Muitos julgaram que as primeiras badernas estudantis de maio de 1968, na Sorbonne, eram simples manifestações de jovens extravagantes com ideias amalucadas. Mas tais ideias se expandiram e provocaram grandes mudanças nos costumes tradicionais da França, e a partir daí contagiaram como lepra o mundo inteiro, resultando numa verdadeira revolução sexual e cultural, de acordo com o que berravam os sorbonianos: “Inventai novas perversões sexuais”.
As agitações tomaram as ruas, ergueram-se barricadas, violentos confrontos com as forças da ordem se espalharam para outras regiões. Depois tudo pareceu retornar à normalidade, mas de fato as coisas nunca voltaram a ser como antes. As sementes lançadas em maio de 68 geraram frutos perniciosos para todos os povos.
Incorporada à História como “Revolução da Sorbonne”, ela foi na realidade o marco do que poderíamos chamar de “IV Revolução”, desenvolvendo o processo cujas três primeiras fases foram a Revolução Protestante, a Revolução Francesa e a Revolução Comunista. O que se almejou em maio de 68 foi lançar uma radical revolução sexual, anárquica e libertária, e proclamar a morte dos costumes tradicionais. Foi também o nascimento de uma “nova era histórica” — uma “civilização do instinto” oposta à civilização cristã, tendo por meta a utopia igualitária.
Passados 50 anos da “Revolução da Sorbonne”, o mundo geme no caos. Enquanto isso, o impulso da onda libertária vai destruindo as instituições e encaminhando as nações rumo ao tribalismo, que seria a “V Revolução”.
A matéria principal da edição da revista Catolicismo deste mês, redigida pelo nosso colaborador Benoît Bemelmans, presidente da TFP francesa de 1996 a 2009, aponta para o que realmente pretendiam os revolucionários da Sorbonne, explicita a transformação que eles provocaram na sociedade, na mentalidade dos povos e também nos ambientes católicos, e ressalta a necessidade de uma reação para não nos afundarmos na libertinagem desbragada do mundo contemporâneo.
Em face das ideias radicais de maio de 68, sintetizadas no slogan “É proibido proibir” [foto abaixo], nossa resposta só pode ser: “É necessário proibir”. Basta considerar que, dos 10 Mandamentos da Lei Deus, sete são preceitos proibitivos. Em qualquer sociedade onde tudo é permitido, nada fica de pé. Ela se torna insustentável, e acaba por desaparecer na anarquia geral.
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Aconselho vivamente a aquisição da revista Catolicismo deste mês (edição nº 809), que desenvolve em sua matéria de capa o tema: