07/08 – São Caetano de Thiene, Confessor

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Este santo foi suscitado pela Providência para contrapor-se aos efeitos paganizantes do Renascimento e da revolução religiosa do heresiarca Lutero. Fundou a Ordem dos Teatinos para a reforma do clero.

São Caetano de Thiene foi outrora um santo muito popular no Brasil. Há várias cidades, igrejas, capelas e ruas em sua honra em todo o território nacional, embora sua vida seja insuficientemente conhecida. Queremos hoje contribuir para sanar essa lacuna.

São Caetano nasceu em outubro de 1480 em Vicência, então República de Veneza. Seu pai, Gaspar, conde de Thiene, doutor em Direito e capitão de Couraceiros, possuía castelos e feudos nessa cidade. Era acima de tudo um católico exemplar. Educou-se, pois, num ambiente virtuoso e profundamente religioso.

Quando tinha apenas dois anos seu pai faleceu. Coube então à mãe, Maria do Porto, a árdua tarefa de educar os três filhos que deixava.

Praticamente nada se sabe da vida de estudante de São Caetano. Como ele era muito simples e modesto, com horror de aparecer, ficamos privados dos pormenores de sua juventude. Sabemos que cursou os estudos jurídicos e teológicos na Universidade de Pádua, que ali era notado por sua doçura, ingenuidade, modéstia e temperança, e já apontado como espelho de sabedoria em meio à libertinagem dos jovens colegas.

Em 1504 Caetano graduou-se doutor em direito civil e canônico, recebendo pouco depois a tonsura clerical. Três anos mais tarde, já ordenado sacerdote, foi para a Roma renascentista.

Na capital da Cristandade, homens piedosos fundaram uma Companhia, ou Oratório do Amor Divino, cujo objetivo era seus membros mostrarem ao mundo através do exemplo, que a fé e as obras não estavam mortas na Roma do Renascimento, apresentada então por Lutero como centro de todos os vícios.

Esse Oratório visava contrarrestar a influência paganizante do Renascimento, procurando reascender nos corações o fogo do amor de Deus e impedir que a heresia, a libertinagem, o amor aos prazeres e a paixão dos interesses O banissem. Ou seja, visavam uma verdadeira Reforma católica. São Caetano entregou-se de corpo e alma ao Oratório.

Na noite de Natal de 1517, quando São Caetano rezava em Roma junto à relíquia do presépio venerado na igreja de Santa Maria Maior, Nossa Senhora lhe apareceu com o Menino Jesus recém-nascido nos braços, acompanhada de São José e São Jerônimo, e depositou o Menino nos braços de Caetano. Isso é relatado pelo próprio Santo à Irmã L. Mignani, em carta de 28 de janeiro de 1518. Esta aparição repetiu-se nas seguintes festas da Circuncisão e da Epifania. Por isso São Caetano é representado sempre com o divino Menino nos braços. Que pureza virginal e limpeza de alma deveria ter alguém para receber tal privilégio!

Depois do falecimento da mãe, enquanto cuidava dos negócios domésticos, o Santo ingressou no Oratório de São Jerônimo, cujos fins eram os mesmos da Confraria do Amor Divino, mas que incluía também leigos pobres. E fez de tudo para elevar espiritual e materialmente aqueles pobres trabalhadores. Conseguiu incrementar entre eles a comunhão frequente e as visitas aos enfermos nos hospitais. Fundou também o Hospital dos Incuráveis, destinado aos doentes pobres sem esperança de cura.

Para levar adiante a obra da verdadeira reforma católica desejada pelos Concílios de Latrão e de Trento, Caetano pensou em fundar uma Ordem religiosa que enaltecesse o estado sacerdotal com a profissão dos três votos religiosos, sob a obediência de um superior e a dependência imediata da Santa Sé. Seu objetivo seria trabalhar pela reforma do clero e regeneração da sociedade. Caetano encontrou ótima aceitação entre três ilustres membros do Oratório do Amor Divino: D. João Pedro Carafa, Bispo de Chietti, também oriundo de ilustre família condal e mais tarde Papa Paulo IV; Bonifácio Cola, hábil e virtuoso advogado, e Paulo Consiglieri, também de alta sociedade e vida angelical.

Surgiu assim a Ordem dos Teatinos. Caetano compreendeu que o nó do problema estava no clero, contagiado em grandes setores pela cobiça, pela frivolidade, e pela imoralidade do Renascimento. Por isso seus religiosos deveriam ter tal confiança na Divina Providência, que não deveriam nem sequer pedir esmolas, mas esperar que elas fossem dadas espontaneamente. Clemente VII autorizou a nova fundação.

Em todos os lugares onde esteve São Caetano, ele desfraldou a bandeira do sobrenaturalismo cristão contra o materialismo paganizante do Renascimento, modelando sua vida e sua ação sacerdotal segundo aquela máxima evangélica que constituiu também o lema de sua Ordem: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e tudo vos será dado por acréscimo”. Promoveu com extraordinário zelo a magnificência do culto litúrgico, a santidade e o decoro dos templos, e a prática da Comunhão frequente, metas importantes para sua obra de reforma. Lutou contra a heresia que se infiltrava nos círculos aristocráticos e intelectuais de Nápoles; denunciou ao Santo Ofício três pregadores ganhos pela heresia luterana; fundou ou reformou vários mosteiros, estabelecendo para os operários dessa cidade um Monte de Piedade, que se tornou o atual Banco de Nápoles.

Em 1547 o vice-rei de Nápoles, D. Pedro de Toledo, decidiu estabelecer naquele vice-reino o Tribunal da Inquisição, nos moldes do espanhol. A nobreza e o povo se amotinaram e a sedição foi afogada em sangue. Isso resultou numa verdadeira guerra civil. As súplicas e mediações de São Caetano foram em vão. Como diz a bula de sua canonização, “alquebrado pela dor ao ver a Deus ofendido pelos tumultos populares, e mais ainda pela suspensão do Concílio de Trento, no qual havia posto tantas esperanças, caiu enfermo de morte”, e faleceu no dia 7 de agosto de 1547. Diz ainda a bula de canonização que, no mesmo dia de sua morte, cessaram todas as revoltas populares, segundo se crê, por sua intercessão.

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