Autor: Sergio Mauad*
A velocidade com que o volume de informações é divulgado pelo mundo dispersa a atenção de grande parte dos cidadãos. Embevecidos pelo mercado consumidor e pelas atrações banais da vida cotidiana surgem, apenas como exemplos, as frustrações profissionais, casamentos precocemente desfeitos, desapego ao meio familiar e espiritual, fatos que se somam à realimentação de um ciclo desestruturador da sociedade e que a torna desprotegida. Somam-se outros fatores como baixo investimento em educação, saúde e moradia adequada e é atingido o meio familiar, que é a célula mãe da sociedade. É atingido também, negativamente, o Estado, que se desorganiza e abre espaço para que dirigentes menos escrupulosos dele se apoderem e o fragilizem.
Esvaem-se a ética e o bom caráter, elementos fundamentais para o progresso de uma nação ordeira. Em meio a esta complexidade, grande parte da população dedicada ao trabalho produtivo enfrenta em seu convívio familiar um conflito de conceitos, e passa a depender do Estado que, fragilizado, perde as bases dos regulamentos gerando absoluta insegurança. Isso desorganiza a produção e gera instabilidade social, colabora com a perda de receita do Estado por tributos e cria um ciclo de desconfiança.
No meio empresarial a desfiguração do conceito da ética enfraquece não apenas seus quadros de funcionários, com a alta rotatividade, mas também a coletividade de seu segmento. Perde a indispensável força pela união. Perde a confiabilidade de seus parceiros comerciais, prejudicando o jogo do ganha ganha.
Em artigo recente, o secretário da educação de São Paulo, José Renato Nalini, afirmou que “uma sociedade órfã vai se socorrer de instâncias que substituam a tíbia parentalidade. O Estado assume esse papel de provedor e se apropria de incumbências que não seriam dele. Afinal, Estado é instrumento de coordenação do convívio, assegurador das condições essenciais a que indivíduos e grupos intermediários possam atender à sua vocação. Muito ajuda o Estado que não atrapalha, que permite o desenvolvimento pleno da iniciativa privada, apenas controlando excessos, garantindo igualdade de oportunidades e só respondendo por missões elementares e básicas, como segurança e justiça. Tudo o mais, deveria ser providenciado pelos particulares.”
De fato, a sociedade com este perfil descaracterizado passa a ter uma dependência excessiva do Estado. Assim, ele deixa de ser apenas o indutor à organização plena da sociedade para a boa convivência, harmonia e produtividade, tornando-se também, inconvenientemente autoritário. É nesta situação que temos no Brasil de hoje com quase 40% de carga tributária, perdendo apenas para países desenvolvidos que, em troca, oferecem serviços públicos de qualidade ao seu povo, sendo exemplos nas áreas da saúde e educação.
Para seguirmos o mesmo caminho, é preciso que o Estado se reestruture, limitando-se exclusivamente às suas funções básicas, baixando substancialmente os impostos e respeitando as liberdades individuais e de produção. Este é o caminho sustentável do enriquecimento econômico e social.
*Sergio Mauad é conselheiro do Secovi-SP e colaborador da FIABCI-BRASIL
O Sr. Sérgio Mauad tem inteira razão.
Achamos que os impostos são altíssimos, achamos que o Estado penetra em todos os setores e em muitos em que não se deveria meter.
No entanto, estamos sempre prontos a pedir ao Estado algo mais. Nunca nos cansamos, como se ele fosse o nosso Pai.
Vejam só. Os nossos filhos vão para as escolas e a nossa ideia primária não é que eles aprendam. É que eles tenham três refeições que os poderes públicos lhes oferecem; que eles tenham roupa escolar que passa a ser a única roupa que eles têm, dentro ou fora da escola; que eles tenham transportes gratuitos; que lhes seja dado os livros, os cadernos, os lápis, as borrachas, o diabo, que eles precisam para estudar. Eu, Pai, estou “nas tintas” para isso tudo;parece que não é problema meu.
Mas quem são eles? São nossos filhos ou filhos do Estado? É claro que o estado tem de aumentar as suas receitas para fazer face a estas despesas que deveriam ser privadas.
Mas se o estado tudo dá aos nossos filhos, eles passam a ser filhos do Estado e, consequentemente o Estado os ensina de acordo com aquilo quer, que pode ser muito diferente daquilo que eu desejo, mas eu mão posso discutir, porque o Estado é que os sustenta.
Esta discussão não tem fim, porque todo o sistema está errado e eu tudo faço para que ele se torne cada vez mais errado