Na oração do Angelus, há três pontos essenciais:
— “O Anjo do Senhor anunciou a Maria. E Ela concebeu do Espírito Santo”.
— “Eis aqui a Escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa palavra”.
— “E o Verbo de Deus se fez carne. E habitou entre nós”.
O fato de ter havido uma mensagem angélica; a atitude de Nossa Senhora de inteira obediência a essa mensagem, e o fato do Verbo de Deus não apenas Se ter encarnado, mas ter habitado entre nós, nesses três pontos está condensada toda a história do Natal. E de uma forma tão sintética, lógica e densa, que não se deveria acrescentar nada mais. Cada ponto é seguido da recitação de uma Ave-Maria, que é uma glorificação da Santa Mãe de Deus, por esse aspecto daquela verdade que o Anjo anunciava.
O maior fato da História da humanidade, a maior honra para o gênero humano, é exatamente o fato de o Verbo ter-se encarnado e habitado entre nós.
Tornou-se hábito na piedade católica repetir essas verdades e louvar Nossa Senhora, pedindo-lhe graças a propósito dessas verdades. É a recitação da oração do Angelus, rezado pela manhã, depois ao meio-dia, e no final da tarde, às 6 horas. Tem-se a impressão de um vitral que vai mudando de colorido, assim como o Angelus vai mudando de matizes de acordo com as horas do dia.
A Igreja católica toma essa joia, que é o Angelus, e a agita nas várias horas do dia, como para tirar dela toda a beleza.
Assim, compreende-se como nas coisas católicas — que são todas construídas na Fé, com uma espécie de instinto do Espírito Santo para se fazer bem feitas —, encontra-se um mundo de harmonia. Admirável harmonia entre a maior clemência, a maior simplicidade e a maior profundeza de conceitos. Uma espécie de beleza indefinível, que tem enfeites poéticos e literários, que não entram em choque, mas, pelo contrário, é uma espécie de complemento.