A televisão estatal socialista difundiu uma “confissão de crimes” antissocialistas do cidadão sueco Peter Dahlin preso pelo regime.
O caso aconteceu após a reaparição misteriosa no território continental de dois editores desaparecidos em Hong Kong, a expulsão de uma jornalista francesa e citações policiais a advogados dos direitos humanos, noticiou o site 20minutes.fr.
Jean-Vincent Brisset, diretor de pesquisas no Institut de Relations Internationales et Stratégiques – IRIS, especializado na Ásia explicou que semelhantes crimes contra a liberdade são coisa de todos os dias na China.
“Quando os presos são pobres ou cristãos então ninguém fala. Mas quando se prende intelectuais ou europeus, é diferente: a mídia ecoa…”, disse.
“O poder chinês se consolida prendendo as pessoas. Na China se diz: ‘mata o frango para assustar o macaco’, que quer dizer que se você ataca o mais débil você intimidará o mais forte”, explicou.
O embaixador da União Europeia na China manifestou “vivas apreensões” pela prisão de cidadãos da UE. Mas, segundo Brisset, isso não terá consequência relevante alguma.
A União Europeia não tem caráter e não reagirá, como podem fazê-lo os EUA, completou.
As autoconfissões pela TV não é coisa nova no comunismo. É uma montagem em que a pessoa não tem mais jeito senão se declarar culpado e enumerar os seus “crimes”, verdadeiros ou não.
O regime manteve o seu singular hibridismo de comunismo dirigista com o capitalismo ocidental ao oferecer comida e trabalho ao povo, mas isso está diminuindo.
O regime vem perdendo legitimidade aos olhos dos chineses. Há uma fratura social profunda no país, prosseguiu Brisset, com motins de camponeses que a China não conhecia há vinte anos.
Por fim, as cidades são intensamente poluídas, chegando a ser mortais. E os chineses percebem que o poder comunista não é apenas incapaz, mas não quer reparar o desastre.
Por isso a ditadura chinesa é ao mesmo tempo forte, mas em vários pontos muito frágil. Os pés dessa estátua são de barro…