Hoje, 24 de maio, compareceu o perseguido Cardeal Zen e alguns outros líderes perante o Tribunal de Magistrados de West Kowloon, onde cada um negou as acusações, alegando inocência.
O Cardeal Zen e os cinco acusados serão julgados em tribunal no dia 19 de setembro, que decorrerá ao longo de cinco dias.
A prisão de um Cardeal da Santa Igreja, em pleno século XXI, quando está em vigor o Acordo Provisório Vaticano-China, levanta questões do mais alto interesse para a formação de nós, católicos.
Os Direitos da Santa Igreja
“Com efeito, é essencial que não percamos de vista (porque somos católicos) nossos mais graves interesses. Estes consistem, para a Igreja, antes de tudo e de mais nada, no direito de viver livremente a sua vida, sem as peias de qualquer restrição. Não há honrarias, vantagens, munificências que possam compensar qualquer prejuízo da liberdade da Igreja.”
Em outras palavras não há Poder sobre a Terra que esteja acima da liberdade de pregar o Evangelho pela Santa Igreja. Vamos corrigir os erros liberais, que infelizmente tantos dos nossos Bispos aceitaram de bom grado, fechando as igrejas durante a Pandemia do coronavírus.
A liberdade de Igreja não é concessão do Estado.
A liberdade da Igreja não pode acarretar a liberdade de Barrabás!
Por isso, acrescenta o Prof. Plinio: “Não se pense que advogando a liberdade da Igreja estamos tomando a defesa do liberalismo. Não somos dos que entendem que, quando a Igreja exerce todo o direito que possui de pregar livremente a verdade e o bem, se deve dar à califa dos comunistas, socialistas etc., idêntica liberdade. Não sabemos por que a liberdade de Nosso Senhor há de gerar necessariamente a de Barrabás. Tranque-se nas masmorras o criminoso, deixando-se livre o Justo. A liberdade não é uma abominável licença para que todos, bons e maus, façam o que entenderem.”
Vamos retificar, na mente dos católicos, a influência dos falsos princípios liberais: igual liberdade para o bem e para o mal.
“O Estado liberal comete um crime quando, sob pretexto de liberdade das almas, deixa que se preguem os princípios os mais subversivos impunemente. Sua conduta é tão ilógica quanto se, sob pretexto de não coarctar a liberdade que tem os vendedores de gêneros alimentícios sadios de fornecer livremente sua mercadoria, ele se declarasse incompetente para impedir que os vendedores de gêneros deteriorados também vendessem sua mercadoria.“
Franco também queria o direito de escolher os bispos espanhois
A subida de Franco ao Poder, na Espanha, nos fornece um eloquente exemplo histórico sobre as relações Igreja-Estado, ainda que seja num País não comunista. Lembramos, a Espanha havia saido do regime comunista, libertada pela grande e nobre reação do povo no Alzamiento.
“… desde sua ascensão ao poder, procurou o Gal. Franco entrar em entendimentos com a Santa Sé a respeito das relações entre a Igreja e o Estado.
“Ofereceu-se o “caudillo” a restaurar todos os privilégios, honras, prerrogativas e vantagens de que gozava na Espanha monárquica o catolicismo. No mundo moderno, não sei de país em que a Igreja fosse cercada de regalias maiores.
“Entretanto, o “caudillo” pediu em compensação uma só coisa: que a Igreja renunciasse ao direito de escolher livremente os Bispos, aceitando a colaboração do Estado neste assunto. Até agora, a Concordata, por este motivo, não foi assinada. É tão alto o preço da liberdade para a Santa Igreja!”
Exatamente, é tão alto o preço da liberdade para a Santa Igreja! Nosso Senhor deu a Pedro o Poder da Chaves: a chave dourada e a chava de prata, símbolos do poder espiritual e temporal.
* * *
A Liberdade da Igreja no pós (2a.) guerra
Analisando a situação da Santa Igreja, nos fins da Segunda Grande Guerra, comentava o Prof. Plinio:
“No Extremo-Oriente, infiltra-se um pensamento cada vez mais radicalmente nacionalista, que já acarretou uma expulsão em massa de missionários católicos do Japão e ameaça seriamente as missões da China.
“Tudo isto são problemas, terríveis problemas, gravíssimos problemas. E não só isto: para nós, católicos, são problemas supremos, pois que tudo quanto diz respeito à Santa Igreja de Deus em qualquer parte do globo é para nós de suprema importância. Onde os parlamentares, os jornalistas, os escritores, os homens de Estado que se preocupam com isto?“
Vejamos o acerto dessa advertência: as Potências Ocidentais (no caso, os Aliados) deveriam ter projetado como ficaria a liberdade da Santa Igreja, por exemplo, nas Nações dominadas pela URSS. O que se passou? Cruel perseguição de Stalin, erigido a um dos vencedores da Guerra e algoz das Nações Cativas.
Conclui o Prof. Plinio: “Não desperdicemos nem nossa solicitude, nem nosso prestígio, nem nossas forças, pensando em assuntos certamente interessantes e até nobres como o das minorias étnicas (era um dos pontos candentes na época), sem antes ter feito tudo quanto está em nosso alcance pelo maior de todos os assuntos: a liberdade e grandeza da Santa Madre Igreja no mundo de amanhã.“
***
Essa liberdade da Santa Igreja foi abolida, exatamente pela URSS, na Polônia, na Hungria, em todas as nações católicas brutalmente ocupadas pelas tropas comunistas de Stalin. Na Checoslováquia, Tito encarcerou o Cardeal Stepinac; O Cardeal Myndszenty, foi preso na Hungria e a liberdade da Santa Igreja foi abolida, graças à cumplicidade dos Aliados, eles sim, os verdadeiros vencedores da guerra contra o nazifascismo.
***
Franco, como vimos, queria a prerrogativa de nomear bispos. O PCCh, no Acordo com o Vaticano, renovado em 2020, escolhe os bispos … que serão depois Ministros do Senhor, Deus Vivo e Verdadeiro! Ironia? Concessão?
Como vão longe os dias de São Gregório VII que obrigou o maior monarca da Terra, o imperador Henrique IV, a se curvar perante o Poder das Chaves: Dar-te-ei as chaves de meu Reino, o que ligares na Terra será ligado no Céu; e o que desligares na Terra será deligado no Céu. Esse é o fabuloso, eficaz e tremendo poder da Cátedra de Pedro.
Ao tempo de São Gregório VII – a questão da Investiduras –, ao tempo de Pio XI, Franco que quer reservar a si a escolha dos bispos espanhois, ao tempo do Papa Francisco, o Acordo com Pequim, que dá ao PCCh o direito de escolher bispos …
***
A Liberdade da Igreja no Estado Comunista é tema importatíssimo. O estudo do Prof. Plinio foi amplamente distribuído aos Padres Conciliares e provava que é impossível ao estado comunista conceder a total liberdade de culto e pregação à Santa Igreja: ele estaria assim cavando a própria sepultura, seria o suicidio do regime comunista.
Nossa Senhora, São Pedro e São Gregório VII protejam a liberdade da Santa Igreja nos países ditos liberais e nos regimes comunistas de nossos dias.
Baixe o PDF gratuitamente: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/ALIEC_1974_bucko.htm
Fonte: https://www.pliniocorreadeoliveira.info/LEG_430214_ALIBERDADEDAIGREJA.htm#.YozOYajMKMo