Uma antena gigantesca de metal resplandecente surge isolada e misteriosa numa área desértica da Patagônia. Ela tem uma altura equivalente a um prédio de dezesseis andares.
O dispositivo central pesa 450 toneladas e se diz servir para controle e satélites e missões espaciais chinesas. Por isso mesmo o comando está nas mãos do Exército vermelho.
A enigmática base solitária é um dos símbolos mais impactantes da estratégia de Pequim na América Latina, desafiando os EUA, escreveu o jornal “The New York Times”.
A estação é plenamente operacional desde março e a China alega estudar a Lua. As condições em que foi iniciada foram estritamente ilegais até o governo Kirchner arrancar uma aprovação do Congresso.
O segredo da negociação suscitou debate na Argentina sobre os riscos do país ser arrastado à órbita de influencia do comunismo chinês.
A Argentina ficou de fora dos mercados de crédito internacional e o casal Kirchner aproveitou para empurrar o país para os braços da China. Entre as “salgadinhos” dos acordos, Cristina Fernández de Kirchner negociou secretamente a estação satelital da Patagônia.
Essa têm muitos usos estratégicos.
Frank A. Rose, ex subsecretario de Estado para controle de armas no governo Obama, apontou as sofisticas tecnologias para interferir, alterar e destruir satélites.
“Uma antena gigante é como um enorme aspirador” comentou Dean Cheng, que estuda a política de segurança nacional da China. “Suga sinais, informação, toda espécie de coisas”, completou.
Segundo o tenente coronel Christopher Logan, porta-voz do Pentágono, oficiais americanos ainda estão estudando essa estação de monitoramento.
Por sua parte, os funcionários chineses recusam qualquer entrevista sobre a base e seus intrigantes programas.
Líderes latino-americanos lamentam ver seus países acabrunhados de dívidas e seu futuro hipotecado pelo lulopetismo e afins.
Guelar argumenta que Washington “abdicou” de sua liderança “porque não quer assumi-la”.
A Agência Nacional China de Lançamento, Acompanhamento e Controle Geral de Satélites, divisão das forças armadas chinesas ganhou 200 hectares sem aluguel durante 50 anos em Neuquén, não longe da fronteira chilena e da megajazida argentina de gás e petróleo de Vaca Muerta.
Após exercícios conjuntos no mar brasileiro em 2013 e no chileno em 2014, Pequim vem convidando oficiais latino-americanos a aperfeiçoar sua formação militar na China.
Venezuela gastou centenas de milhões de dólares em armas da China. Bolívia comprou aeronaves chinesas por dezenas de milhões de dólares. Argentina e Peru assinaram acordos mais discretos.
A China também quer discrição para evitar atritos com os EUA.
De fato, poucas semanas depois do início das atividades da antena chinesa na Patagônia, o Pentágono anunciou financiar um centro de resposta de emergências em Neuquén, a província onde está a base chinesa e o principal das indústrias nucleares e satelitais da Argentina.
Obama foi bajulado pelas diplomacias bolivarianas e vaticana quando restaurou as relações com Cuba em 2014. A China explorou essa distração, quiçá cúmplice.
Em Bajada del Agrio (2.000 habitantes) os habitantes falam da presença chineses com desconcerto e temor.
“O pessoal acha que é uma base militar”, disse Maria Albertina Jara, diretora da rádio local. “O pessoal tem medo”.
O prefeito, Ricardo Fabián Esparza, conta que os chineses querem se amigáveis mas ele se sente mais inquieto que otimista. A base é um “olho apontado contra os EUA”, completou.
Os chineses fazem festa para a população local, escreveu “La Nación” de Buenos Aires. Presentes, comemorações conjuntas do Ano Novo Chinês para tentar abafar as suspeitas e espalhar um clima de convivência.
A administração Macri acrescentou ao tratado um adendo sublinhando que a base só poderá ter finalidades científicas e pacíficos, excluindo qualquer uso militar, acrescentou “La Nación”.
Mas o enigmático proceder chinês não inspira confiança alguma de que o tratado será cumprido.