O Martirológio Romano, entre outros santos, comemora hoje Santa Cristiana, virgem, com estas palavras: “Na Geórgia, além do mar Negro, Santa Cristiana, escrava que pela eficácia dos seus milagres converteu aqueles povos à fé cristã no tempo de Constantino Magno”.
Pouco se sabe da vida dessa Santa, a não ser que os georgianos a consideram como o instrumento providencial da Providência para sua conversão. Cristiana viveu em meados do século IV, pois o Martirológio diz que ela vivia no tempo de Constantino Magno, que em 313, pelo Edito de Milão, abriu as portas do Império para a Igreja, até então nas catacumbas.
Ninguém sabia como ela aparecera na Geórgia. Teria sido levada para lá por guerreiros vitoriosos? Ou para lá foi procurando asilo, em vista das perseguições? Alguns diziam que Cristiana caíra nas mãos de bárbaros, que a venderam a algum georgiano como escrava.
Seja como for, essa escrava chamava-se Nuné, segundo uns, ou Nina, segundo outros. O que é certo é que, com resignação e admirável paciência, ela aceitava o infortúnio de viver longe dos seus, entre pagãos e como escrava, como dons vindos da mão de Deus. Em meio a tudo isso, ela soube manter viva a sua fé, e viver segundo os Mandamentos. De modo que aqueles infiéis começaram a admirar a sua humildade, modéstia e fervor, que granjearam-lhe admiração e respeito. Como todos a conheciam como cristã, passaram a chamá-la de “Cristiana”, nome com o qual ela passou para a História.
Era costume naquele país e naqueles primitivos tempos que, quando alguma criança caía doente, a mãe a levasse de porta em porta, a fim de consultar os vizinhos sobre o melhor remédio a aplicar. Ora, um dia apareceu na porta de Cristiana uma mãe, que lhe apresentou seu filho moribundo. Ao vê-lo, a santa disse: “Eu não posso fazer nada, mas Deus Todo-Poderoso pode restituir-lhe a saúde, se essa for a sua vontade”. Deitou o menino em sua cama, cobriu-o com um cilício, e começou a pedir ao Deus onipotente a cura do doente. Segundos depois, o restituiu à mãe são e salvo.
A fama desse milagre espalhou-se por toda a região, e foram muitas as mães que passaram a levar a Cristiana seus filhos doentes, para rezasse sobre eles. E muitos ficavam curados.
Ora, a fama desses milagres chegou aos ouvidos da rainha da Geórgia, que estava para morrer com uma doença desconhecida. Pediu então que lhe chamassem Cristiana para rezar sobre ela. A cristã respondeu: “Meu lugar não é no palácio”. E não quis ir. Entretanto a rainha foi então à sua casa e, depois da oração de Nina, recuperou a saúde.
Tanto a soberana quanto o rei queriam recompensar Cristiana regiamente, mas ela respondeu: “A única coisa que me faria feliz, seria ver-vos abraçar a religião cristã”. E lhes deu um sumário da religião católica.
Pouco depois, no ano 325, o rei, estando em perigo durante uma caçada às feras, prometeu fazer-se cristão se escapasse são e salvo. O que ocorreu. Fiel à sua promessa, ele mandou uma embaixada a Constantino Magno pedindo-lhe que lhe enviasse missionários. O Imperador enviou-lhe um bispo Pedro, e alguns sacerdotes. Deus de tal maneira abençoou os esforços de seus missionários, que acabaram batizando-se praticamente todos os habitantes da capital, solidificando assim os fundamentos do Cristianismo nesse país.
Deu-se desse modo que uma escrava, identificada pelo exemplo e pelo zelo como “cristã”, se transformou, pelos planos de Deus, em instrumento de evangelização para um povo que vivia anteriormente nas trevas do paganismo. Por isso Cristiana passou à história como a mãe da igreja cristã da Geórgia.