As igrejas e catedrais medievais foram construídas nos locais de máxima relevância. Isso lhes conferia um ar triunfante e glorioso.
Mas essa não era a única finalidade, nem a mais importante até. Elas visavam obedecer os conselhos evangélicos.
Para os construtores de igrejas as palavras de Cristo são normativas, diz o arquiteto americano Michel Rose, que estudou a arquitetura eclesiástica modernista no livro “Feia como o Pecado” (Ugly as Sin, Sophia Institute Press, Manchester, NH, 2001).
O Divino Mestre, diz Rose, ensinou no Sermão das Bem-aventuranças: “Não pode se esconder uma cidade que está situada sobre um monte. Nem os que acendem uma luzerna a metem debaixo do alqueire, mas põem-na sobre o candeeiro, a fim de que ela dê luz a todos que estão na casa” (Mt 5, 14-15).
Por isso, a igreja não pode ficar dissimulada ou escondida. A igreja tem que sobressair no panorama.
Esse destaque deve ser audível também.
Os sinos lembram a presença de Nosso Senhor na Terra, convocam à oração, marcam os acontecimentos transcendentais da vida, espantam os demônios.
Porque é sagrada, a igreja tem uma superioridade natural sobre os prédios profanos que a circundam.
O bom encaixe estético e hierárquico foi bem alcançado com uma transição harmônica. Onde possível, uma praça ou um largo, que pertencem à esfera temporal, faz o primeiro espaço de transição.
Logo vem o átrio, pátio aberto que lembra o átrio do Templo de Salomão, e que pertence à igreja e nos prepara para entrar nela.