15 de abril de 2019 — dia de luto para os católicos e, inegavelmente, luto também para todo o mundo civilizado. Conforme a feliz expressão do escritor português Eça de Queiroz, “todo homem civilizado tem duas pátrias: a sua e a França”. Com efeito, as chamas que se alastraram em Notre Dame de Paris fizeram estarrecer o mundo inteiro e cobriram de luto toda a Civilização.
A Catedral de Notre Dame é um dos maiores símbolos da civilização cristã; e da mesma forma, as ruínas dela simbolizam a civilização cristã em estado que se pode denominar ruínas. As chamas e a fumaça que o terrível incêndio lançava faziam lembrar a “fumaça de Satanás” que penetrou na Igreja após o Concílio Vaticano II, e foi constatada por Paulo VI. O Concílio abriu as portas da Igreja para os ventos do “modernismo”, que havia sido veementemente condenado por São Pio X, e com essa abertura a fumaça penetrou e se expandiu.
Um bom pai, quando pune seus filhos, não deseja a morte deles, mas que se arrependam e saiam do mau caminho, a fim de crescerem robustamente na integridade de suas vidas. No mesmo sentido, se Deus pune a douce France, a punição se estende a todos os homens civilizados. Mil aspas colocaríamos em “civilizados”, uma vez que a atual decadência social, moral e religiosa atinge todos os povos, em todos os níveis, e os arrasta para o neo-paganismo. Não é sem cabimento, portanto, considerar punição divina o apocalíptico incêndio da catedral por excelência, refúgio e escrínio da beleza e da grandeza, do charme e do gênio francês.
Lamentar a catástrofe é bom, chorar pelo bem que se perdeu é bom, reconstruir o patrimônio perdido é bom, mas também é necessário que a França, “filha primogênita da Igreja”, e toda a Cristandade entendam o significado daquelas terríveis chamas, despertem do atual letargo, e como o Apóstolo São Paulo no caminho de Damasco se levantem, bradando: “Senhor, que quereis que eu faça?”.
Com a fidelidade às determinações de Deus, será a época da grande conversão, época do Reinado de Notre Dame em toda a Terra, ou seja, do ressurgimento da Cristandade, do pleno florescimento da chama dos autênticos ideais católicos que se alastrarão por todos os povos.
No número da revista Catolicismo deste mês [capa no topo], o leitor encontrará uma análise do aspecto simbólico da catástrofe, relatos e comentários oportunos associados ao trágico acontecimento, que durante alguns dias ocupou o centro das atenções, mas já caminha para um olvido que não é isento de culpa.
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