2016 poderá ser o último ano de bonança da combalida economia russa. O ministro russo das Finanças, Anton Siluanov, declarou durante uma audiência parlamentar que em 2017 a Rússia não conseguirá mais fechar seus déficits com os recursos do Fundo de Reserva.
“2016 será o último ano em que conseguiremos gastar nossas reservas do modo como estamos fazendo”, disse. “Então essas reservas terão acabado”, escreveu o jornalista Vitaliy Portnikov, analista da “Nezavisimaya Gazeta”, especializada nos países pós-soviéticos.
Segundo Portnikov, em termos mais simples, 2016 será o último ano da Rússia atual em que Putin ainda poderá pagar dívidas e ordenados com dinheiro.
A despeito de todos os cortes havidos, o atual orçamento russo ainda contempla substanciais gastos sociais, empregos públicos e grandes despesas com o exército e as forças de segurança. Em suma, um aparato assustador de um regime que explora a demagogia e a histeria nacionalista.
O que será das aventuras bélicas de Putin na Ucrânia ou na Síria?
Hoje não acontece nada de especial porque a despesa é paga com as reservas. Mas em 2017, ou talvez antes, não será mais assim.
Devido ao método de governo instalado em Moscou, as palavras de Siluanov soam como uma ameaça aos bens dos oligarcas dependentes do sistema. A “Nova Rússia” precisará dar um golpe nesses ricaços antes de morrer asfixiada.
Pelo fim de 2016 começará a haver atraso no pagamento de ordenados e pensões. Os primeiros a sofrer serão os setores da medicina e do ensino.
Os “programas sociais” virão depois. Muitas empresas fecharam e os trabalhadores ficaram na rua. O setor dos serviços entrará em colapso.
Putin aproveitará a crise para cravar os últimos pregos no caixão das pequenas e médias empresas, pondo na rua milhões de empregados, prevê Portnikov.
Pelo fim de 2017 em tese não haverá mais caviar para a nomenklatura de Moscou, enquanto a população deverá pensar em se alimentar com o último comestível.
O único setor que será poupado será o militar. Mas, em termos, pois poderemos ver soldados pedindo esmola nas ruas e policiais cobrando gorjetas ou colaborando com o crime organizado, escreve Portnikov.
Permanecerão os serviços de repressão, que servem diligentemente o grupo seleto que governa a partir de Moscou e que serão mais necessários do que nunca.
Nessa encruzilhada, o povo começará a desinteressar-se das proezas político-militares de Putin. Este por sua vez, talvez tenha que esquecer a aventura ucraniana e resignar-se a que o país vizinho recupere a sua integridade territorial.
As desordens sociais se multiplicarão e o crime atingirá níveis ainda não superados.
A aproximação de uma crise que porá Putin contra as cordas foi confirmada por um comunicado do Banco Central russo fechando quatro bancos médios e pequenos: o Benifits-Bank (224º do país), o BMB (474º), o Just-Bank (483º) e o Agroïnkombank (581º).
O Banco Central alegou situações financeiras demasiadamente frágeis, e transações suspeitas no caso do BMB e do Agroïnkombank.
A gravidade do caso se mede pelo número total de bancos já fechados – mais de sessenta desde o início de 2015 – e a aceleração dos fechamentos nos últimos meses, segundo o jornal “Le Monde”.
A profunda recessão – provocada pela queda da cotação do petróleo, pelas sanções ocidentais após a invasão russa da Ucrânia e pelo desabamento do rublo – debilitou o sistema financeiro. Esse já estava fortemente endividado em divisas estrangeiras, e agora multiplicou a inadimplência e aumentou o número de empresas que beiram a falência.
Contudo, uma marcha ré política e econômica sensata, embora forçada pelas circunstâncias, poderá significar o início do fim do regime putinista.
E Putin não está disposto a isso. Iniciativas ainda mais malucas das que já assistimos poderão então emanar do Kremlin. E o mundo não conhecerá mais paz.
Se realmente ocorrer um colapso econômico da Rússia, isso poderá ser a faisca para o inicio da terceira guerra mundial. Terá como consequências bilhões de mortos e a correção dos rumos da humanidade. Todas as besteiras e estupidez dos últimos 70 anos serão corrigidas inclusive as politicamente corretas germinadas na escola de Frankfurt.
Infelizmente é verdade. Em períodos de bonança as pessoas se entregam a todo tipo de facilidades e prazeres supérfluos, na busca de uma espécie de “paraíso terreno”, um “mundo perfeito”, que obviamente não existe. E é esse anseio que o politicamente correto, cria do gramcismo, explora muito bem. Quando a “casa cai”, os valores outrora perdidos precisam retornar, pois o chororô, a gritaria por “direitos”, os rótulos fabricados, nada disso funciona mais.