Passo ousado na demolição da Igreja

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    Não é preciso dizer como vai adiantado o processo de autodemolição da Igreja, referido pelo Papa Paulo VI. A “fumaça de Satanás”, que o mesmo Pontífice constatou ter penetrado no templo de Deus, vai sufocando os católicos do mundo inteiro.

    Sob a designação de “progressismo”, esse processo infernal demole a cada dia uma parte da Igreja: um costume milenar que é contrariado, um aspecto capital da liturgia que é substituído, a moral que é conspurcada, uma prática diplomática que conduz à derrota do bem, uma doutrina que é silenciada hoje para ser negada amanhã, e assim por diante.

    Recentemente, não foi uma parte da muralha que caiu; tomou corpo uma investida que busca abalar a própria noção da indivisibilidade da Cátedra de Pedro, questionando a palavra unitiva de Nosso Senhor: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

    “Não prevalecerão”! É absolutamente certo, como certa é a palavra de Deus. Mas até onde podem ser abaladas as noções fundamentais do Papado, antes que uma intervenção divina ponha cobro a tantos desvarios e pecados?

    99516_540x696Estas considerações nos fazem medir melhor o alcance apocalíptico das palavras do arcebispo Dom Georg Gänswein (foto ao lado), durante anos secretário particular do Papa Bento XVI e atualmente Prefeito da Casa Pontifícia. Ele foi porta-voz de um lance recente e espantoso na propulsão desse processo de demolição, lance esse que busca agora atingir a própria noção de indivisibilidade do Papado, falando-nos de um Papado “expandido”.

     Para resumir, transcrevemos o rápido apanhado feito a respeito do tema pelo professor e historiador italiano Roberto de Mattei:

    “No auditório da Pontifícia Universidade Gregoriana, Mons. Georg Gänswein enfatizou o ato de renúncia do Papa Ratzinger ao pontificado com estas palavras: ‘A partir de 11 de fevereiro de 2013 o ministério papal não é mais aquele de antes. Ele continua a ser o fundamento da Igreja Católica; e, entretanto, é um fundamento que Bento XVI transformou profunda e duravelmente no seu pontificado de exceção’.

    “De acordo com o arcebispo Gänswein, a renúncia do Papa teólogo introduziu na Igreja Católica a nova instituição do ‘Papa emérito’, transformando o conceito de munus petrinum (ministério petrino): ‘Antes e depois de sua renúncia, Bento entendeu e ainda entende seu dever como uma participação em tal ministério petrino. Ele deixou o trono pontifício e, entretanto, não abandonou absolutamente esse ministério. Em vez disso, integrou o ofício pessoal com uma dimensão colegial e sinodal, quase um ministério em comum (…). Desde a eleição de seu sucessor Francisco, em 13 de março de 2013, não há portanto dois Papas, mas de fato um ministério expandido [allargatto] — com um membro ativo e um membro contemplativo. É por isso que Bento XVI não renunciou nem ao seu nome, nem à batina branca. Por isso o tratamento correto que se lhe aplica ainda hoje é Santidade; é também por isso que ele não se retirou para um mosteiro isolado, mas permaneceu dentro do Vaticano — como se tivesse dado apenas um passo de lado para abrir espaço ao seu sucessor e a uma nova etapa na história do papado’.

    “Este arrazoado tem um caráter perturbador, demonstrando por si só como estamos não ‘além’, mas mais do que nunca ‘dentro’ da crise da Igreja. O Papado não é um ministério que pode ser ‘expandido’, porque é um ‘cargo’ concedido pessoalmente por Jesus Cristo a um único Vigário e a um único sucessor de Pedro. […] O discurso de Mons. Gänswein, que não se entende aonde quer chegar, sugere uma Igreja bicéfala e acrescenta confusão a uma situação já demasiadamente confusa” (“A crise da Igreja à luz do Segredo de Fátima”, in “Corrispondenza Romana”, 25-5-2016).

    4 COMENTÁRIOS

    1. O que pretendem fazer com a Igreja Católica para ocasionar a pretendida destruição, deturpando seu dogma com dialéticas ocas e diferentes artifícios está fadado ao rotundo fracasso, são milhões de Católicos no mundo inteiro que foram catequisados com as encíclicas iniciais da Fé Católica : A Santíssima Trindade,
      Pai ,Filho e Espírito Santo. Isto perdura através de séculos, as “misturas modernistas e progressistas” não fazem parte do sermão, que apreendi durante o papado de Juan 23 Juan o Bom” , igualmente meus irmãos e irmã na época de os primeiros dias de aula quando existia a matéria: Religião, que graças a Deus conservo fielmente.

    2. O discurso de Mons. Georg Ganswein é incompreensível para mim.
      Melhor, parece que percebo perfeitamente onde ele quer chegar, mas parece-me que atua “off-sider” de Bento XVI.
      Talvez Georg Ganswein nos queira dizer que a crise da Igreja atingiu pontos excepcionalmente preocupantes, mas que devemos manter uma esperança fundada em Bento XVI e que, para fundamento dessa esperança, está toda uma “mise-en-scene” perfeitamente estudada e posta em execução, como se Bento XVI soubesse os tempos difíceis que atravessamos.
      Mas, se assim fosse, então o ato de renúncia de Bento XVI adquire uma expressão extremamente mais complicada do que aquela que expressou no momento da renúncia.

      Então, a renúncia poderia ser explicada como uma última tábua de salvação que o Espírito Santo pôs à disposição da humanidade: Eu vou-vos da um Papa que vai colocar a Igreja sobre o abismo, para que vejam a necessidade urgente de se converterem. Traduzindo: Eu vou dar-vos um Papa que vos dê uns bons sopapos que vos indiquem o caminho do arrependimento.

      Ou a renúncia quer dizer que Jesus Se enganou ao pôr tanto peso sobre um homem só e quer alterar, dividindo esse poder por um colégio de pessoas. Quer dizer, Jesus que é Deus, a Verdade Imutável, errou e quer resolver o erro. Impossível

      Ou quer dizer que Bento XVI, vendo o descalabro da Igreja que se multiplicou com o Concílio, não teve coragem para lhe fazer frente e abandonou o barco sem leme. Também é uma visualização que eu não posso ter de Ratzinger que considero um homem extremamente firma no seu pensamento e nas suas ações e que não conta os soldados antes da batalha. Por Deus, Ratzinger não escamoteia um pensamente para ficar de acordo com os homens.

      Será que este discurso é uma preparação junto do Papa para que ele aceite receber os conselhos de Bento XVI. Também não me parecer ser algo de positivo, porque há formas muito mais válidas e até com mais probabilidade de produzirem bons frutos. Será para que nós, os leigos, empurremos para esse diálogo?

      Quem de nós não gostaria de ouvir uma palavra de Bento XVI?

    3. Infelizmente a Igreja católica de Roma ou seja a Igreja Vaticanista, não é mais dirigida pelo Espirito Santo. E sim pela política da vontade e vaidade dos homens.
      Não creio que Deus esteja neste meio de vaidades e corrupção.

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