Uma situação modesta. Trata-se de um soldado, veterano de guerra, do exército inglês.
Mas esta situação modesta tem suas glórias. O mérito de uma existência inteira transcorrida no serviço da pátria, e num serviço que tem a peculiaridade de ser luta. Luta cheia de riscos, que comportam o sacrifício da saúde e até da vida.
Todas estas glórias se refletem no traje, modelado por uma longa tradição para ser o símbolo dos altos valores morais que uma carreira militar, ainda que modesta, contém em si.
As medalhas lembram serviços, e perigos enfrentados em prol da Inglaterra. Os galões indicam uma graduação que, se bem que inferior merece ser assinalada. O tecido excelente da farda, seus belos botões, seu corte distinto exprimem quanto a sociedade reconhece e admira esta modesta situação. O tricórnio solene e elegante acentua esta impressão. Assim apresentado, o personagem se sente digno, calmo e feliz. Seu olhar e seu porte exprimem o hábito em que está, de ser respeitado. A fisionomia tem algo de sobranceiro, que a venerabilidade da barba alva ainda marca mais. A considerar o rosto, pensa-se vagamente em Jorge V. E de fato este modesto militar é, no fundo, uma minúscula imagem do Rei.
* * *
Um chefe de Estado, déspota temido e incontrastável de todas as Rússias. Cabelo desgrenhado, bigodeira vulgar, face grosseira e brutal, gesto impetuoso e violento, traje carente de qualquer elevação ou distinção. Nada o diferencia de um servo, de um desses servos que modelaram sua alma na freqüentação dos botequins, e são botequineiros em todas as camadas mentais ou físicas seu ser.
Nada, nele, indica qualquer coisa de elevado, nada exprime a grandeza e a dignidade do poder supremo. Ou, mais simplesmente, a grandeza e a dignidade de um homem correto.
* * *
Modesto soldado, elevado a uma situação que é a miniatura de um Rei: beneficiário feliz de uma civilização que foi outrora católica, e em cuja alma está o instinto de tudo elevar e engrandecer.
Poderoso ditador, rebaixado, como apresentação e como pessoa, ao nível do último servidor: símbolo de uma ordem de coisas satânica, que por adoração à igualdade tem por instinto rebaixar e degradar tudo!
- Publicado originalmente na revista “Catolicismo” Nº 76 – Abril de 1957, na seção Ambientes, Costumes e Civilizações.
Que sábio ensinamento nesta serie,AMBIENTES COSTUMES E CIVILIZAÇÕES,DO SR. DR. PLÍNIO CORRÊA DE OLIVEIRA.Ele nos ensina à amar verdadeiramente a Civilização Cristã,que muito pouco resta para vermos nos dias atuais.É um exercício de amor de Deus, criador de tudo que existe, e devemos procurar a perfeição em tudo que fazemos,por uma questão de amor de Deus.Para mim,é um exercício espiritual,estas comparações,por ser Revolução e Contra Revolução,a diferença profunda entre o BEM E O MAL.
Parabéns pela publicação deste artigo, cuja análise aparentemente simples é cheia de sabedoria, própria a fazer vibrar nossas melhores potencialidades de alma em defesa de valores que nunca morreram e não morrerão, apesar de Stalin e gente de sua laia.
Texto belo e pungente. Distinguindo perfeitamente quem é quem, está à altura de emocionar os mais bravos e honrados reis e soldados.
Oportuna e excelente mensagem de comparações da sanidade e da insanidade para despertar
a consciência das gerações presentes,hoje, sob a anestesia da comunicação instantânea sem exigência
de perceber, pensar, refletir , emocionar e reagir.
A frágil sociedade, desde de tenra idade , vai se habituando a viver de confortos, de erotismo e prazeres, turvada em seu destino pelo ambiente político e intelectual envolvido na dialética de esquerda e direita, esquecendo a do que está EM CIMA e em baixo.
Assim caminha a humanidade…e que não esqueçam, DEUS não abandonou a sua criação.
Ney de Araripe Sucupira