A mídia vem revelando escândalos gravíssimos do mundo eclesiástico, contribuindo assim para agravar ainda mais a crise e alimentá-la. A consequência inevitável é a perda de prestígio e influência da Igreja, numa decadência contínua que se acelerou após o Concílio Vaticano II, recebendo de Paulo VI o rótulo de “processo de autodemolição”.
Entretanto, apesar de tal crise, devemos conservar a certeza na indefectibilidade da Santa Igreja, edificada por Nosso Senhor Jesus Cristo sobre a rocha indestrutível de Pedro. Sobre a origem dessa crise, transcrevemos comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, extraídos de seu artigo publicado na “Folha de S. Paulo”, em 20 de março de 1978.
* * *
A imensa influência da Igreja sobre o povo sofreu acentuada diminuição no Brasil — como, aliás, no mundo inteiro — em consequência da crise progressista, que começou a minar os meios católicos desde os últimos anos do pontificado de Pio XII. Como poderia essa influência não diminuir, se os fiéis encontram na Igreja a nauseabunda “fumaça de Satanás”, a que se referiu pública e oficialmente Paulo VI?
Para compreender essa afirmação do Pontífice, imagine o leitor um lindo palácio construído num ponto elevado de uma cidade. Todos o veem. Todos o admiram. Dele se ufana a população inteira. Se os donos do palácio se entregam subitamente à demolição deste, e a esplêndida fachada vai tomando ares de ruína, como evitar que o prestígio do edifício decaia? Ora, o próprio Paulo VI aludiu, pública e oficialmente, ao misterioso “processo de autodemolição” pelo qual vai passando a Igreja. A fonte do prestígio da Igreja é ela mesma. Mas se ela se autodemole, como imaginar que não destrua ao mesmo tempo seu próprio prestígio?