Bispo de Mira, na Ásia, famoso por suas esmolas e socorro ao povo cristão, depois que suas relíquias foram trasladadas para Bari, na Itália, tornou-se em vários países da Europa, o santo que realça as festas natalinas.

Na vida de São Nicolau é difícil saber o que é realidade, e o que é legenda, embora este santo do século IV tenha sido um dos mais venerados no Oriente, antes de o ser no Ocidente. E as legendas contando maravilhas a seu respeito espalharam-se por todo o mundo.

Nicolau nasceu por volta do ano 270 em Patara, opulenta capital da Lícia, na atual Turquia. Seus pais eram nobres, ricos, e sobretudo piedosos. Narra a legenda que, quando o infante Nicolau era de peito, só o tomava uma vez por dia às sextas-feiras e aos sábados, seguindo a disciplina do jejum da época.

Na escola o menino evitava a companhia dos colegas perniciosos, só travando amizade com os bons e virtuosos. Crescendo, evitava os espetáculos perigosos, e domava seu corpo com vigílias, cilícios e jejuns.

Quando seus pais faleceram, Nicolau herdou grande riqueza. Considerou-se entretanto apenas seu administrador, por considerar que seus reais senhores eram os pobres e os necessitados.

Ocorreu então com ele um fato que todos seus biógrafos contam, e que o ilustra tão bem. Um nobre caído na pobreza, não tendo como casar e nem mesmo manter três filhas jovens e belas, teve o satânico propósito de as prostituir para ganhar a vida. Não se sabe como o jovem Nicolau soube do fato, e naturalmente ficou horrorizado. Tomando então uma bolsa com moedas de ouro, jogou-a pela janela da casa do infame, dando-lhe com isso o suficiente para casar a filha mais velha. No outro dia, fez o mesmo, possibilitando casar a filha do meio. O beneficiado então pôs-se à espreita para ver quem era seu anônimo benfeitor. E quando Nicolau, no terceiro dia, jogou outra bolsa para o dote da terceira, ele lançou-se a seus pés, dizendo-se arrependido de seu infame plano, e agradecendo-lhe aquele benefício.

Faleceu então o arcebispo de Mira. Os prelados da província e o clero elevavam fervorosas preces aos céus, pedindo luzes para encontrar um digno sucessor. Como não chegavam a um acordo sobre a pessoa a escolher, por inspiração do alto, combinaram então que elegeriam bispo ao primeiro cristão que entrasse na igreja no dia seguinte.

Ora, Nicolau tinha então se mudado de Patara para essa cidade para viver mais obscuramente, e pensou logo em visitar a igreja local. Assim, bem de manhãzinha franqueou o umbral do templo, ignorando em absoluto o que fora combinado. E foi logo apanhado e aclamado bispo. Embora resistisse, foi preciso ceder à vontade de Deus.

São Nicolau foi encarcerado na perseguição de Diocleciano, sendo libertado depois com a ascensão de Constantino.

Narra-se que Nicolau apareceu em sonhos a esse Imperador, increpando-o por ter condenado à morte injustamente três de seus comissários. Despertando, o primeiro Imperador cristão chamou seus secretários para cientificar-se do ocorrido. E levantou a sentença de morte contra aqueles inocentes.

Um biógrafo do Santo, o arquimandrita (superior de um mosteiro na Igreja Oriental) Miguel, narra assim sua morte: “Havendo regido a Igreja metropolitana de Mira e embalsamado o país com o perfume de uma santíssima vida sacerdotal, trocou esta vida perecedoura pelo repouso eterno” por volta do ano 341.

Em vários países da Europa ele é o santo que no dia 6, dia de sua festa, acompanhado de um escudeiro negro, leva presentes para as crianças que se portaram bem durante o ano. Infelizmente essa tradição está desaparecendo, com a invenção do Papai Noel, dando lugar ao espírito comercial e mercantilesco.

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