura do PS ainda boia, mas entrou em estado terminal sem sobressaltos. Sem um choque elétrico profundo não se vê como possa se reinventar, concluiu o pensador socialista.
Os maiores conservadores de ideologias políticas econômicas são os socialistas que persistem em viver em utópicas maquinações mentais dos anos de 1800.
Não conseguem perceber que já estamos no século XXI e todo complexo humano se reestruturou em comportamentos nada previsíveis. Persistem em pensamentos errados do século XIX.
Que morra o socialismo miserável e criminoso!
No entanto, como brasileiro adora andar na contra-mão da História…. vamos caminhando passo a passo em direção a países muito mais avançados, tipo Cuba, Venezuela, Peru, Bolívia, Uruguai……