13/12/2016 – 108° aniversário de nascimento de Plinio Corrêa de Oliveira

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    Catolicismo, N° 586, Outubro de 1999*

    O que será, de futuro, esse menino?

    Essa pergunta, ao longo da História, pais e mestres a fizeram a respeito de seus filhos e alunos; há quase oito décadas, ela poderia ter sido formulada também em relação a um menino de 12 anos…

    Quando se admira a beleza de uma frondosa árvore florida ou então toda carregada de frutos, experimenta-se um gáudio. Não deixa de ser também aprazível ao espírito admirar a arvorezinha que há pouco germinou e indagar: O que será dessa pequenina árvore? Será frondosa, ou estéril e raquítica? Dará abundantes frutos e flores?

    Se no reino vegetal tal consideração é cheia de propósito, muito mais o é ao observarmos uma criancinha e imaginarmos o que ela virá a ser quando chegar à idade adulta ou mesmo à ancianidade.

    Este quarto aniversário de falecimento do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira é ocasião propícia para admirarmos sua grandiosa obra, com reflexos nos cinco continentes, e nos perguntarmos: Este varão, que até seus últimos dias, aos 87 anos, incansavelmente pugnou em prol da Santa Igreja e da Civilização Cristã, como era ele quando criança?

    Poderíamos preparar mais de uma edição especial de Catolicismo apenas historiando aspectos da inocente infância de Plinio Corrêa de Oliveira. Dessa infância oferecemos hoje a nossos leitores ao menos um dos “frutos”, que sua extremosa mãe, Da. Lucilia, guardou carinhosamente, durante décadas, em suas gavetas. “Saboreando-o”, já naquela época poder-se-ia ter uma primeira idéia da frondosa árvore que a partir dali se desenvolveria: o fundador da TFP.

    A que “fruto” nos referimos?

    A uma eloqüente redação de português, escrita por ele em 1921, nos bancos do Colégio São Luiz, dos Padres jesuítas da capital paulista, quando tinha apenas 12 anos.

    Lendo a breve composição abaixo, é possível que professores do jovem ginasiano se perguntassem: “O que será, de futuro, esse menino?” E por ela poderemos considerar o estudante que, já nos tenros anos, tinha potencialmente o que ele depois nos legou, bem como, em germe, a concepção da luta contra-revolucionária e a gesta que empreenderia mais tarde. Em última análise, vemos o dedo de Deus que modelava sua inocente alma, para que viesse a ser o infatigável varão combatente, defensor dos interesses da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana e da Civilização Cristã.

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    O famoso rei dos montes estava cercando uma cidadela pouco fortificada, mas que a resistência heróica dos habitantes tinha tornado inexpugnável. Acostumado de vencer todos, estava furioso de ver que os seus esforços e as espertezas e astúcias dos seus generais não tinham feito capitular a heróica cidade. O mais valente dos generais do rei, o confidente do monarca pediu-lhe audiência e expôs-lhe o seguinte plano: os arautos deviam jogar na cidade papéis nos quais o soberano inimigo prometia 4.000.000 de piastras a quem lhe entregasse as chaves da porta da cidade.

    Este plano apesar de não agradar ao rei foi posto em execução, e de noite um miserável aproximou-se da tenda do soberano e desejou falar-lhe sendo logo recebido. Aproximando-se do trono o desconhecido disse: “grande rei eis as chaves da porta da cidade, e vamos ao cobre agora”. O rei deu à sua visita a prometida recompensa e expulsou-a indignamente do acampamento depois de ter feito jogar as chaves de novo pelo muro e dizendo: “resolvi capitular, pois quando tinha um traidor na praça não vencemos; como venceremos agora que não temos senão adversários heróis?”

    O nosso miserável caminhava porém satisfeitíssimo da vida com uma tamanha soma em suas mãos. Mas depois das emoções, sobretudo quando são bem sucedidas, o sono é agradável e foi esta a sensação que invadiu o nosso malfeitor.

    Mas não gozou muito do sono porque teve tremendos pesadelos.

    Via as ruas de sua cidade com muito sangue e ao passar pelo cemitério viu abrirem-se os túmulos e vários espectros perseguirem um outro, no qual reconheceu sua mãe, e as outras caveiras berravam furiosas: “Vá ao diabo maldita mulher, tu que geraste um diabo, e pior que diabo, um mísero traidor que inunda de sangue a cidade natal que amamos e nossos filhos amam”. Isto fez sobressaltar o traidor que quis beber água para acalmar o susto, mas esta soube-lhe sangue, e o mesmo sucedeu com o vinho. Avistando ao longe um pomar quis por força comer as suas frutas, mas a primeira teve o gosto de cinza, a segunda de carne humana e a terceira de metal com zinabre.

    Chegando na cidade que tinha escolhido para residir, foi deitar-se na sua antecâmara onde tinha moldurando o teto uma porção de ninfas dançando, e quando as enxergou viu a mesma cena do cemitério passar ante sua vista e então louco de remorso foi à corte do rei dos montes para reentregar-lhe o dinheiro de tão mal aquisição, mas o soberano não quis vê-lo e mandou dizer aos soldados que o expulsassem com tudo que era seu para fora de suas propriedades dizendo: “Não quero dinheiro que foi entre mãos de traidor”.

    Plinio Corrêa de Oliveira 28-III-1921


    Essa e outras redações do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira podem ser lidas através do seguinte endereço:

    * http://www.pliniocorreadeoliveira.info/BIOGRAFIA%20-%201920-21_RedacoesColegioSLuiz.htm

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