Disse Nosso Senhor a uma vidente: “O orgulho dos homens os tornou intratáveis; minha justiça os confundirá por um julgamento equitativo. Eu quero lhes proporcionar uma salutar confusão e, para isso, em minha divina sabedoria, lhes enviarei mulheres ignorantes e fracas pela natureza, mas sábias e poderosas por minha graça, a fim de confundir seu orgulho”. Uma dessas mulheres fracas e ignorantes que Nosso Senhor enviou ao mundo do fim da Idade Média, foi Santa Catarina de Siena, a quem Ele dirigiu essas palavras, e cuja festa comemoramos hoje.

Nascida a 25 de março de 1347 em Siena, a caçula dos 25 filhos do tintureiro Giacomo di Benincasa, aos sete anos fez voto de virgindade; aos dezesseis cortou sua longa cabeleira para evitar um casamento, e aos dezoito recebeu o hábito das “Irmãs da Penitência de São Domingos”, ou seja, a Ordem Terceira dominicana. Vivia já aos vinte anos só de pão e água. Foi agraciada com o “casamento místico”, recebeu os estigmas, e teve uma morte mística, durante a qual foi levada em espírito ao Inferno, ao Purgatório e ao Paraíso; teve também uma troca mística de coração com Nosso Senhor. Analfabeta, aprendeu a ler e escrever milagrosamente para poder cumprir a missão pública que Deus lhe destinava. Dirigia um número enorme de discípulos, os “caterinati”, entre os quais se encontravam gente do clero, da nobreza e do povo mais miúdo. Um de seus discípulos, o bem-aventurado Raimundo de Cápua, frade dominicano e depois Geral da Ordem, seu confessor, foi também seu primeiro biógrafo. É dele que sabemos os pormenores dessa impressionante vida.

Todos seus contemporâneos dão testemunho de seu extraordinário charme, que prevalecia mesmo em meio da contínua perseguição a qual ela foi sujeita, por causa de suas “singularidades”,  inclusive da parte dos frades de sua própria Ordem e de suas irmãs em religião.

Catarina amava apaixonadamente a Igreja e sofria vendo seus males. Suas obras externas haviam consistido, até então, em assistir os pobres e doentes, e dirigir seus discípulos. Mas era chegada a hora de ela também, a exemplo do Divino Mestre, começar sua vida pública. Para isso recebeu ordem formal de Nosso Senhor, que prometeu-lhe que estaria com ela por sua graça. Que nada temesse.

Sem nenhuma experiência política, Catarina coloca-se em frente dos mais altos poderes de seu tempo. E não roga; exige, manda: “Desejo e quero que façais desta maneira… Minha alma deseja que sejais assim… É a vontade de Deus e meu desejo… Fazei a vontade de Deus e a minha… Quero”. Assim falava à rainha de Nápoles, ao rei da França, ao tirano de Milão, aos bispos e ao Pontífice. Em seu semblante havia algo que intimidava e seduzia ao mesmo tempo. Não é de admirar. Pois, como ela mesma escreveu em uma de suas cartas, “Tomei lições, como em sonhos, com o glorioso evangelista São João e com São Tomás de Aquino”.

Os Papas da época habitavam em Avignon, na França. Por isso Catarina  implorou ao Papa Gregório XI que deixasse Avignon, reformasse o clero e a administração dos Estados Pontifícios, e atirou-se ardentemente em seu grande desígnio de uma Cruzada, na esperança de unir os poderes da Cristandade contra os infiéis, e restaurar a paz na Itália, livrando-a das companhias de mercenários que a assolavam.

Realmente Gregório, ouvindo Catarina, deixou Avignon, apesar da oposição do rei francês e de quase todo o Sacro Colégio. Ele hesitou no caminho, e ela o conjurou a ir até o fim.

Mas estava escrito que a paz na Igreja não seria longa. Outra vez a república de Florença se revolta contra o Papa, que apela para Catarina. Rejeitada por aquela cidade, quase foi martirizada. O Papa também, gasto, envelhecido, sofrido, não resiste e entrega sua alma a Deus.

Os cardeais elegem o arcebispo de Bari ao trono de São Pedro, que toma o nome de Urbano VI. Conhecendo já Catarina e vendo nela o espírito de Deus, o novo Pontífice a chama a Roma para estar a seu lado. E era muito necessário, pois alguns cardeais franceses, desgostosos da rigidez do novo Papa, voltam para Avignon, anulam a eleição de Urbano, e elegem o antipapa Clemente VII. Começa o grande cisma do Ocidente.

Catarina era agraciada por Deus com a revelação de coisas futuras. E entre o que Deus lhe revelava há coisas sublimes e outras terríveis, como veremos. Ela pediu aos seus secretários que, assim que a vissem entrar em êxtase, anotassem suas palavras. Daí nasceu o livro do Diálogo entre uma alma (a dela) e Deus, conhecido hoje em dia pelo nome de “Diálogo”.

Eis as palavras que Deus Nosso Senhor lhe disse um dia, e que são muito atuais em nossos tempos: “Filha querida, ao participar da Eucaristia, exijo de vós e dos sacerdotes toda a pureza que é possível nesta vida (…) sobretudo dos ministros. Mas eles fazem exatamente o contrário. Estão inteiramente imundos. E o pior é que não se trata apenas daquela fraqueza natural que a razão pode dominar quando a vontade o quer. Esses infelizes, não somente não refreiam tal tendência, mas fazem algo de muito pior e caem no vício contra a natureza [isto é, no homossexualismo]. São cegos e estúpidos, cuja inteligência obnubilada não percebe a baixeza em que vivem. (…) Esse pecado, aliás, não desagrada somente a mim. É insuportável aos próprios demônios, que são tidos como patrões por aqueles infelizes ministros. Os demônios não toleram esse pecado. Não porque desejam a virtude; mas por sua origem angélica, recusam-se a ver tão hediondo vício. Eles atiram as flechas envenenadas da concupiscência, mas voltam-se no momento em que o pecado é cometido” (“O Diálogo”, Editora Paulus, São Paulo, 1985, 3ª. ediçào, pp. 259,260).

Santa Catarina faleceu no dia 29 de abril, aos trinta e três anos de idade. É a Patrona da Itália e foi proclamada “Doutora da Igreja” por Paulo VI em outubro de 1980.

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