Uma empresa brasileira acaba de lançar uma espécie de jeans que, segundo ela, não precisa ser lavado. A ideia é bastante chocante, mas está na lógica da revolução nos costumes, a que já se propõe o uso habitual do blue jeans, ou seja, um igualitarismo por baixo que leva para uma espécie de tribalismo.
Para o homem cristão, o traje não é apenas um agasalho para o corpo. Ele tem ainda a função de proteger o pudor que está no instinto humano. Esse instinto apareceu com o pecado original. Narra a Sagrada Escritura que Adão, após ter comido o fruto proibido, no Paraíso Terrestre, se escondia de Deus porque se encontrava nu. Deus, então, vestiu o primeiro casal: “E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.” Gênesis 3:21
Ademais, a civilização cristã, ao longo dos séculos, foi lentamente aprimorando os trajes de acordo com os costumes, mas sempre recatados. Assim, os homens passaram a usar trajes diferentes de acordo com a sua posição social ou mesmo com as suas profissões.
Com o advento da Revolução na Sorbonne de 1968, e mesmo antes, produziu-se uma decadência cada vez mais acentuada nos costumes. Conta o articulista da Revista Catolicismo, Nelson Fragelli, que “o blue jeans surgiu no mundo operário. Jakob W. Davis, trabalhador nas minas de Comstock, em Nevada (Estados Unidos), é reconhecido como o criador das “calças azuis rebitadas”, no fim dos anos 60 do século XIX. Ele criou uma roupa resistente usando o mesmo tecido das tendas de acampamento, com um tipo de costura aparente utilizada então para selas e arreios (…)”.
Eric Hobsbawn, historiador marxista, disse que a mais importante mudança do século não era a revolução comunista de 1917, nem sequer a revolução de Sorbonne: “Ao discorrer sobre os movimentos estudantis dos anos 1960, ele chegava a argumentar que ‘a marca distintiva realmente importante na história da segunda metade do século XX não é a ideologia nem as ocupações estudantis, e sim o avanço do jeans’ (…)” [1].
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O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira salienta a importância do traje para o espírito: “quem sabe que o homem não é só matéria, sabe também que o traje não é apenas um agasalho, que segundo a ordem natural das coisas ele deve também prestar serviço ao espírito.
Que serviço? Por uma propriedade que não é apenas convencional ou imaginativa, mas que crava raízes no âmago da realidade, certas formas, certas cores, as qualidades de certos tecidos, produzem no homem determinadas impressões, que são mais ou menos as mesmas para todos os homens. Impressões e, pois, estados de espírito, atitudes mentais, em certos casos todo um pendor da personalidade. É este um dos fundamentos da arte. Assim pode o homem, por meio do traje, exprimir até certo ponto sua personalidade moral, o que facilmente se pode notar no vestuário feminino, tão apto a espelhar o feitio mental da mulher.” [2]
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Referências:
[1] Nelson Ribeiro Fragelli, “Breve história do blue jeans”, Revista Catolismo, Fevereiro de 2010.