A responsabilidade da CNBB

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    Hélio Dias Viana

    Não há o que a influência sobrenatural da Santa Igreja Católica não possa fazer para o bem, não só espiritual, como ainda intelectual e moral dos povos que para ela se abram.

    No Capítulo II de seu importante livro Projeto de Constituição angustia o País (“Catolicismo”, Edição Extra, outubro de 1987 – 210 páginas), o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira trata dos “Requisitos para a representatividade de uma eleição: democracia-com-idéias e democracia-sem-idéias”.

    Por oportunos, transcrevo abaixo os tópicos 4 e 5 do referido capítulo.

    4. Formação das correntes de opinião na fase pré-eleitoral

    A fase pré-eleitoral – na qual a opinião pública de países insuficientemente politizados começa a despertar um pouco de seu pesado letargo político – é entre nós a mais adequada para ela tomar conhecimento dos problemas coletivos. Nessa etapa, ela vota uma atenção algum tanto maior a esses problemas, os discute, e se divide em correntes ou tendências de opinião opostas, ou pelo menos diversas.

    Em conseqüência do que, nas épocas em que há eleições à vista, as circunstâncias se tornam mais favoráveis a que tais correntes ou tendências façam a propaganda de seus programas, e de seus candidatos, para efeito de obter o voto dos eleitores.

    Mas – perguntará alguém – como alcançar que os problemas reais do Brasil venham à tona no debate pré-eleitoral, e que por eles se interesse a opinião pública, se bem que sejam freqüentemente complexos, profundos, e portanto áridos para o eleitor comum?

    Já se aludiu anteriormente (cfr. Tópico 2 deste capítulo), à missão das grandes instituições sociais, em tal matéria. Convém tratar mais especialmente de duas delas.

    5. Mais do que ninguém, a CNBB poderia contribuir para despertar o gosto dos temas sérios e profundos

    Em primeiro lugar, cumpre ressaltar o papel de uma instituição de importância ímpar, ainda mesmo nos dias que correm, isto é, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

    Este organismo episcopal se vem utilizando do enorme prestígio – do qual gozou antes de eclodir a atual crise na Santa Igreja, e que, em certa medida, ainda conserva – para modelar a seu gosto a opinião pública, no tocante a determinados problemas sócio-econômicos de relevo. Entretanto, com isto tem ele relegado para segundo plano uma série de temas de primordial importância religiosa e moral no que diz respeito, não só ao bem comum espiritual, como ao bem comum temporal.

    Essa inversão de valores é gravemente responsável pelo minguamento progressivo do prestígio da CNBB. Fizesse ela cessar essa inversão, e reprimisse eficazmente tantas extravagâncias e abusos que, sob a ação da crise na Igreja, se tem alastrado no Brasil como alhures, e esse prestígio poderia voltar ao seu primeiro esplendor.

    Esta terra “em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo”, escreveu Pero Vaz de Caminha a D. Manuel I, Rei de Portugal. Esta frase tão saborosa, alusiva ao solo brasileiro, poder-se-ia aplicar com mais veracidade ainda ao espírito nacional: “querendo-o aproveitar, dar-se-á nele tudo”, desde que nele se plante a semente inapreciável da verdadeira pregação evangélica, sem eiva de outras sementes incompatíveis com essa.

    Não há o que a influência sobrenatural da Santa Igreja Católica não possa fazer para o bem, não só espiritual, como ainda intelectual e moral dos povos que para ela se abram.

    Mais do que ninguém pode a Santa Igreja criar por esta via, no Brasil, as condições ambientais e psicológicas que dêem àqueles dos brasileiros que disto careçam, o gosto da observação, da análise e do debate de temas sérios e profundos, sobre os quais devem pronunciar-se no regime da democracia representativa.

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