Função da beleza dos edifícios sacros na atração da juventude

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Depois do Vaticano II, utilizou-se cada vez mais a chamada “arte moderna” para a construção dos templos religiosos. Na maioria dos casos, esses templos não têm mais a aparência de igreja e, se não tivessem uma cruz em cima, passariam por simples galpões para qualquer utilidade, sobressaindo-se por sua feiura e extravagância. [Exemplo foto abaixo]

Ora, seus idealizadores e construtores não levaram em consideração o quanto o belo e o artístico falam à alma, e o bem que fazem ainda hoje aos católicos as grandes e venerandas igrejas dos tempos antigos.

Para falar dessa vaga que ocorreu depois do Vaticano II, reproduzo as palavras de um escritor católico inglês, Joseph Pearce, no National Catholic Register“A partir dos anos 1960 […] a arquitetura da Igreja sucumbiu à feiura do brutalismo, refletindo o massacre bárbaro da liturgia que a acompanhava; e a música, as artes visuais e a literatura [católicas] entraram na calmaria cultural. Era como se o Ocidente tivesse entrado num deserto de desespero, caracterizado pelo fruto estéril da inspiração ressecada”[i].

Entretanto, temos notícia de vários movimentos — formados na sua maioria por jovens — que lutam pela revalorização das glórias da Civilização Cristã. Nesse sentido, o site Aletéia publicou um interessante artigo, intitulado: “Estudo revela que beleza das igrejas é importante para a conversão dos jovens”.

Trata-se de um estudo feito pela organização juvenil britânica Hope Revolution Partnership sobre as mais influentes causas de conversão dos jovens ao cristianismo e o papel exercido nesse sentido pelo próprio prédio físico das igrejas.

O resultado desse estudo foi publicado pelo influente órgão de comunicação inglês, Telegraph, segundo o qual “aproximadamente 13% dos adolescentes [entrevistados] disseram que decidiram se tornar cristãos após visitarem uma igreja ou catedral”. Pois, segundo ainda esse estudo, “a influência do edifício da igreja na conversão de adolescentes é mais significativa do que a participação deles em um grupo de jovens, em um casamento, ou o fato de eles conversarem com outros cristãos sobre a fé”.

A coisa vai mais além, como afirma o Telegraph“O estudo sugere que métodos utilizados pela Igreja, como os grupos de jovens, são menos eficazes para atrair crianças do que a oração ou a visita a uma igreja.”

Embora esse estudo tivesse surgido em torno da Igreja Anglicana, Aletéia afirma que,

como é evidente, também se pode aplicar no âmbito da Igreja Católica, onde muitos Centros Universitários, em vários países, estão descobrindo [a influência da beleza dos prédios sacros sobre a juventude]”. E cita como exemplo que, na igreja de Santo Tomás de Aquino da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, na construção recente do novo edifício da igreja, foi utilizada a arquitetura tradicional “no centro dos esforços de evangelização”. E foram os próprios estudantes que ajudaram a planejar o edifício [foto ao lado].

Isso levou o bispo James Conley, de Lincoln, a explicar, em entrevista ao site Adoremus: “Nós pensamos que o estilo e toda a estrutura da igreja de Santo Tomás de Aquino comunicam beleza, e beleza atrai. […] Nós acreditamos que os estudantes serão atraídos por isso. Eles já estão sendo atraídos. Sempre há estudantes lá”. O que levou também ao próprio arquiteto do edifício, Kevin Clark, a declarar: “É incrível ver católicos e não-católicos participarem da beleza física do edifício”. Pelo que intriga ver “uma série de não-católicos com quem me deparo quando estou dando voltas na igreja. […] Eles só querem estar lá, só querem ver aquilo, e a igreja realmente se tornou um elemento da cidade”.

Afirma Aletéia que situação parecida ocorreu em outro centro universitário, o Centro Católico da Universidade de São Paulo, em Madison, no Wisconsin. A nova capela do Centro foi também construída “com o objetivo inspirar por sua beleza”. Por isso, o responsável pelo Centro explicou “por que eles escolheram construir um edifício de estilo mais tradicional: ‘os estudantes estão sedentos de beleza; um estudo recente mostrou que a beleza era uma das razões mais importantes pelas quais as pessoas vêm e ficam no catolicismo. A instalação precisa ser grande, linda e visível o suficiente para que os estudantes percebam isso. Os alunos nos dizem que seus amigos não entendem que o prédio de concreto cinzento [em arte moderna] ao lado da livraria, é uma igreja. O projeto tomou elementos da história arquitetônica da Igreja que incorporam a beleza da nossa fé, mas também são complementares com o centro da cidade de Madison”.

Manifestação como essas, nesse campo ou no campo religioso, que faz com que muitos jovens procurem igrejas onde se celebrem a Missa tradicional, são cada vez mais numerosos.

Para concluir, a tal respeito declarou o Conselho Pontifício para a Cultura da Santa Sé, no documento Via Pulchritudinis“O caminho da beleza responde ao íntimo desejo de felicidade que reside no coração de cada pessoa. Abrindo horizontes infinitos, leva a pessoa humana a empurrar para fora de si mesmo, desde a rotina do instante efêmero, até o Transcendente e Mistério, e procura, como objetivo final da busca pelo bem-estar e nostalgia total, essa beleza original que é o próprio Deus, Criador de toda a beleza”.


[i]http://www.ncregister.com/blog/josephpearce/we-are-beginning-to-see-a-catholic-revival-in-the-arts

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