Se o leitor pensa que “vidinha” é apenas o diminutivo de “vida”, está enganado. Como “vidinha” é com frequência o apego à rotina, cabe um esclarecimento. Pode ser até virtude aceitar uma rotina, desde que o façamos sem perder os grandes horizontes que devem nos nortear. Caso contrário, a rotina poderá nos tornar medíocres e, aí sim, poderemos cair naquilo que chamamos de “vidinha”.
Não podemos permitir que a rotina se transforme em indiferença. Este é o ponto. Nem desejar ser“daqueles a quem só interessa a coisinha deles, a virtudezinha deles e a pessoinha deles”, levando a sua vidinha e recitando o seu credo: “Creio num só Deus, o dinheiro onipotente, criador da fartura e da tranquilidade etc.”.
Assim se exprimia Plinio Corrêa de Oliveira em uma oração que compôs para combater essa má tendência.
Mas a vidinha não é o auge, ela é o cinza da vida.
O cinza não é incolor, nem merece fazer parte da vistosa galeria das cores vivas como o vermelho, o azul, o dourado etc. É neutro, sem sabor. Sempre se deve ter uma atitude interna, ainda que silenciosa, diante das coisas más, pois sempre se pode ser inconformado com as conformidades erradas dos outros.
Nosso Senhor Jesus Cristo não se contenta com as almas que são generosas somente no teor miudinho da vida cotidiana. Como afirma Dr. Plinio, “num dia ou outro, uma tragédia vem para os que Ele prefere. Tragédia interior ou tragédia exterior, uma coisa e outra em geral, e na maioria dos casos, várias tragédias se sucedem até à morte”.
Oh, a apatia! A falta de ação e reação! Mas como, reação? Nas condições em que vivemos, muitas vezes é uma coisa difícil. No entanto, sempre devemos tomar uma atitude interna, silenciosa, de inconformidade com os erros que notamos para não nos submetermos à onda. A inconformidade está sempre ao alcance de todos, pois conformismo é sinônimo de egoísmo e passividade.