Os primeiros raios de sol de um movimento jovem e organizado que pressagia um grande amanhecer em toda a América Latina
A Argentina demonstrou ao mundo esta semana sua corajosa defesa da vida e da dignidade humana. Ela o fez não só por causa da votação no Congresso que rejeitou o aborto, mas também pelas numerosas manifestações que envolveram todas as suas cidades, chegando até a designar um estado argentino (Tucumán) com resolução oficial como defensor da vida.[i]
Apesar da pressão da mídia, das ameaças econômicas do FMI e do prolongado silêncio por parte do clero, os argentinos demonstraram ao mundo sua alta consideração pelos princípios morais e estão dispostos a enfrentar o que for preciso para preservar a instituição da família como célula fundamental da sociedade.
Com o slogan “Salvemos as duas vidas”, o movimento “Onda celeste” tornou-se rapidamente popular. Foi uma luta de vários meses, que passou por vários períodos críticos e atingiu o auge em 14 de junho, quando houve uma primeira derrota na Câmara dos Deputados (129 a favor do aborto, 125 contra). Depois desse resultado, a pressão da opinião pública de todo o país para que os senadores rejeitassem o projeto cresceu exponencialmente, por ser ele inconstitucional e, sobretudo, por constituir uma afronta à Família Argentina.
Os argentinos se sentiram amplamente apoiados por movimentos pró-vida de todo o mundo, especialmente da América Latina, onde em mais de 15 países houve protestos nas embaixadas e consulados argentinos contra o projeto. Seus promotores decidiram designar o protesto como # Latinoamericaxlas2vidas e entregaram ao Senado um manifesto assinado por mais de 170 organizações pró-vida.
Esse fenômeno da opinião pública nasce com grande força na América Latina e influencia poderosamente para que os políticos estejam cada vez mais inibidos de realizar projetos iníquos e perversos. Ele se junta a uma forte corrente de reações, como o Manif pour tous na França ou a March for Life nos EUA, que este ano contou com a presença do vice-presidente Mike Pence.
As marchas e manifestações em todo o país evidenciaram a profunda religiosidade dos argentinos, que os levou a defender a Lei de Deus e a vida humana desde a concepção. Eles o fizeram em coerência com este trecho do Catecismo da Igreja Católica: “ A vida humana deve ser respeitada e protegida, de modo absoluto, a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento da sua existência, devem ser reconhecidos a todo o ser humano os direitos da pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida” (Nº 2270).
Confirmando essa religiosidade, o artigo 2º da Constituição argentina declara: “O governo federal apoia o culto apostólico católico romano”, isto é, o reconhece como a religião oficial do Estado argentino e, consequentemente, reconhece os mandamentos da lei de Deus, os decretos e as leis do Magistério da Igreja.
Como conclusão, alegra-nos afirmar que a Argentina profunda, a Argentina católica, deu mostra de sua coragem movida pela fé na defesa do Mandamento da Lei de Deus “não matar”, seriamente ameaçado por um lobby da morte, desejoso de impor, custe o que custar, o aborto em todo o Ocidente. Sua derrota levou os militantes abortistas a reagir com depredações de lugares religiosos e temporais, e ainda com pedidos formais de apostasia da Igreja Católica.
[i]https://www.aciprensa.com/noticias/declaran-provida-a-importante-provincia-en-argentina-81873