Carlos Vitor Santos Valiense
Todos devem estar acompanhando a comoção nacional que mobilizou todo o noticiário: vídeos e charges são compartilhados em todo momento no WhatsApp, as redes sociais criaram até o famoso #hashtag para compartilhar o sentimento de revolta, ONGs e associações pedem providências, alguns falam até em organizar um boicote.
Muitos talvez pensem que estou aludindo ao fato ocorrido em São Luiz do Maranhão, onde uma senhora de 106 anos foi trágica e covardemente morta a pauladas. Ou então à Marcha Pela Vida de 2 de dezembro na capital paulista, durante a qual milhares de pessoas protestaram contra o ativismo judicial do STF.
Infelizmente as pessoas que estão fazendo esse alarde nacional são indiferentes aos temas aqui elencados: a vida humana. A forma brutal como o cachorro foi maltratado e morto no Carrefour é digna de repulsa e punição conforme a lei, mas nem por isso justifica o ato da cruel omissão que os grandes propagadores desta histeria ecológica têm quando o tema é, por exemplo, o aborto.
Segundo a Doutrina Católica, os animais e os recursos da criação estão naturalmente ordenados ao bem comum da humanidade. O Catecismo da Igreja Católica diz que é“contrário à dignidade humana fazer os animais sofrerem inutilmente e desperdiçar suas vidas”. Entretanto, o mesmo Catecismo alerta para o perigo de se “gastar com eles o que deveria prioritariamente aliviar a miséria dos homens”. Segundo a doutrina católica, “pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas” (cf. CIC. 2418).
Essa total inversão de valores é fruto do espírito revolucionário: igualar o ser humano ao animal, ou, pior ainda, colocar o animal no mesmo patamar que o homem, criado à imagem e semelhança de Deus. Ou ainda colocá-lo acima do homem. Isso é monstruoso e fere a própria ordem da natureza. Já em 1957, o pensador católico Plínio Corrêa de Oliveira se preocupava com tal fato, ao escrever: “Atitude de espírito bem frequente em uma época como a nossa, na qual todos os igualitarismos, mesmo os mais degradantes, encontram clima compreensivo” ([1]).
A harmonia entre as criaturas deve existir, e para isso é necessário respeitar a hierarquia da criação. “Pelos primeiros animais, elevamo-nos a Deus. Pelos segundos, sentimos melhor nossa dignidade natural, compreendemos a fundo a hierarquia que o Senhor pôs no universo, e amando nossa própria superioridade e a santa desigualdade da criação, elevamo-nos também até o Criador”. [2] O Seráfico São Francisco de Assis louvou a hierarquia que Deus fez nas obras da criação: “Louvado sejas, meu Senhor por todas as tuas criaturas”.
A articulação midiática para abafar o que está acontecendo no País é bem clara. No domingo a população sai às ruas contra o aborto e na terça a mídia abafa toda a situação com a morte brutal de um cão. É necessário abafar qualquer tentativa de defender o essencial, a vida humana inocente. O aborto é algo secundário para uma sociedade que escolheu ser conduzida pelo instinto animal. “Não se deve dar aos cães o pão destinado aos filhos (Marc. 7, 27), adverte Nosso Senhor, nem atirar pérolas aos porcos (Mat. 7,6 ). É o que faz quem, levado por estúrdio sentimentalismo de fundo igualitário, concede aos animais carinhos e intimidades que a ordem da Providência reservou às relações entre seres humanos” [3].
[1]https://www.pliniocorreadeoliveira.info/ACC_1957_081_Nao_se_deve_tirar_o_pao_dos_filhos.htm
[2] ibidem
[3] ibidem
É bem isso nos nossos dias,imaginar em por a vida das plantas acima da dos animais,seria um absurdo, pois bem,muito pior a do animal acima da do homem que tem uma alma eterna e uma inteligência para dirigir a alma, no caminho das graças de Deus,distribuídas pelas mãos da Virgem Santíssima, mãe de Deus.