Trabalho-diversão e trabalho-heroísmo

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Exemplo atual desse artigo é o trabalho na empresa Google. Ex-funcionários dela dizem que muita liberdade prejudica as metas da equipe e causa uma sensação de imaturidade do funcionário, já que muitos deles passam boa parte do tempo sem fazer nada ou bebendo.

Fisionomias inteiramente distendidas. Sorrisos em todos os lábios.

Atitudes que exprimem um alto grau de bem-estar físico e psíquico. Os trajes, em meios-tons claros e discretos, reforçam esta impressão. O que fazem estes jovens? Se estivessem em torno de uma mesa de chá, num salão “cosy”, seu modo de ser não seria outro. Mas o que é esta mesa? Jogam nela algum jogo novo e estranho, que lhes dá tanta e tão distensiva distração? Longe disto.São operários, que trabalham numa fábrica…

Esta visão do trabalho é evidentemente mentirosa. Todo trabalho exige esforço. E o esforço cansa, pesa, desgasta. Ora, deste quadro, precisamente as idéias de cansaço, peso e desgaste estão inteiramente banidas. Dir-se-ia que não houve o pecado original, e que o suor, esse terrível símbolo do esforço penoso, não é inerente ao trabalho.

Claro está que, em circunstâncias especiais, a atividade profissional pode ser sumamente aprazível e distensiva. Mas essas circunstâncias são efêmeras. Por pouco que o trabalho se prolongue, ou se repita, o cansaço e a impressão penosa de luta começam a aparecer.

Que um desenhista tenha resolvido figurar nesta falsa luz o trabalho, não é coisa de maior monta. O importante está em que seu desenho é expressão típica de uma tendência muito generalizada em nossa época: um horror fundamental a todo sofrimento, que conduz a ocultar a dor e a apresentar o universo como um paraíso de delícias. A dor seria principalmente produto subjetivo da mente. Se o homem sorrisse diante de tudo, teria eliminado o sofrimento, senão totalmente, pelo menos em grandíssima parte.

Daí provém a frase famosa: quebre a perna e continue sorrindo.

É esta concepção da vida, fútil, falsa, convincente só para tolos, que a gravura exprime. Ela se resume em duas palavras: neopaganismo naturalista.

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Rosto longo, traços finos e firmes, olhar penetrante e resoluto, segurando com vigor varonil um grande remo, este pescador basco tem uma rude profissão em que sua alma se plasmou e dignificou. Em todo o sentido da palavra, ele é um homem. E um homem que tem a altaneria cavalheiresca de um verdadeiro cristão, de um católico autêntico.

Toda a sua personalidade é marcada pelo esforço, pela luta, pelo risco. Vê-se que inúmeras vezes ele enfrentou os furores ou as traições do oceano, e os dominou. E que está inteiramente disposto a uma série incontável de outras empresas audazes.

Subjacente à fisionomia deste trabalhador, e ao ambiente que ela traz consigo, está toda uma concepção católica do trabalho e da dor. O sofrimento existe. Mas é um dom admirável de Deus para que o homem, auxiliado pela graça, tempere e eleve sua personalidade. São Francisco de Sales chamava o sofrimento o oitavo Sacramento. Ocultar a dor é esconder um dos mais nobres e importantes aspectos da existência. Se se analisar bem a vida, ver-se-á que quase toda ou toda a beleza que ela contém resulta de uma dor nitidamente antevista e nobremente suportada até o fim. O que seria este pescador, sem as grandes lutas de sua existência? Não são elas a sua genuína e rútila gloria?

É obvio que, sem o auxílio da graça, o homem não pode suportar retamente e em sua totalidade os esforços e sacrifícios de mil gêneros, que a vida impõe. Mas, quando a alma corresponde à graça, ela é capaz dessa grande e gloriosa conformidade com a dor.

Daí a concepção católica do trabalho, em que precisamente o que este tem intrinsecamente de mais belo está em ser penoso.


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