“Ressurreição” de Stalin na Rússia: Putin esfrega as mãos

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    Os comunistas russos declararam 2016 o “ano de Stalin”, em comemoração pelos 80 anos da constituição soviética redigida por ele em 1936.

    O líder marxista dizia que era “a mais democrática do mundo”, embora tenha sido o ponto de partida para o massacre de milhões de seres humanos, escreveu o jornal“El Mundo”, de Madri.

    Na cidade de Penza, a 600 quilómetros de Moscou, foi inaugurado um centro Stalin para “reabilitar” o nome do ditador e defender sua sinistra obra à testa da URSS.

    O objetivo é “lavar o nome de Stalin após décadas de calúnias”, explicou Gueorgui Kamnev, líder do Partido Comunista na região de Penza.

    “Ainda está viva uma geração que cresceu com a ideia do Estado como pai protetor”, reflexiona a compositora russa Maya, que pertence à geração dos novos russos que não conheceram o regime soviético.

    “O problema é que esse pai protetor era ao mesmo tempo autor de uma infinidade de crimes”, acrescentou.

    O governo de Vladimir Putin aufere benefícios com a reabilitação da obra de Stalin, mas especialmente pelo conflito com a Ucrânia, um país que o velho ditador dizimou com uma fome que matou milhões: o macabro Holodomor.

    People carry red flags and a portrait of the late Soviet leader Josef Stalin during a ceremony to mark the 60th anniversary of his death in his hometown of Gori, about 80 km (50 miles) west of Georgia's capital Tbilisi March 5, 2013. REUTERS/David Mdzinarishvili (GEORGIA - Tags: POLITICS ANNIVERSARY SOCIETY)
    Velhos saudosistas comemoram 60 anos da morte do ditador que matou milhões.

    Além do mais, Putin resiste às medidas saneadoras propostas pelo Ocidente para consertar a questão ucraniana. E Stalin lhe serve de modelo para se aferrar ao poder e resistir ao Ocidente.

    Em 2015, durante um encontro com a chanceler alemã Angela Merkel, Vladimir Putin defendeu o pacto Ribbentrop-Molotov, assinado pelos ministros de relações exteriores de Hitler e Stalin.

    Por esse tratado, assinado em 23 de agosto de 1939, o III Reich e a URSS combinaram a aliança que iniciou a II Guerra Mundial.

    Os dois ditadores partilharam a Europa Central, condenando milhões de pessoa à deportação e ao extermínio, especialmente quando eram católicas.

    Historiadores como Robert Coalson sublinharam que esse pacto abriu o caminho para a invasão conjunta da Polônia e a ocupação soviética dos países bálticos, que deslanchou a II Guerra Mundial.

    Putin defendeu maquiavelicamente o pacto porque “garantia a segurança da URSS”, deixando claro que está prestes a qualquer outro gesto de semelhante iniquidade se for de seu interesse.

    O regime de Stalin acaba sendo um modelo do que se deve esperar do novo dono do Kremlin.

    Após a morte do homicida de massa, as autoridades russas denunciaram oficialmente o terror de Estado aplicado por Stalin durante 30 anos, até sua morte em 1953.

    A bondade de Stalin ilumina o futuro de nossas frlhos, diz o cartaz Putin joga a mesma cartada bancando o defensor da família e da moralidade pública
    “A bondade de Stalin ilumina o futuro de nossas filhos”, diz o cartaz. Putin joga a mesma cartada bancando de defensor da família e da moralidade pública, até no Ocidente!

    Em 2007 Putin se somou pela primeira vez a essa condenação.

    Mas foi só mudarem as conveniências, como as envolvidas na invasão da Ucrânia, que ele cinicamente voltou a espalhar grandes retratos de Stalin nas ruas de Donetsk, a capital ilicitamente ocupada pelos rebeldes pró-russos financiados e armados pelo Kremlin.

    Dessa maneira, o grande coveiro soviético continua fornecendo o combustível imoral da ofensiva putinista contra o Ocidente, escreve “El Mundo”.

    O corpo embalsamado do ditador marxista está enterrado em frente do Kremlin, na Praça Vermelha.

    Na data de seu aniversário, cerca de trinta “fiéis” comparecem para venerá-lo, sempre irredutíveis e com as mesmas flores vermelhas, como se usava no tempo da URSS.

    Para esses a gesta sinistra de Stalin foi um episódio da luta entre o bem e o mal que prossegue hoje em dimensão global, capitaneada por Vladimir Putin.

    Enquanto prestam seu culto, lá, em alguma janela do palácio de governo, Putin pode contemplar a cena, tirar inspiração e esfregar as mãos.

    3 COMENTÁRIOS

    1. ta.. e ai? os católicos também nunca mataram ninguém? hehehe e a vida faz aqui aqui paga..
      ta certo os russos não deixar esses religiosos organizar outra cruzada ou outra santa inquisição..

    2. O que dizer daqueles que, em nome de interesses escusos, defendem um facínora sanguinário, um servo do demônio na Terra? Para Putin, se trata da busca pelo poder supremo, como sempre. Mas e as pessoas do povo que “idolatram” o verme comunista? Talvez a psiquiatria explique.

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