Argentina: alerta contra urna eletrônica

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Órgão científico argentino desabona voto electrônico

Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), órgão científico do governo argentino recomendou ao Ministério do Interior em documento oficial “não implementar” o voto eletrônico no país, nem “no curto e nem no mediano prazo”.

A instituição científica argentina contradisse a reforma eleitoral desejada pelo governo federal. Após grande vitória nas últimas eleições legislativas, o chefe de gabinete, Marcos Peña, exultou: “desejamos que esta seja a última eleição com boletim de papel”.

Por certo, historicamente, a votação com boletim de voto foi objeto de abusos. A presidente “bolivariana” Cristina Kirchner foi a mais recente e a mais destacada e ativa figura política nessas manipulações imorais.

Mas para os técnicos e cientistas argentinos a urna eletrônica é um instrumento ainda pior do ponto de vista da manipulação e seus resultados são ainda mais facilmente falsificáveis.

O relatório elaborado pelo CONICET recomendou mais sensatamente fomentar a educação moral e técnica dos responsáveis das mesas de voto.

Sem melhorar os “níveis de maturidade” moral não se pode pensar em “sistemas com a necessária qualidade particularmente nos quesitos de segurança e integridade”, observou.

A respeito das urnas eletrônicas, o relatório aponta que “existem resultados teóricos onde se demonstra a impossibilidade de satisfazer simultaneamente três atributos requeridos para o sistema, notadamente o secreto, a auditoria e a integridade”.

Estes itens estão ameaçados quando um computador assume o controle dos votos, diz o sisudo relatório.

Boletim de voto eletrônico foi desqualificado na Argentina

Por sua parte, politólogos e especialistas em segurança informática questionaram severamente os sistemas de voto eletrônico arguindo que o segredo pode potencialmente ser violado, e que o cômputo fica nas mãos de poucos e ignotos técnicos.

No caso dos boletins de voto em papel há um vasto leque de assistentes de mesa que são em sua imensa maioria simples cidadãos diante dos quais a fraude é mais difícil.

Mais ainda que o temor de hackers e de técnicos sem rosto, paira o espectro de um governo ou de uma facção partidária inescrupulosa ou ideologicamente enviesada que fabrica resultados no incógnito.

O texto completo do relatório do CONICET pode ser baixado aqui em PDF.

O relatório gerou forte polémica nas redes sociais, pois se soube que o parecer contrariava a expectativa do establishment político, o qual teria retido a publicação, até que essa ficou imperiosa, noticiou “Infobae”.

O Ministério do Interior tentou diminuir o impacto alegando “não haver convênio algum assinado entre o Ministério e o CONICET para fazer esse relatório”.

O mundo político um pouco por toda parte dá a impressão que trabalha para enterrar as últimas liberdades que vão ficando. A urna eletrônica é um dos instrumentos que esse mundo amoral mais quer implantar.

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