Encontrei por acaso meu ex-colega Gorjão. Nos conhecíamos da Universidade. De vez em quando esse encontro acontece, e me faz lembrar algumas discussões acirradas que tivemos quando estudantes.
Não vale a pena declinar aqui o nome inteiro dele, mas dou o traço mais marcante de sua psicologia: Gorjão gosta de apresentar-se como esquerdista radical. Quando o Partido Comunista Brasileiro mudou de nome, ele passou para o PC do B. Depois, achou essa agremiação insuficientemente radical e aninhou-se no PT. Atualmente professa uma ecologia de ponta, como o ex-frei Boff. A única coisa que nele nunca variou foi sua admiração incondicional pelos padres da Teologia da Libertação.
Sempre o tratei com civilidade. Assim, ao encontrá-lo na rua, fui logo dizendo, após os cumprimentos de estilo.
— Você viu, Gorjão? Há uma potência internacional querendo impor ao Brasil suas decisões…
Antes que eu completasse minha frase, ele se tomou de brios e de cólera, e começou a vociferar com um ardor que chamou a atenção até dos passantes, intrigados com tanta fúria:
— Mas é claro! Os Estados Unidos são assim mesmo. Imperialistas até a medula dos ossos. Esses congressistas americanos deveriam ser todos enforcados em praça pública.
Foram em vão meus esforços para interromper tal tempestade verbal e explicar meu pensamento. Ele continuou a vociferar com ímpeto total, ainda por algum tempo. Quando afinal o furacão amainou, pude prosseguir.
— Não, Gorjão. Você se engana. Quem está querendo impor ao Brasil suas decisões não são os Estados Unidos, é a ONU.
Nunca vi, na minha já longa vida, produzir-se de modo instantâneo uma tão grande transformação psicológica como a que ocorreu então com o Gorjão. Cheio de si, agressivo e colérico minutos antes, ficou de repente pálido, desconcertado, inseguro; sua voz passou de tonitruante a tímida e dulçurosa:
— Mas o que fez a ONU?!
Eu então lhe contei que a ONU está exigindo do governo brasileiro que não modifique para baixo a idade da maioridade penal. Sem se importar com as vítimas dos assassinatos, roubos, estupros e ainda outros crimes, praticados por menores de 18 anos, a ONU quer absolutamente que esses delinquentes não sejam incriminados. E se insurgiu contra o projeto de lei existente no Congresso Nacional para esse fim.
A ONU não quer –– por que não quer! –– penalizar adequadamente o menor de 18 anos que comete crimes e é responsável pelo que faz. Tão responsável, que já aos 16 anos é considerado com suficiente clarividência para poder votar, discernir os rumos mais adequados para a Nação e escolher seus mais altos dirigentes.
A perita do Comitê do Direito da Criança da ONU foi peremptória: “Queremos saber o que o Brasil vai fazer em relação a essa proposta … queremos que a idade de maioridade penal seja mantida em 18 anos” (O Estado de S. Paulo, 21/9/15).
Gorjão –– que ouviu toda essa explicação lívido e imóvel, quase se diria nocauteado –– acordou por fim de seu letargo, e numa tentativa canhestra de defender a ONU, exclamou:
— Certamente não é intervenção, deve ter havido uma combinação prévia com o governo brasileiro… A ONU não faria isso sozinha…
— Eu não tinha pensado nisso, Gorjão, mas se sua hipótese for verdadeira, o fato é espantoso! Como é que o governo brasileiro, querendo a todo custo defender os que cometem crimes, sendo menores, vai pactuar com a ONU para ela pressionar os deputados brasileiros?
Aí é que Gorjão ficou mesmo atordoado!
— Não, não… eu não quis dizer isso… eu me exprimi mal… desculpe… mudemos de assunto…
Eu não tinha nenhuma intenção de atazanar o pobre Gorjão. De modo que aceitei logo a sugestão dele e mudei de assunto. Falamos um tanto de chuva e bom tempo, e nos despedimos pouco depois com urbanidade.
Porém, a hipótese dele ficou girando na minha cabeça ainda por algum tempo. Mas não, não pode ser… É espantoso demais que o governo brasileiro vá pedir à ONU que intervenha no País para pressionar os congressistas a não penalizarem adequadamente quem comete crimes, sendo menor. Ou será que a hipótese de Gorjão é verdadeira!?
No Brasil a bancada do crime que legisla e governa para os bandidos por 25 anos, o povo está timidamente começando reagir.
BRAVO ! Magnifiquement écrit ! Une petite histoire et tout est dit.
Je suis très touché, non seulement par la générosité du commentaire, comme par l’excellence de la personne qui commente, Mme Goyard, connue et respectée
Antes que eu me esqueça aqui vai o site do senado, onde o programa foi exibido: http://www.senado.gov.br/noticias/TV/Video.asp?v=423446 e caso aja alguma reação mostre este vídeo a ele: https://www.youtube.com/watch?v=Bz6e1KRKgk8
Sabe Gregório sobre a HIPÓTESE GORJÃO eu não só acho ela totalmente crível e digna de fé, porque eu também com espanto assistindo ao canal do senado, na TV a cabo, assisti sem querer a uma entrevista concedida pelo representante do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) no Brasil, Jaime Nadal, onde sem nenhum constrangimento, com todo o seu sotaque portunhol, ele expõe o ponto de vista da ONU, sobre o conceito de família e diz que o projeto de lei que está tramitando no congresso nacional sobre os direitos da família, ferem os direitos humanos dos homossexuais. Agora eu pergunto ao GORJÃO: a ONU tem o direito de interferir na nossa SOBERANIA NACIONAL ? E continuo: por que a ONU não vai defender os direitos humanos dos homossexuais que são assassinados nos países mulçumanos ? Será que o problema é a HIPÓTESE GORJÃO ????????
Gorjão existe de montão. Só que nunca vão deixar suas incoerências enquanto forem socialistas.
O socialismo é uma contradição.