Superficialidade, mau gosto e libertinagem

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    Edson Carlos de Oliveira

    O homem de hoje vive depressivo, cansado e sem tempo. Nada lhe sacia. Para ele a felicidade é o prazer constante. Chega a imaginar que se uma pessoa pudesse sentir a cada momento uma sensação sensível, aprazível, este seria feliz.

    Nesta perspectiva, a menor das dores é considerada, pelo homem de hoje, a desgraça suprema.

    Dor. Palavra proibida. Excluída do vocabulário do dia-a-dia. Pronunciá-la traz má sorte. Falar em mortes, doenças ou desastres tornou-se politicamente incorreto. Todo mundo precisa sorrir para tudo e para todos.

    Fugir do sofrimento é o ideal de nossos contemporâneos. E por não conseguirem escapar dessa pena imposta por Deus como castigo do Pecado Original, vivem sofrendo. E sofrem por não se livrar da dor. Preferem se deixar iludir pela promessa de um mundo utópico sem ela do que aceitá-la como meio de santificação.

    E por recusarem a lógica da dor, sem lógica são suas ações dolorosamente ilógicas.

    O homem de hoje despreza o tradicional e durável. Ele gosta da novidade, do superficial e do descartável. O que compra hoje, não tem valor amanhã. Mas se ufana em possuir na sociedade moderna direitos de consumidor para reclamar pela má qualidade dos produtos.

    O homem de hoje abandonou o bom gosto dos ambientes do passado e o valor de uma boa conversa para passar grande parte de sua vida diante da TV, sentado num puff, com uma lata de refrigerante – Light, é claro – na mão e comendo qualquer coisa “sem gordura trans”. O auge de suas relações sociais se limitam a rodas de piadas, fofocas e deboches dos defeitos de amigos que não estão presentes.

    O homem de hoje pouco se importa com normas morais. Luta com toda fibra por mais e mais liberdade, não suporta a menor repreensão, mas se espanta com o aumento da criminalidade, do narcotráfico, da pedofilia e da maternidade precoce.

    O homem de hoje, em favor da agitação e do barulho, abandonou a temperança, o recolhimento e o remanso; e encontrou a depressão, o cansaço e a falta de tempo. Por uma vida de piadas e gargalhadas, desprezou a seriedade e a serenidade e obteve em troca a tristeza e estupidez no trato. Quis liberdade e se indignou por sua filha de 15 anos estar grávida e não saber dizer quem é o progenitor.

    O homem de hoje colocou a tradição, o bom gosto e a moralidade no banco dos réus. Ele via na superficialidade, no grotesco e na libertinagem um caminho para fugir da dor. Pensava que se entregando ao instintivo e ao espontâneo chegaria, enfim, ao reino da felicidade terrena repleta prazeres.

    O homem de hoje baniu da sociedade o que havia de bom no passado, construiu um presente sombrio e deixará como herança um futuro onde só se vislumbram catástrofes no horizonte.

    Só nos resta uma esperança.

    “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!” (Nossa Senhora de Fátima, 1917)

    4 COMENTÁRIOS

    1. Saudações
      É isso mesmo,deixou-se de lado a consideração do aspecto tão natural da dor moral e física de forma que,passou-se a encarar a existência terrena como oportunidade unica de conquista da felicidade.
      Passou-se a considerar que o máximo de felicidade que uma pessoa pode conquistar seria a satisfação dos sentidos,descartando-se as possibilidades de satisfação que não fossem as da carne.
      A felicidade deve ser buscada sim,no mundo corrompido pelo pecado,de forma realista,sabendo-se que enquanto a criação não for resgatada da decadência em que se encontra,só podemos auferir prazeres momentâneos e alívios passageiros.É próprio da natureza corrompida,a alternância entre dor e refrigério.
      Deve-se contudo ter em mente que,nas atuais condições em que se encontra a humanidade,vida sem dor ou prazer,não existe,estes alternam-se por toda a vida,em maior ou menor grau,sendo que o prazer é somente o alívio momentâneo da dor,não podendo porém,ser evitado todo o padecimento.
      As pessoas são assim hoje em dia,devido ao pensamento materialista,que com suas bases primordialmente empíricas,não admite outra existência que não seja a física,estreitando assim os limites do conhecimento da realidade.
      No entanto,felicidade plena,teremos quando o pecado e o inimigo infernal forem vencidos,se nesse momento estivermos ao lado do vencedor,que é Cristo.
      Este é um dos mais profundos artigos que tive a oportunidade de ler, de autoria do estimado escritor e pensador conservador Edson Carlos de Oliveira,difícil de comentar,dada a dimensão de sua profundidade e sua atualidade.
      Parabéns!

    2. Salve Maria!

      Parabenizo o senhor pelo texto que exprime tão bem o paradoxo da vida do homem moderno. É bem isto que o senhor diz, “Fugir do sofrimento é o ideal de nossos contemporâneos. E por não conseguirem escapar dessa pena imposta por Deus como castigo do Pecado Original, vivem sofrendo. E sofrem por não se livrar da dor”.
      É como aquela analogia que o professor Plinio Corrêa de Oliveira fez sobre imaginar a vida do homem moderno como um salão de festas em que todos no intimo estão infelizes, mas como não sabem o que se passa na mente do outro e imaginam que o outro está feliz e contente, fingem que também estão neste estado de espírito. Mas, no fundo, todos fingem para todos. É bem isto!
      Mais uma vez o parabenizo!

    3. Conheci desde menino um ditado que até estava escrito em um onibus: “Quem nasceu para não sofrer não serve para viver”. Percebi ao longo de minha vida que isto é muito verdadeiro. As consequencias da não aceitação do sofrimento faz sofrer mais ainda.

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