Enquanto o cavalo vai sendo cada vez mais abandonado pelo homem como meio de transporte e tração, sua voga no esporte continua a ser plenamente atual, e por toda a parte o hipismo permanece objeto de vivo interesse. E daí também o fato de que o campeão de football e o do box não destruíram de modo nenhum a popularidade do jockey e do cavaleiro. E realmente as qualidades de arrojo e prudência, percepção fina, presença de espírito, agilidade, conhecimento e domínio perfeito da montaria, que o autêntico cavaleiro deve possuir, em grau relevante, bem lhe merecem o interesse e o aplauso do público.
Nossos clichês apresentam três cavaleiros saltando difíceis obstáculos. Fotografias típicas de clubs de equitação no mundo inteiro. É um prazer contemplar a destreza, a força, a elegância destes três cavaleiros.
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Sim, com uma restrição: é que não são cavaleiros, mas “cavaleiras”, elementos de destaque do hipismo [gaúcho], às quais o sistema de montar, o traje, tudo enfim concorre para dar um aspecto marcadamente masculino.
Sem entrar em pormenores na análise deste ponto, lembremos de passagem quanto é antinatural e anormal que em qualquer circunstância e sob qualquer pretexto uma mulher pareça homem: absolutamente tão antinatural e tão anormal como se um homem parecesse mulher. A estranha mania de masculinização da mulher – e quanto haveria que dizer também sobre o efeminamento do homem! – penetrou igualmente no hipismo. É o que todo o mundo sabe e nossos clichês mostram com irrecusável evidência.
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De onde vem esta tendência? Em cada caso concreto ela se inculca sob um pretexto diverso: comodidade, simplicidade, economia, etc. No caso da equitação, talvez se pense que seja o desembaraço de movimentos e a segurança. Mero engano…
Aqui temos um grupo encantador de amazonas alemãs, que galopam céleres em um parque aristocrático. Usando silhões, montam com a distinção de verdadeiras senhoras, o que não impede que seu galope tenha a rapidez, o desembaraço, a leveza de uma cavalgata de Valkirias. Todo o seu traje põe bem em evidência toda a graça e delicadeza de damas de destaque em uma nação altamente civilizada: mas em nada fica prejudicada a nota propriamente esportiva ( usemos no seu bom sentido esta palavra sobre cujas múltiplas e duvidosas aplicações se poderia fazer todo um artigo ) que é inseparável da equitação.
Não são, pois, as razões de ordem prática que impõem a masculinização da mulher na equitação. Devemos antes ver neste fato mais uma manifestação da tendência, cada vez mais acentuada hoje, de tudo nivelar, igualar, homogeneizar, e confundir.
Publicado originalmente em “Catolicismo” Nº 28 – Abril de 1953 na seção “Ambiente, Costumes, Civilizações”
Observo esse fenômeno também nas atuais “cantoras sertanejas”, que se vestem como cowboys, com calça jeans, cinto com “fivelão”, botas, chapéus e etc. Parecem homens com cabelo comprido.
E Santa Joana d’Arc como trajava e cavalgava?
Sou contra feminismo. Acho que a mulher, em tudo o que faz, deve pôr um toque feminino. Mas acho que cavalgar à antiga moda deve ser até inseguro para as mulheres.
Não sou expert em hipismo, contudo, nunca pensei nesses termos com relação à aparência de quem monta o cavalo. Na minha visão, o cavaleiro ou “cavaleira” está apenas usando um “uniforme”, assim como policiais ou bombeiros que, quando uniformizados, não vemos muita diferença entre masculino e feminino.